Eu me lembro,
olhos pequenos e chorosos de Cath me encarando, suas pequenas mãos segurando
meu rosto dos dois lado. Ela depositou um beijo delicado e doce na minha testa.
Ela travou seus lábios depois do carinho. Eu sabia que ela queria dizer alguma
coisa.
- Diga Cath.
– Tirei uma mecha de seu cabelo dos seus olhos e a coloquei atrás da sua
orelha.
Ele suspirou
e ponderou se devia mesmo falar alguma coisa.
- Tio Liam – Um biquinho pequeno se formou
nos seus lábios delicados e ela mordeu o inferior. Senti sua mão tremer no meu
rosto. E eu assenti tentando passar a ela algum conforto pra que ela me
dissesse o que atormentava seu pequeno coração. – Eu ouvi minha mãe conversado
com minha vovó. – Eu segurei suas mãos entre as minhas. – Eu não estava
espiando, eu juro! – afirmou apressada e eu tive vontade de sorrir apesar da
seriedade da situação. – Ela estava chorando e eu me preocupei, por isso
ouvi... Ela estava falando sobre o meu pai. – ela mordeu o lábio que estava
tremendo e meu coração batia tão forte que eu temia que ela ouvisse. – Ela
disse para a vovó que conversou com o meu pai.
Ela começou
a chorar e eu me desesperei, beijei suas mãos e tentei aquece-las entre as
minhas.
- Estou aqui
Cath. –Disse só para fazer ela se lembrar de que não estava sozinha.
- Ela disse
que o meu pai estava muito bravo. – ela soluça. – Ele acha que eu não devia ter
nascido.
Tudo ao meu
redor desmoronou quando vi as lagrimas gordas caírem por todo seu rosto. Eu
queria chorar com ela ou abraçar ela e dizer toda a verdade. Dizer pra ela que
tudo o que ela ouviu era verdade. Eu fui esse monstro, mas que tudo isso foi
antes de conhecer ela. Foi antes de eu ver seu sorriso lindo, seus olhos
brilhando quando conseguiu fazer os exercícios de matemática. Foi antes de me
lembrar do meu coração apertado quando ela ficou doente. Foi antes de sentir
vontade de abraçar ela o tempo todo, beijar seus cabelos e dizer que ela me
deixava muito orgulhoso. E eu percebi que o que mais me orgulhava era o fato de
que ela não era igual a mim.
- Cath. –
Sussurrei sem saber o que fazer e ela abraçou com força meu pescoço.
- Você
também acha isso, tio? Você acha que eu não deveria ter nascido?
- Não! –
Falei um pouco alto e desesperado demais. – Cath você é a criaturinha mais incrível
que eu já conheci nesse mundo. – Acariciei sua costa como se ela fosse capaz de
me perdoar só por causa daquele carinho.
Estávamos
parados no corredor do prédio da mãe dela. (S-N) já estava louca atrás de Cath
e não parava de me ligar.
- Promete
uma coisa pro tio? – Eu sussurrei e ela assentiu.
- Nunca,
nunca mesmo acredite em alguém que fale assim de você ok? Cath você é linda,
bondosa, inteligente e é muito amada, ok? Muito amada! - Ela assentiu limpando
as lágrimas e me abraçou mais uma vez. – Vamos antes que a sua mãe me mate. –
Eu sorri mas não fui retribuído.
Andei até o
apartamento de Cath de mãos dadas com ela. Eu estava engolindo em seco e
sentindo nojo de mim mesmo. Quando foi que eu me tornei o que eu mais repudiava?
Toquei a
campainha e (S-N) se apressou em atender, me fuzilou com o olhar antes de
abaixar e abraçar Cath. Mas seu abraço não foi correspondido pela pequena, e eu
vi a dor passar nos olhos de (S-N). Cath entrou no apartamento indo direto pro
banheiro.
- Podemos
conversar? – Pedi. Ela assentiu fechando a porta atrás dela. Ela não me olhava
nos olhos, sabia que ela estava muito machucada para fazê-lo. – Eu sinto muito
de verdade.
- Você já
disse isso Liam. – Me interrompeu irritada.
- Eu quero
consertar tudo (S-N), eu quero mesmo. – Implorei.
- E como
acha que vai fazer isso? – Esbravejou me olhando pela primeira vez desde que
começamos a conversa. – Tirando ela de mim e confundindo ela? Se aproximando e
depois se afastando o tempo todo? Me dizendo que sente muito?
Eu suspirei,
eu sabia que ela tinha razão mas eu simplesmente não sabia como agir.
- Eu nunca
fui pai (S-N)... – Confessei.
- Eu também
nunca tinha sido mãe Liam. Mas aconteceu e eu não fugi, eu trabalhei, adiei
minha faculdade, morei de favor em um quarto quando a Cath era só um bebê que
mal sabia andar porque eu precisava estudar. Eu vi meu corpo mudar e amamentei.
Ouvi pessoas me julgando por ser mãe solteira. Acordei em noites de madrugada
com ela chorando. Corri com ela pro hospital sempre que ela precisou. Eu li pra
ela e conversei com ela todas as noites durante os nove meses. E eu não me
arrependo de nada. Liam você nunca vai saber o que é isso, você não pode chegar
até aqui com os seus sentimentos confusos pra confundir minha Cath. Ela é muito
inteligente, mas ainda é só uma criança. Por favor lide com os seus próprios
sentimentos antes de se aproximar dela de novo.
Ele
finalizou e por mais que doesse eu sabia que ela estava certa. Eu apenas
assenti e retirei um papel do meu bolso e anotei meu número do telefone.
- Qualquer
coisa que vocês precisarem, me liga? – Ela pegou o papel e assentiu mas eu
duvidava que ela ligaria.
Eu queria
beijar sua testa e lhe desejar uma boa noite, talvez ela me convidasse pra
ficar e poderíamos fingir que não havia nada acontecendo, mas eu sabia que ela
não o faria. Por isso só cumprimentei-a com um aceno e andei até o elevador.
(S-N)
Talvez tenha
sido a pior dor de todos os tempos quando Cath não me abraçou de volta. Pela
primeira vez eu não sabia como lidar com a minha pequena. Fechei a porta assim
que Liam me deu as costas e eu senti uma vontade imensa de chorar.
Peguei um
pouco de água e ouvi um barulho estranho vindo do quarto Cath, ela estava
chorando, eu sabia.
Preparei um
leite quente pra ela e bati na porta do seu quarto. Ela não respondeu então eu
tomei liberdade de entrar. Ela estava deitada de costa para mim, o ombro tremia
de leve por mais que ela tentasse disfarçar.
