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Imagine com Liam Payne Secrets - parte dois.


Você sabe. Sempre soube, na verdade, que eu poderia ouvir a sua voz todos os dias sem enjoar. Que eu acordaria sorrindo por ver você dormindo desengonçadamente ao meu lado. Que eu seria aquela que te esperaria com o jantar pronto, tiraria seu jaleco, e te deixaria descansar. Eu obrigaria você a assistir Titanic comigo todos os fins de semana, eu confiaria, perdoaria, seria menos, seria mais, o que precisasse para me adaptar à você. Você sabe. Eu sou tímida, sistemática, não gosto de assumir riscos, não me entrego facilmente. Mas se me entrego é de corpo e alma, sinto por completo. Sou feita de sentimentos, e pra casos como esse uma brisa vira um furacão e toda a dor do mundo; companhia. Gosto da solidão, preciso dela pra viver, pra ser eu, porque no fim, quando tudo está acabado, é ela quem sobra. E minha única alternativa é ser dela.
Mas por você...
Ah, por você eu a espantaria, diria para voltar mais tarde, ou talvez nem voltar. Eu tentaria chorar menos com filmes românticos e parar pra prestar atenção no meu próprio romance. Um “bom dia, amor” deixaria qualquer segunda-feira com cara de sábado. Faria os dias parecem mais lentos, e dia por dia, viveríamos.
Mas você se foi.
E tudo o que sobrou fui eu,
E a solidão.


Abri meus olhos devagar, passando uma calma que eu não tinha. Havia uma senhora à minha frente, contando-me o quão frustrante não poder ver seus filhos todos os dias. Para o nosso azar eu não conseguia dar nenhum conselho coerente, ou prestar atenção em suas palavras por muito tempo. A consulta não demorou muito tempo, e logo vi-me livre dela.
Eu evitei andar pelo hospital durante todo o dia desde que descobri que meu ex namorado – e pai da minha filha – estava trabalhando no mesmo lugar que eu. Ainda era informação demais para a minha cabeça. Havia chance de ser qualquer outro membro da família Payne, não havia?
Lea bateu minha porta assim que a Senhora Morgan saiu, sussurrando algo para minha secretária.
- Segundo ela, você deveria tomar um chazinho, pois seu humor está horrível. – comentou. – Tem alguma coisa acontecendo?
- Não, está tudo bem. – Respondi. – Quem eu devo atender agora?
- Ah. – Pigarreou. – Pois bem, houve uma pequena alteração na sua agenda, o doutor Storm pediu para que você acompanhasse uma visita à um paciente. Em breve ele fará uma cirurgia para amputar a perna após o acidente que sofreu, e querem ter certeza que ele está psicologicamente preparado para esta nova fase.
- Uma visita?
- Sim, os cirurgiões estarão com ele e acompanharão sua avaliação. Isso faz parte do período da sua própria avaliação aqui dentro.
- Então eu não posso faltar, não é?
- Ah não ser que queira ser demitida no seu primeiro mês...
- Tudo bem, já estou indo. – Sorri e me levantei, pegando uma prancheta com uma caneta e indo em direção ao quarto 367. – Eu devo consultar o rapaz na frente dos médicos? – Sussurrei entre dentes para Lea.
- Exatamente.
- E se ele não quiser?
- Faça ele querer. – Lea me empurrou em direção à porta do quarto, fazendo-me entrar, completamente sem graça, após pedir licença.
Eu estava com o rosto baixo, mas ouvi a voz do doutor Storm pedindo-me para me aproximar do jovem garoto que estava deitado na maca. Haviam outros médicos no quarto, mas eu não me importei em olha-los, ou cumprimenta-los. Apenas comecei a fazer meu trabalho, tentando ser o mais simpática e confiável possível com Sam, o paciente.
- Como foi sua semana, Sam?
- Eu já tive melhores, doutora...?
- (S-N). – Sorri. – Quer me contar o que está passando em sua cabeça agora? – Sentei-me em uma poltrona.
- Estou tentando não pensar muito nisso. Mas estou com medo e relutante. – Ele olhou para um ponto fixo na parede, visivelmente triste. – Eu não quero passar por isso.
- Ninguém gostaria, Sam. Se pudéssemos escolher as coisas seriam mais fáceis. Você sempre vai ter duas escolhas, querido. Mas você precisa ter consciência que ne sempre a mais fácil é a melhor.
- E quais são as minha escolhas agora, doutora?
- Você pode encarar isso de cabeça erguida, com pensamentos positivos e energia renovada, ou pode fugir, não aceitar a própria vida. É uma escolha inteiramente sua. Mas não é só em você que deve pensar. Pense na sua família, e na dor que eles passarão em te ver mal. – Ele me olhou. – Você pode pegar todos esses problemas e fazer deles um empurrão, pegar a sua negatividade e transformar em inspiração. Mas só você pode fazer isso, ninguém mais.
- Ela está certa. – Ouvi uma voz grossa, do outro lado da cama, só então parando para olhar quem era o dono. Apertei a mão de Sam no exato momento em que meus olhos cruzaram-se com as íris castanhas que eu costumava conhecer. Liam estava com as sobrancelhas arqueadas, claramente lembrado de quem eu era, como se me desafiasse a lembrar dele também. – Sempre há duas escolhas, Sam. Você pode mentir pra si mesmo, e para todos. Ou pode aceitar a verdade, e deixar que as coisas sejam mais fáceis por si mesmas.
Me perguntei se ele ainda se dirigia à Sam, e desesperei-me com a possibilidade de que suas palavras não eram para ele. Ele se lembrava exatamente de mim. Olhei para o doutor Storm que sorria orgulhoso de seu médico, e sua mais nova psicóloga. Sam balançou minha mão, chamando minha atenção para o fato de que eu ainda a apertava. Desculpei-me com um sorriso.
- Eu... Eu não sei o que dizer, ou o que aceitar. Eu preciso de um tempo sozinho. – Pediu, e nós obedecemos prontamente. Storm me pediu para que conversasse com os pais de Sam assim que eles viessem.
- Doutora (S-S) – Chamou Storm. – Fez um bom trabalho lá dentro.
- Obrigada.
- Bem vinda à nossa equipe. – Cumprimentou-me. – Tire o resto do dia de folga. – Agradeci-o novamente, quase beijando seus pés por me dar as merecidas folgas, e me efetivar naquele momento.
Percebi o olhar de Liam sobre mim até que eu sumisse do corredor e soltasse o ar que nem eu mesma havia percebido que havia prendido.
- Olha só... – Daniel apareceu no meu consultório. – Mal chegou e já está conquistando o chefinho.
- Esqueceu de bater, Daniel.
- Você esqueceu que eu não preciso bater.
- De qualquer forma, não podemos conversar agora, estou indo pra casa.
- Por que a grosseria? Te fiz algo? – Perguntou-me sério e um tanto desesperado. Olhei-o, abrindo um sorriso em seguida.
- Não, me desculpe. Só estou com pressa. – Passei ao seu lado, dando-lhe um beijo estalado no rosto, que foi muito bem recebido.
- Te levaria para casa, se estivesse no meu horário de almoço.
- Não se preocupe.
- É claro que me preocupo. – Sorri. – Bem, mande um beijo para Cath.
- Mandarei.