- Cath. –
Sussurrei sentando ao seu lado na cama, ela ergueu seus olhos castanhos nos
meus e eu queria poder entender a força do sentimento que eu tinha toda vez que
ela me olhava. Céus eu a amava tanto. Eu vivia por ela e enfrentaria quem quer
que fosse para proteger minha pequena. – Nós precisamos conversar e esclarecer
algumas coisas. – Ela apenas assentiu, e eu liguei o abajur dando o copo de
leite pra ela. – A mamãe agiu muito errado com você hoje. Você tem o direito de
se perguntar e me perguntar sobre o seu pai, meu amor. – Peguei sua mão
delicada e acariciei com o polegar. – Eu acho que fiquei com ciúmes porque não
quero que você me troque por ele. – Fingi um biquinho e ela sorriu. – Você é
nova para entender tudo o que aconteceu comigo e com o seu pai, não fique se
martirizando por isso. Você me tem e eu nunca vou te abandonar.
- Eu sei
mamãe – ela me interrompeu. – Eu não quero mais saber dele! – decidiu.
- Posso
saber porque? – Ela deu de ombros.
- Porque eu
tenho você! – Ela abriu um sorriso tímido e eu tive vontade de morder sua
bochecha rosada. Ela realmente sabia como me ganhar. A beijei na testa.
- Quando
você estiver pronta eu prometo contar, tudo bem? – Ela assentiu e terminou de
tomar o leite.
- Mamãe? –
Chamou minha atenção quando eu me levantei para deixar seu quarto. Olhei para
meu pequeno embrulho na cama. – Pode dormir comigo hoje?
Sorri
animada e assenti, me deitando ao seu lado e me cobrindo.
- Eu te amo
minha Cath. - Sussurrei antes de apagar
o abajur e beijar-lhe mais uma vez a testa.
Quando amanheceu
ajudei Cath a se arrumar e a levei para a escola. Deixei-a na porta da sua sala
para a aula de História e segui até a diretoria. A secretaria me avisou que o
diretor iria me atender.
Entrei em
sua sala bagunçada e cheia de papéis e pastas. Um homem pequeno e novo estava
mexendo em uma das pastas.
-Sente-se
por favor. – Ele pediu sem me olhar e eu sentei na cadeira a sua frente. Em uma
plaquinha virada para mim vi “Sr. Scotters”. – Muito bem em que posso ajudar?
- Sou mãe da
Catherine do sétimo ano. – Ele abriu um sorriso.
- Cath, é
claro. É uma ótima aluna, não tem com o que se preocupar. Tem algumas
dificuldades aqui e ali mas é perfeitamente normal na idade dela.
- Eu sei que
Cath é exemplar. – Sorri tentando parecer amigável. – Na verdade vim saber o
porquê dela ter sido recusada no time de futebol feminino.
- Eu não
estava sabendo disso. – Ele disse ajeitando seus óculos.
- Bom ontem
ela chegou chorando no meu trabalho dizendo que não tinham deixado ela entrar
para o time porque ela é filha de uma mãe solteira. – Engoli minha raiva. –
Veja bem Sr. Scotters, Cath é só uma criança. E a vida pessoa da nossa família
não diz respeito a ninguém aqui. O fato de que o pai dela não é presente na
vida dela não a faz pior que ninguém, e eu acho que as crianças da sua escola
deveriam saber disso. E essas situações deveriam ser evitadas. Não pago esse
absurdo aqui para que a minha filha seja humilhada.
- De forma
alguma a senhora está errada. – Ele engoliu em seco. – Nós temos um dia em que
as crianças passam a tarde fazendo atividades como musicoterapia, aulas de
música, encontros com a nossa psicóloga e a Cath sempre elogia muito a senhora.
Ela é uma menina muito feliz e não temos dúvidas disso. Sinto muito que ela
tenha passado por isso, e eu prometo que vou coloca-la no time de futebol e
conversar com as crianças sobre a questão da família. – Ele disse anotando algo
em sua agenda.
- Ótimo, eu
agradeço muito. – Sorri, me levantando. – Tenha um bom dia.
-
Igualmente. – Me levou até a porta da sua sala.
Liam
Eu precisava
pensar. Precisava ir pra longe pra conseguir raciocinar. Pedi para Brad cobrir
meu turno no fim de semana e jurei que pagaria o favor. As palavras de (S-N)
ecoavam na minha mente. Encontrei ela no corredor, mas decidi não conversar com
ela. Não enquanto eu ainda estivesse confuso. No meu horário comprei uma
passagem de trem que me levaria até o vilarejo de Clovelly, onde meus pais mantinham um
pequena casa no campo.
Eu estava arrumando minhas malas quando
ouvi meu celular apitar. O peguei sem realmente prestar atenção ao número que
me enviou uma mensagem. Abri ela.
“Cath me disse que você soube sobre o
que ocorreu com as meninas no time de futebol. Eu fui até a escola e está tudo
resolvido. Ela está dentro.”
(S-N) havia me mandado uma mensagem e eu
não podia conter a surpresa – e felicidade -
por isso realmente ter acontecido.
“Não que você queira saber disso mas é
só pra você não ficar se remoendo.”
Enviou em seguida e eu percebi que ela
ainda estava insegura em compartilhar sobre a vida da Cath comigo.
“Eu fico muito feliz por isso! Se
acontecer de novo você me avise.” – Respondi.
“Aliás, amanhã estou indo viajar. Vou
ver os meus pais em Clovelly, se lembra de lá?”
A resposta
demorou, e eu cheguei a pensar que não viria.
“Me lembro
sim, eu adorava aquele lugar.”
Foi
inevitável não sorrir, eu queria responder que podia levar ela e Cath algum
dia, mas ela não iria gostar.
“Tenho que
ir, viajo amanhã cedo. Boa noite” – Não fui respondido.
Deitei-me já
de madrugada. Eu não sabia exatamente se aquela viagem me faria encontrar todas
as respostas que eu precisava. Mas eu ainda me lembrava de quando minha mãe me
dizia que não há problema em lhe pedir um pouco de colo, não importava a minha
idade, e era exatamente disso que eu precisava: um colo.
***********
A viagem era
cansativa como sempre fora: eu lia um livro, bebia alguma coisa, dormia um
pouco, tentava ouvir música mas nunca parecia o suficiente para o tempo passar.
Quando desci na pequena estação, peguei um taxi que me levou até a casa de
campo dos meus pais. Pela janela vi os primeiros cavalos aparecerem, eu os
adorava quando era mais novo, fazia questão de treinar e alimentar eles... Mas
há muito eu não fazia.
Depois
estavam as plantações de frutas e a horta. Minha mãe cuidava das suas plantas
como cuidava de mim, e vendo agora eu sentia muito orgulho dela. Não tinha uma
piscina, não precisávamos! Havia um lago de águas límpidas próximo a minha
antiga casa na árvore. A porta da frente estava aberta e ao entrar eu senti o
cheiro de bolo e chá que a minha mãe fazia. Sorri feliz, era bom estar em casa.
Andei até a cozinha para ver minha mãe encostada à pia regando as poucas flores
que enfeitavam a cozinha. Me encostei no batente da porta e a observei por um tempo.
Minha mãe sempre fora minha heroína, eu sempre corria para ela quando algo
estava fora de controle. Por um segundo me perguntei se Cath se sentia assim em
relação a (S-N)
- O cheiro
está ótimo. – Eu disse e sorri. Minha mãe se virou depressa com a mão em seu
peito, mas logo seu sorriso se abriu e ela me deu um abraço apertado.
- liam, meu
filho. – Bagunçou meus cabelos. – Você não avisou que viria. – Afirmou e se
virou para a porta que nos levava até o jardim. – Geoff venha ver quem está
aqui. – Ela gritou por meu pai que apareceu todo sujo.
-Filho. –
Ele me abraçou sem se importar com a sujeira. – Desculpe, eu estava dando banho
em um dos cavalos. Ele é novo, você precisa conhece-lo. – Eu assenti
sorridente.
Nós nos
sentamos na mesa e minha mãe nos serviu o café da tarde, eles estavam animados
com a minha chegada e faziam planos o tempo todo. Eu apenas assentia e
concordava feliz, as vezes respondia uma questão ou outra sobre o trabalho.
Após o café
eu subi até o meu quarto e deixei minha mala por lá. Ele estava intacto, a não
ser pela cama perfeitamente arrumada. Me deitei um pouco com meu celular em
mãos, eu queria tirar fotos e enviar para (S-N), mas sei que não faria o menor
sentido fazê-lo.
Acabei
dormindo com as minhas roupas pesadas e acordando quando meu celular apitou me
notificando de uma mensagem. Era (S-N)
‘Sexta que
vem será o aniversário de Cath... Ela quer muito que você esteja presente.
Vamos entender se você estiver ocupado.”
Eu sorri
ansioso para responder que eu estaria lá não importa o que houvesse, mas minha
mãe bateu na porta do meu quarto avisando-me que já se passavam das 16:00hrs.
De todos os
lugares daquela enorme casa, o preferido da minha mãe era a cozinha. Ela
adorava cozinhar e o fazia com muito amor. Talvez a cozinha perdesse somente
para a horta. Quando desci as escadas vi que ela estava fazendo algo na pia, e
me sentei na mesa para observa-la.
- Onde está
o meu pai? – Perguntei.
- Ele foi
para a cidade comprar algumas coisas. – Ela me olhou e sorriu e eu senti que
era a hora perfeita de dizer tudo o que eu estava sentindo.
-Mãe, eu vim
até aqui porque eu precisava muito de um conselho.
Ela sorriu
amorosa e beijou meus cabelos assim que se aproximou.
- É claro
que sim. – Respondeu.
- Você se
lembra da (S-N)? foi uma das minhas primeiras namoradas e a que mais durou. –
Eu ri baixo vendo ela assentir. – Se lembra de que quando eu entrei para a
faculdade ainda estávamos juntos? – Ela concordou novamente, virada de costa
para mim e eu agradeci mentalmente por não ter que olha-la nos olhos enquanto
falava. – Bem, eu não sei como te dizer isso... – Confessei ouvindo-a rir
baixinho.
- Meu amor
só há uma forma de contar as coisas: a
direta. – Eu concordei e limpei minha garganta.
- Quando eu
entrei para a faculdade ela estava grávida. – Minha mãe parou de cortar seu
legume e me olhou um pouco assustada. – Eu não sabia, eu juro. – Me apressei. –
Ela nunca me contou. – Suspirei. – Coincidentemente ela está trabalhando no
mesmo hospital que eu. Foi quando eu descobri tudo... Quando eu a reencontrei.
– mordi meu lábio. - Eu agi muito mal
com ela mãe. Eu esbravejei, gritei e fui violento. Eu estava fora de mim, eu
não acreditava que eu poderia ter uma filha. – Ela cruzou os braços e estava me
deixando nervoso. – Eu reneguei a menina. Disse que não queria contato
nenhum... Pior, eu disse que ela tinha sido um erro. - Abaixei meu olhar sentindo um gosto amargo na
boca. – Mas eu não pude evitar e acabei conhecendo a menina. Ela tem 13 anos e
é o serzinho mais lindo e incrível que eu já conheci. Ela é linda mãe, tem meus
olhos, tem a minha boca... Eu tenho certeza de que ela é mais parecida comigo,
mas ninguém admite isso. – Eu ri baixo. – Ela não sabe que eu sou o pai dela, e
por sinal ela guarda sentimentos muito ruins sobre o pai. Ela ouviu mãe
conversando com a avó no telefone... Ouviu que o pai dela disse que ela era um
erro. E advinha para quem ela correu?
Para mim! – ri amargurado. – Irônico não é? Ela é tão inocente, tão bondosa,
não merece o pai que tem. Ela me adora, eu a ajudei a estudar matemática e
cuidei dela quando ela estava doente. Ela sabe que namorei a mãe dela. Eu fui
até a casa de (S-N) outro dia e disse que queria consertar as coisas, mas não
sei como fazer.
Eu jamais
saberia explicar o que a expressão da minha mãe significava. Ela sentou ao meu
lado e segurou minhas mãos com um sorriso triste. Eu quis chorar, quis pedir
pra ela me dizer que tudo ficaria bem.
- O que você
sente por essa menininha, Liam? – Me perguntou com delicadeza, me fazendo
perceber que eu nunca havia parado pra pensar nisso.
- É confuso
mãe. No começo eu dizia para mim mesmo que não queria nenhum contato com aquela
criança, e mesmo assim eu a procurava em todos os lugares que eu ia. É como se
meu cérebro entrasse me pane toda vez que eu estou com ela. E tudo o que eu
vejo e sinto é ela. E por ela que eu faço tudo. Eu quero consertar mãe, eu juro
que eu me arrependo. Agora eu sei que eu me arrependo. Mas eu não sei como, eu
não sei se eu tenho direito a isso, não sei se eu devo e... Eu estou com medo.
– Confessei.
- É claro
que está! Ter um filho não é fácil, filho. – ele suspirou.
- Eu sei,
(S-N) me disse que passou por muitas dificuldades no começo.
- Ela era
uma menina adorável. – Assenti. – Liam todos nós cometemos erros durante a
vida. Alguns são grandes demais para voltarmos atrás. – Meu coração se apertou.
– A não ser que uma coisa seja maior que seu erro e te mova a mudar tudo. E a
única coisa capaz disso é amor. O amor faz coisas incríveis, meu anjo. Você ama
essa menina a partir do momento que soube que ela era sua, e não haverá mais
ninguém no mundo tão importante para quanto ela. Você estava confuso no começo,
eu acredito. Mas você não está mais, sua confusão agora é só uma desculpa que o
seu medo inventa pra não deixar o amor te mover. – Eu sorri, ela estava me
narrando uma guerra de sentimentos. – Filho, o que você fez foi horrível,
poderia ter acabado com elas, mas você quer voltar atrás e se você se arrepende
de verdade você tem tudo para consertar esse erro bem aqui. – Colocou a mão no peito.
– Ela é sua filha, não a deixe sozinha.
Eu assenti
sem saber exatamente o que dizer. Minha mãe era tudo o que eu precisava, eu
podia ver ela segurado Cath.
- Eu quero
muito que ela me ame. – Sussurrei como um segredo. E minha mãe riu sapeca.
- A (S-N) ou
sua filha? – Eu sorri.
-Bem lá no
fundo acho que as duas.
- Não
permaneça no erro Liam. Tome uma atitude. – Ela me abraçou apertado. – Seja o
homem que eu te criei para ser.
Eu assenti,
eu estava certo do que queria.
Eu estava
andando pelo grande jardim da casa de campo quando entrei de novo na minha casa
de árvores. Quando eu era pequeno ela era o clube dos meninos, todo verão nós
visitávamos Clovelly e eu fazia muitos amigos. Nós decorávamos a casa com
figuras de super heróis e brinquedos e meninas eram proibidas. Quando eu fiz 17
anos (S-N) estava comigo na cidade, a casinha ainda era o clube dos meninos,
mas eu tinha certeza que ninguém iria se importar se eu levasse a minha
namorada, a quem eu era completamente apaixonado, até lá. Nós transamos na
casinha e foi uma das coisas mais incríveis que eu tinha feito na minha vida.
Sentado no chão de madeira com um sorriso bobo no rosto, imaginei que Cath
poderia ter sido feita ali. Talvez eu pudesse decorar com coisas que ela gosta
para que ela tivesse seu próprio clube quando viesse aqui.
Se é que ela
viria.
Eu fazia
muitos planos e na maioria Cath me perdoava, mas a verdade é que eu não saberia
como ia fazer pra que ela entendesse que eu a amo. Mas eu estava certo: Cath iria
saber que eu sou o pai dela assim que eu voltasse de viagem.
No domingo
eu fui embora logo após o almoço. Minha mãe me abraçou forte e pediu que eu
fosse forte. Prometeu-me que iria esclarecer toda a história para o meu pai. A
viagem de trem pareceu ser mais rápida, apesar de saber que isso era só meu
instinto ansioso falando mais alto. Quando cheguei em casa respondi a mensagem
de (S-N).
“Eu estarei
lá, prometo.” – Ela logo respondeu.
“Que ótimo,
Cath não parava de me perguntar se você já tinha respondido.”
Meu sorriso
estava bem aberto, e eu tomei liberdade de ligar para (S-N).
- Oi. – Ela
atendeu meio tímida. – Como foi a viagem?
- Oi. Bom,
foi ótima... Eu esclareci muitas coisas, e minha mãe te mandou um grande beijo.
- Como ela
soube de mim?
- Eu contei,
é claro. – Sorri e quase pude tocar seu sorriso também. – Cath está aí?
- Não, essa
semana ela não teve aula e foi ficar com a minha mãe, ela foi para alguma
cidade turística e arrastou Cath com ela. E advinha? Catherine adorou! – ela
riu.
- Mas você
tem certeza de que é seguro deixar ela viajar sozinha? – Perguntei sem pensar,
e vi que ela demorou um pouco para responder.
- É a minha
mãe Liam, ela não está sozinha. – Riu baixo e eu concordei.
- Você está
livre agora? Já jantou?
- Ainda não,
estou vendo o que vou fazer para o jantar! Posso saber o motivo da pergunta?
- Posso
passar ai? – disparei. – Precisamos conversar e eu quero que Cath não esteja
por perto. – Ela fez uma pausa e eu sabia que ela estava mordendo o próprio
lábio.
- Tudo bem,
eu espero.
- Estou ai
em meia hora. – Desligamos e eu fui me arrumar o mais rápido que pude. Toquei
sua campainha assim que cheguei e ela me antedeu com um rostinho amassado. Eu
tinha certeza de que ela estava dormindo antes da ligação. Eu conhecia bem
aquele rosto, ela não tinha mudado muita coisa, apenas amadurecido. Me deu
passagem e eu entrei naquele lugar que ainda não era muito confortável para
mim.
Ela foi para
a bancada que dividia a sala e a cozinha e eu me sentei em um dos bancos na
bancada.
- Posso saber
sobre o que vamos conversar? – Perguntou retirando duas taças do armário.
- Sobre...
Tudo. – ela assentiu entendendo o que eu quis dizer e pegou uma garrafa de
vinho.
- Eu só tomo
em ocasiões especiais. – Ela disse sorrindo, e seu bom humor estava me assustando.
Me ofereci para abrir a garrafa para ela, que aceitou a ajuda de bom grado.
Serviu o vinho para nós e me olhou. – Podemos conversar depois do jantar? Não
quero me irritar e te expulsar da minha casa antes de comer. – Eu ri, mas eu
não sabia se era um riso bom ou um riso desesperado.
- Tudo bem.
Ela nos
serviu alguma massa que estava muito bem feita e gostosa, nós brindamos com o
vinho e tomamos ele. Durante o jantar conversamos sobre coisas bobas e leves.
Me peguei reparando nela várias vezes, ela estava de camisola, seu cabelo
estava em um coque cheio de fios soltos, seu rosto limpo e o sorriso estava
firme em seus lábios. Ela era tão linda. Céus como eu havia esquecido da beleza
dela?
Depois do
jantar e de algumas taças de vinho nós sentamos em sua varanda. Ela estava
agarrada em uma almofada como se tentasse se proteger. Eu não sabia como
começar, eu não havia planejado o que falar e muito menos como falar.
- Bom... –
Comecei limpando minha garganta e ela sorriu, eu esfreguei minhas mãos e ela percebeu
que eu estava nervoso. Seus olhos grandes e curiosos me desafiavam a continuar.
– Todo esse tempo, desde que nos reencontramos eu estive fazendo a coisa certa
do jeito errado. - Ela virou o rosto
confusa. – Eu me aproximei de Cath, mas eu não sabia exatamente o porquê. Você
estava totalmente certa em tudo o que me disse. Eu estava dizendo que sentia
muito sem saber pelo que eu sentia. Mas agora eu sei. – Engoli em seco, e
segurei uma das suas mãos entre as minhas. Suas belas mãos. Eu acariciei sua
palma com meu polegar. – Eu sinto muito por não ter te deixado falar quando eu
me despedi. Sinto muito por ter me afastado da forma que eu fiz quando entrei
na faculdade. Eu estava me sentindo maduro e pensei que seria um atraso
continuar com algo que me prendesse ao meu passado. – Ela mordia o lábio e eu
sabia que tudo aquilo estava doendo nela, mas era necessário que eu fosse
sincero. – Eu fui um idiota todo esse tempo e eu sinto muito por isso. Eu sinto
muito por não ter estado presente e acima de tudo por ter desperdiçado minha
chance de ser um bom pai quando eu a conheci. Eu me aproximei da forma errada,
eu te assustei, fiz Cath gostar de mim e em seguida me afastei. – Mordi meu
lábio. - Eu fiz tudo errado desde que
terminei com você.
Ela estava
pronta para falar mas eu a interrompi.
- Mas eu
tenho uma nova chance e eu vou fazer a coisa certa. Eu estava confuso, você tem
toda razão, eu renegava Cath e mesmo assim me aproximava. Mas eu não estou mais
agora, (S-N). Eu sei o que eu quero, e eu sei o que eu sinto. Eu amo a Cath, eu
a amo muito. E de forma alguma eu quero roubar a importância e todo o esforço
que você teve para criar essa menina. Isso nunca vai ser apagado, eu prometo.
Você foi uma mãe maravilhosa e a Cath é tão maravilhosa quanto você. Mas por
favor não me impeça de fazer a coisa certa. A gente não pode mudar o passado
mas eu sei que eu posso ser melhor no futuro, e no presente. – Engoli em seco,
respirei pesado e disse o que eu realmente queria lhe dizer: - Quero que Cath
saiba que eu sou o pai dela.
Sua mão
tremeu um pouco entre as minhas e eu, em um gesto sem pensar, a levei até os
meus lábios. Dei beijo delicado na sua palma macia. Quando meus olhos se
voltaram para os delas eles pareciam sorridentes.
- Liam eu
não vou impedir você de nada, certo? Eu concordo que essa atitude seja a certa
e se você quer que ela saiba, por mim tudo bem.
- Não é só
isso... Eu quero ser o pai dela. – voltei a acariciar sua mão. - Entende? Eu
quero estar com ela, me aproximar.
- Eu acho
que isso depende muito do que ela vai querer. Também não vou impedir você de se
aproximar, mas somente no tempo de Catherine, ok? Se ela não quiser nós vamos
respeitar o tempo dela. – Eu assenti sabendo que ela tinha total razão.
- Eu fui até
a casa na árvore em Closvelly. – Sussurrei com um sorriso esperto, e vi meu
sorriso se espelhar no dela. Eu sabia que nós tínhamos a mesma lembrança
daquele dia.
- Ela guarda
grandes segredos. – Ela exagerou e riu, mas eu assenti.
- Nós
bebemos todo o whisky do meu pai. – Eu ri. – E transamos umas duas vezes. – Ela
riu alto.
- Eu odiei
aquele Whisky!
- É bom
saber que desse dia você só odiou o Whisky.
Ela riu mais
alto ainda e eu me peguei admirando seu sorriso. Eu estava sorrindo só porque
eu podia ver o dela. Algo fez meu coração acelerar e ali naquele momento
simples eu soube que eu não queria somente Catherine na minha vida. Eu queria
(S-N) também. Ela estava me encarando também, e eu daria qualquer coisa pra
saber no que ela estava pensando.
- Eu quero
mais vinho! – Ela riu e entrou na cozinha pegando a garrafa e mais duas taças.
- Ei
mocinha, você não trabalha amanhã?
- Na verdade
não, na sexta fiquei até mais tarde em uma palestra com o Dr. Storm, então ele
me deu o dia de folga amanhã. - Eu assenti sorrindo.
- Bom, eu
tenho que trabalhar então não coloque muito pra mim. – Ela fez um biquinho.
Seus lábios estavam avermelhados por conta do vinho e eu queria muito beija-la.
Olhei por seus braços e eles estavam arrepiados. – Quer entrar? Aqui está
esfriando.
Ela
concordou e nós entramos nos sentando no sofá. Ficamos em um silêncio um pouco
desconfortável, suas mãos estavam perto das minhas e eu queria muito pegar
elas. (S-N) encarava um ponto fixo na parede a nossa frente.
- Cath vai
fazer 14 anos. – Sussurrei mais para mim. Ela assentiu sorrindo.
- Ela está
crescendo, não acredito que já se passou todo esse tempo. – Ela confessou.
- Eu não
acredito que perdi tudo isso.
- Chega
disso. – Ela segurou minha mão com força e se aproximou. – Vamos pensar no
presente e no futuro, ok?
- Ok! –
Prometi sorrindo. Com a pouca coragem que eu tinha, levei suas mãos aos meus
lábios. Ela sorriu e eu comecei a traçar um caminho de beijos delicados, da sua
palma até a ponta de seus dedos. (S-N) soltou uma gargalhada e eu ri também,
mesmo sem entender o motivo da graça ali.
- Gosto de
quando me beija assim. – Ela disse tão baixo que eu jurava que se não estivéssemos
tão próximos eu não teria escutado. Meu coração acelerou e eu a olhei nos
olhos.
- Você gosta?
– Ela assentiu deixando a taça de lado. Com seu indicador ela passou a mão em
seu pulso, eu entendi seu recado e depositei um beijinho ali. Seu dedo subiu
por todo o braço e eu segui seus comandos. Meu coração pareceu dar um solavanco
quando eu cheguei em seu ombro. Eu sentia o cheiro inebriante da pele dela. Ela
me apontou seu pescoço e eu o beijei com toda vontade e saudade que eu tinha
dentro de mim. Depois foi a vez do seu queixo, onde eu tomei a liberdade de dar
uma mordidinha que a fez rir. Estávamos inebriados pelo momento nostálgico.
(S-N) mantinha os olhos fechados e a expressão concentrada. Me indicou sua
bochecha, uma por vez. Depois sua testa, onde eu beijei com carinho. Seu dedo
escorregou pela ponta do seu nariz. Meu coração estava ansioso e eu temesse que
ela pudesse saber disso. Seu indicador finalmente chegou aos seus lábios, o
qual ela contornou delicadamente. Olhei-a seriamente me perguntando se ela
queria mesmo aquilo, ela não me olhou, somente assentiu. Eu tomei seus lábios
nos meus sentindo-os gelados e com gosto de vinho. Eu adorava aquela boca, como
eu adorava. Era isso o que tinha me faltado por todos esses anos. Era por isso
que apesar da minha vida – até agora – ter saído como eu planejava, eu nunca
estava feliz. Era porque faltava algo. Faltava ela.
Seus lábios
eram macios exatamente como eu me lembrava, e o gosto de vinho melhorava tudo.
Ela levou a mão para a minha nuca e se aproximou mais de mim, sua coxa estava em
cima da minha. Levei minha mão para a sua coxa, sem saber se eu estava indo
rápido demais, mas ela não reclamou. Eu a apertei um pouco e ela sorriu contra
os meus lábios. Aproveitei-me da sua distração e beijei sua bochecha até a
linha da sua mandíbula, descendo para o pescoço onde mordi. Ela suspirou com a
mordida e tudo pareceu fazer sentido. Era como se houvesse somente eu e ela
naquele momento. Impulsionei meu corpo sobre o dela, e ela se deitou no sofá,
coloquei minhas mãos por baixo da sua cabeça para que ela não se machucasse.
Desci meus beijos por todo o seu colo até chegar no seu decote. Ela não parava
de suspirar, mordi onde a curva do seu seio se começava a fazer presente, lambi
e em seguida assoprei. Ela gemeu baixinho e eu pressionei meu sexo excitado
contra a sua coxa. Ela segurou meu braço e fez um esforço enorme pra falar: - Estamos
indo rápido demais. – Fechei meus olhos um tanto frustrado, mas como sempre ela
tinha razão.
- Me
desculpe. – Sussurrei de volta, deixando que ela se sentasse. Ela negou com o
rosto.
- Não se
desculpe por isso. – Sorriu tímida. Eu olhei no relógio, apenas para confirmar
o que eu já sabia:
- Está
ficando tarde, é melhor eu ir. – Ela concordou e nós nos levantamos.
- Obrigado
pela companhia. – Ela abriu a porta. – Boa noite.
- Boa noite.
– Eu sorri e beijei sua testa mais uma vez. Comecei a caminhar um tanto
frustrado pelo corredor quando ouvi ela chamar meu nome. Voltei para ela como
um cão. Ela segurou meu rosto e beijou meus lábios mais uma vez em um selinho
molhado e carinhoso.
- Boa noite.
– Disse de novo, com um sorriso sapeca.
- Boa noite
(S-N).
*******
(S-N)
A semana se
passou mais rápido que eu pensei que passaria. Com todos os preparativos para a
pequena festa que eu faria para Cath. Ela não escolheu um tema, apenas escolheu
a cor azul. Eu sabia que era sua cor preferida e estava tentando fazer o meu
melhor para ela.
Liam parecia
mais ansioso que eu, mas ele tinha motivos. Durante toda a semana ele invadia
meu consultório e me roubava um selinho ou dois. Eu não sabia exatamente o que estávamos
fazendo, mas eu sabia que eu gostava. Ele fora meu primeiro em tudo e eu jamais
havia o esquecido. Estar com ele de novo me fazia reviver coisas que foram perdidas
quando ele se foi.
Mas na sexta
feira ele não apareceu no meu consultório e eu sabia que ele estava nervoso
demais para isso. Ele falaria com Cath e eu esperava que tudo corresse bem.
Liam
Eu estava
tão nervoso que mal podia respirar. Quando cheguei na festa simples da minha
pequena Cath, ela abriu um sorriso que iluminou tudo ao nosso redor, e também
me desesperou. Ela pulou no meu colo e me levou pra conhecer a mesa cheia de
doces. Estava tão orgulhosa em dizer que sua mãe e ela tinham feito tudo.
Queria que eu provasse alguns antes pra ter certeza de que estavam gostosos,
mas eu a tranquilizei dizendo que tudo o que ela fazia ficava incrível.
Eu via os
convidados chegarem e (S-N) os cumprimentarem com educação e sorridentes. Me
imaginava ali com ali, recebendo eles como o pai de Cath. Daniel entrou também
e se sentou comigo, dividimos uma cerveja e conversamos sobre nada em especial.
Ele estava acompanhado com uma moça que eu não conhecia.
Quando os
convidados acabaram de chegar (S-N) se sentou conosco e tomou um pouco da minha
cerveja, me fazendo rir. Cath estava distraída com suas amigas e Daniel com sua
nova companheira, (S-N) aproveitou-se disso para me dar um selinho demorado.
Uma música animada estava tocando, e várias pessoas estavam dançando.
- Vem. – (S-N)
me puxou para dançar apesar de todas as minhas recusas. Dançamos duas músicas
animadamente até Cath nos interromper e dançar com a gente também. Quando me
distraí com a pequena, (S-N) nos deixou a sós e foi ver se estava tudo certo
com os comes e bebes.
- Você e a
minha mãe estão namorando? – Cath me perguntou com uma simplicidade que eu
achei impossível.
- Não... Não
Cath. – Eu ri baixo. – Somos amigos, se lembra?
- Mas amigos
não beijam, tio Liam. – Ela me olhou curiosa. E eu realmente não sabia o que
fazer.
- Bom, nós
somos amigos íntimos. – Eu disse e a girei para tentar fazê-la mudar de
assunto.
Cath estava
tão feliz, era quase palpável a felicidade que ela emanava. Ela finalmente
dizia que era uma adolescente e estava adorando a nova sensação. Eu esperava
que toda aquela felicidade continuasse quando eu a contasse com o meu discurso –
nada planejado – que eu era o seu pai.
Depois da
nossa dança Cath me deixou sozinho com (S-N) o tempo todo, nós sentamos,
comemos e ela apenas se lembrou de mim quando fomos cantar os parabéns, ao qual
ela me deixou ao lado dela na mesa.
Boa parte
dos convidados já haviam deixado o salão quando (S-N) me puxou para a cozinha e
me beijou carinhosamente. A surpresa e o carinho dela deixou o beijo muito
melhor, e minhas mãos soadas e ansiosas se acalmaram quando encontraram a curva
da sua cintura.
- Eu acho
que é uma ótima hora pra você falar com ela. – Ela sussurrou entre selinhos, e
eu sabia que ela estava tentando me acalmar.
- Vou
precisar da sua ajuda. – Eu pedi e ela sorriu.
- O que você
quiser.
********
O salão
ficava dentro de uma praça, eu estava sentado em um banco que eu mesmo havia
decorado, com pequenas flores rosas que contrastavam com o branco do ferro,
depois da pequena ponte que dava passagem para o outro lado do lago artificial
que havia ali.
Pedi que
(S-N) avisasse Cath que alguém a esperava no primeiro banco depois da ponte,
alguém que queria muito falar com ela. E que a trouxesse para mim. Eu ouvi os
passinhos apressados da Cath, e mesmo de costa para ela eu podia ouvir ela
sussurrando para a mãe que queria saber porque ela tinha que estar ali. (S-N) a
deixou na ponte, abaixou-se e segurou a cintura da minha filha.
- Cath, eu
te amo. – (S-N) disse. – Lembre-se do que eu sempre te ensinei sobre ouvir as
pessoas, sim?
Cath
assentiu calada e curiosa.
- Mamãe, é o
tio Liam que me espera. – Meu coração apertou.
- É ele sim,
vai até lá e por favor não esqueça que eu te amo. – (S-N) volto para o salão e
Cath correu animada até onde eu estava e se jogou sentada ao meu lado.
- Tio
Liam... – ela riu. – O que vamos fazer aqui?. – Eu sorri sentindo meu lábio
tremer.
- Eu quero
falar com você – Sorri. – Você já uma adolescente... – brinquei. – E tem
algumas coisas que você deveria saber. Seu sorriso decaiu, apesar de seus
lábios ainda estarem curvados.
(coloque para tocar)
Respirei
fundo, olhando um ponto fixo a minha frente e comecei:
- Quando eu
tinha sua idade eu costumava planejar tudo. Eu tinha uma lista de coisas que eu
queria fazer e ser. Eu achava que sempre tudo iria sair exatamente da forma
como planejava. – Mordi meu lábio. – E eu sempre me decepcionava. Eu passava
horas no meu quarto com os olhos fechados e apertados sonhando com o dia
seguinte. Cada mínimo detalhe do meu sonho era planejado. Mas o amanhã chegava
e nada saia como eu havia planejado. Até mesmo aqueles detalhes que eu havia
imaginado com tanto carinho. A minha primeira decepção foi aos sete anos. Eu estava
no meu quarto, o dia seguinte seria o meu aniversário e meu pai iria me levar
para assistir um jogo do meu time preferido. Mas meus pais começaram a brigar,
eles eram novos, sabe? Meu pai saiu de casa naquela noite e não voltou mais. –
Mordi o lábio. – Eu acordei no dia seguinte com a minha mãe tentando me
explicar o que havia acontecido. Quando ela me deixou sozinho eu peguei minha
agenda e risquei o item 1 que era ir ao jogo com o meu pai. Quando eu tinha
nove anos meu pai voltou. E ele me ensinou uma coisa muito preciosa, Cath. Duas
lições que eu demorei muito tempo para entender: 1) As pessoas erram e 2) A vida uma peça de improviso. – Segurei suas
pequenas mãos entre as minhas, observando seus olhos em mim. – Lembra de quando
você disse que sabia quem eu era? – Ela assentiu. – Você estava certa, eu
namorei sua mãe. Nós nos conhecemos quando tínhamos 16 anos. Você precisava
ver, sua mãe era tudo o que eu não queria. E eu tenho certeza de que ela se
sentia dessa forma também. Eu era o filhinho da mamãe, meu cabelo estava sempre
perfeitamente penteado para trás com um gel. E ela era.... Ela era única Cath.
Ela não tinha medo. Ela me contou que nunca planejou nada, que sempre aceitou
tudo o que veio. E sabe isso me assustava muito, mas nós nos apaixonamos. E
durante nosso namoro nós erramos muitas vezes.
- Tio... –
ela começou baixinho, mas eu não deixei que continuasse.
- Eu não
esperava ficar com ela para sempre. Ela era uma das pessoas que sempre me
decepcionavam porque ela não seguia o roteiro que eu tinha feito para a minha
vida. E ela me ensinou a lição mais importante de todas: o perdão. – Eu sorri. –
Ela sempre me decepcionava e eu sempre a perdoava. Mas o que eu não sabia é que
isso a assustava muito, o fato de sempre me decepcionar... Quando eu tinha 18
anos eu comecei a planejar e a notar que ela não estava em nenhum dos meus
planos. Eu passei em medicina e a deixei como se... Como se ela nunca tivesse
significado nada. Eu fui para a faculdade e terminei nosso namoro por uma
carta. Eu não a vi nunca mais depois disso... até agora. – Sorri. – Quando nos
reencontramos ela estava diferente e eu também. Nós conversamos. – Mordi meu
lábio. – No dia que eu me despedi dela, eu me lembro exatamente de ver uma
expressão de pura tristeza nela, eu nunca tinha visto uma tristeza igual àquela.
Mas ela não falava por medo, por medo de me decepcionar de novo. Ela disse que
tinha algo para me contar, mas eu não deixei Cath. – Eu senti meus olhos se encherem.
– Eu era tão egoísta Cath, eu não sei como uma pessoa tão bondosa como a sua
mãe conseguiu me amar, porque eu só pensava em mim, na minha felicidade
perfeitamente planejada. Mas é como meu pai disse: a vida é uma peça de
improviso. Depois de muitos anos eu soube o que a magoava daquele jeito, minha
pequena. – Sorri triste para ela. – Naquele dia, quando eu a deixei, ela tinha
algo muito sério para me contar e eu não me importei. E por todos esses anos eu
não tenho me importado. E eu vi que o grande erro da minha vida fora esse:
perder tanto tempo planejando tudo e ficar cego para o que realmente estava acontecendo,
porque para mim a minha faculdade de medicina era mais importante que a
tristeza da única mulher capaz de me amar na vida. Naquele dia Cath, ela estava
com uma bolsinha, e naquela bolsinha estava um teste de gravidez. – Cath me
olhou apavorada, seus olhos estavam me analisando assim como os meus. – Eu sinto
muito Cath – senti meus olhos transbordarem. - eu queria que você tivesse tido
algo melhor todo esse tempo, porque você merecesse algo muito além disso... –
Ela abriu a boca para falar mas eu a interrompi. – Eu sou seu pai Cath.
Lágrimas escorrem pelos seus olhos
Quando você perde algo que não pode
ser substituído.
Lágrimas escorrem pelos seus olhos
E eu te prometo que aprenderei com os
meus erros.
Fechei meus
olhos. Minha respiração estava audível. Eu esperava que Cath me abraçasse e me
disse que estava tudo bem e que ela estava feliz. Mas eu senti suas mãos
pequenas escorregarem das minhas. Ela se levantou do banco e ficou a minha
frente. Abri meus olhos.
- Você acha
que eu não deveria ter nascido. Logo você. – Ela sussurrou em prantos e eu
tentei me explicar.
- Não Cath,
eu te disse que eu era egoísta. Eu errei...- Mas ela negava tudo o que eu
dizia. – Cath por favor, não faz isso comigo. Eu te amo.
Ela chorou
audivelmente e a última coisa que eu vi foi minha pequena correndo para longe
de mim.
- Cath, por
favor. – Tentei chama-la mas foi completamente em vão.
(N/A): Sei que demorei mas ai está, espero que gostem. O final completo já está escrito, mas como ficou bem longo eu tive que dividir para não ficar muito cansativo. Deixem nos comentários o que vocês acharam. E de acordo com alguns pedidos eu decidi terminar todos os imagines que ficaram pendentes antes de postar algo novo. Eu vou tentar postar uma continuação todo domingo até que todos estejam finalizados. Para quem se pergunta sobre Blue: foi enviada para o espaço criativo (antigo all time fics) e vai ser hospedada lá, mas quando ela entrar definitivamente eu aviso vocês e mando o Link. Não se esqueçam de comentar porque me ajuda muito. Boa leitura!!
Meu deus ahhhh
ResponderExcluirEstou em prantos socorro
hahahahahaha desculpa <3
ExcluirAI MEU DEUS COM9 VC ACABA ASSIM!!
ResponderExcluirEu quase chorei aqui e quase pirei quando vi a continuação!!Sério esperei meses por isso!!!Amo demais esse imagine!Daria um bom livro!
Amo demais esse imagine!!
Continua logo pf!
hahahahaha poxa muito obrigada, me deixa muito feliz ler esse tipo de coisa. Muito obrigada mesmo!
ExcluirE quando vc vai continuar /????????
ResponderExcluirProvavelmente em um fim de semana, mas ainda não sei ao certo, como eu disse ali em baixo estou esperando aumentar estatísticas do blog
ExcluirMds que perfeito
ResponderExcluirMuito obrigada <3
ExcluirAlguém me da um lenço , to em prantos
ResponderExcluirNão sei se isso é bom ou ruim ahahhahah <3
Excluircomo vc pode parar kogo nessa parte/meu deus to chorando muito...e aaaaaah mocinha tem umas vizualizaçoes minhas pq toda vez que eu voltava pra ver se vc tinha postado eu lia ele todinho denovo!!!continua logo!!!
ResponderExcluirhahahahah que fofa!!! não foi minha intenção fazer você chorar (talvez tenha sido um pouquinho) adorei, melhores leitoras hahaha <3
ExcluirNão some não
ResponderExcluirVc sempre some ��
ResponderExcluirOiiii, eu não estou postando porque algumas pessoas não estão conseguindo acompanhar tudo, então eu estou esperando as estatísticas do blog aumentarem pra postar de novo ahhaha não vou sumir, prometo!
ExcluirContinua muito perfeito
ResponderExcluirCadê they meant everything ? ������
ResponderExcluirCONTINUA LOGO POR FAVOR POR FAVOR POR FAVOR POR FAVOR
ResponderExcluirPosta o próximo capítulo de Soldier logo por favor, quero muito muito muito ler, por favor, não me faz esperar mais ainda, por favor, por favor por favor
ExcluirPostaaa
ResponderExcluirNão some novamente "/
ResponderExcluirPelo amor de Deus criatura não some, ficou perfeito ❤️
ResponderExcluirMuiiiito obrigada por continuar, eu havia te pedido pelo tt por esssa continuação e ela está perfeita por favor termine logo estou muito ansiosa pelo final. Esse com certeza é um dos melhores imagines que eu já li, sou apaixonada por ele😍❤
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPELO AMOR DE DEUS MOÇA, CONTINUA LOGO POR FAVOR. JÁ LI UMAS 20 VEZES E CHORO EM TODAS DO COMEÇO AO FIM. MELHOR IMAGINE ♡
ResponderExcluireu mesmaaa
ExcluirContinua logo Mulher, abro aqui todo dia pra ver se você já postou, virei sua fã e já li todos os imagines, mas esse aqui eu não canso nunca de ler e reler
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPor favor continua, não me abandonaaaaa
ResponderExcluirContinuaaaaa
ResponderExcluirPor favor continuaaaaaaa
ResponderExcluirPor favor continuaaaaaaa
ResponderExcluirContinuaaa por favor, eu to morrendo aos poucos esperando a continuação desse imagine tão maravilhoso!!!❤��
ResponderExcluirmulher, você sumiu, preciso saber o final. Volta please
ResponderExcluirNão vejo a hora de você voltar
ResponderExcluirE eu ainda tenho esperanças q vc vai continua a fic :') MINHA FIC PREFERIDA <3
ResponderExcluirOlha aq, vamo parti pra ameaça, ou cnt ou é tapa virtual amiga!
ResponderExcluirQuando você volta? Eu anseio pela continuação. Onde está você, moça? EU PRECISO QUE VOCÊ VOLTE LOGO... por favor!?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu leio ela desde o começo e sempre esperei o momento certo para comentar e bom acho que ele chegou kkkkkkk então a (S/N) tem o mesmo curso que eu e cara me identifiquei muito mais do que em qualquer outra história e eu quero te implorar CONTINUA e sim eu também sou Mrs. Payne. ♡ amo suas histórias.
ResponderExcluirCadê a continuação???Pelo amor de Deus
ResponderExcluirCadê a continuação???Pelo amor de Deus
ResponderExcluirComo sinto falta dos seus imagines, por favor, continia.
ResponderExcluir