Voltei pra casa, deixando toda a falsa calma que eu havia passado no hospital de lado. Eu estava desesperada. Nunca fora minha intenção deixar que Liam soubesse que trabalhávamos no mesmo local. Não achei que fosse esbarrar com ele tão cedo, quando nem eu mesmo havia superado nosso reencontro.
Cath ainda estava na escola então, portanto passei o dia todo sozinha, assistindo à romances sozinha. Acabei dormindo na metade de P.S eu te amo, mas fui acordada pelo meu celular tocando insistentemente no balcão da cozinha.
“Alguma coisa pra fazer amanhã, doutora?”
“Daniel, eu estava no meio do meu sono. Não, não tenho nada, por quê?”
A resposta veio minutos depois.
“Eu estava pensando em irmos ao cinema, quer dizer... Se você quiser, é claro”.
Sorri sozinha com o pequeno desespero dele ao final da frase. Por mais garanhão que fosse, Daniel poderia ser bem sem jeito as vezes.
“Desculpe, não posso deixar Cath sozinha!”
“E quem foi que disse que ela está de fora do programa?!”
“Ah, bem, eu pensei... Você sabe. Enfim, se ela puder ir, eu aceito.”
“É claro que ela pode ir, afinal, eu não vou conseguir conquistar a mãe sem antes conquistar a filha, não é?”
Sorri de lado, mordendo o lábio completamente sem graça, mesmo que ninguém pudesse me ver naquele momento. O despertador, no entanto, me chamou atenção para o horário de buscar Catherine no colégio.
“Eu adoraria conversar mais. Mas devo buscar Catherine agora!”
“Tudo bem, posso te ligar mais tarde?”
“Sim, tenho que ir. Até mais.”
Não esperei por uma resposta pois: 1) Eu estava indo buscar Cath. 2) Eu ainda estava estranhamente incomodada com o aparecimento de Liam.
Catherine sempre reclamava sobre como precisávamos de um carro melhor “como o de Danny”. Há dias ela não parava de falar nele, e em como ele era simpático e muito legal.
- Eu adoraria ter ele como padrasto. – Sussurrou, mexendo em seu tablete.
- Cath! – Repreendi.
- Vai dizer que você não gosta dele?
- Não desse jeito. E nós não vamos falar sobre a minha intimidade!
- Negar é o primeiro sinal de amor. – Murmurou, fazendo-me revirar os olhos e sentir-me envergonhada ao mesmo tempo.
O dia passou rápido, ao chegarmos em casa, Cath correu para o banho e teve algum tempo para se divertir no computador e ler um livro. Depois a ajudei com a lição de casa. Assistimos um filme enquanto jantávamos, depois levei-a até o seu quarto. Cobri-a, dando-lhe um beijo na testa.
- O que acha de irmos ao cinema com Danny amanhã? – Perguntei, sentando na beirada da sua cama.
- O que vamos assistir? – Sorriu, atraindo de mim o mesmo.
- Depois vemos isso! – Beijei-lhe mais uma vez, me retirando do quarto. Antes que fechasse a porta, ouvi:
- Mãe? Pense no que eu falei, tá?
Sorri sem graça, assentindo. Me dirigi para o meu próprio quarto, estava deitada lendo um exemplar de Harry Potter que Cath havia me emprestado quando meu celular vibrou em cima da minha barriga.
- Você disse que eu poderia ligar. – Danny disse com uma voz lenta.
- É, eu disse. – Ri. – Como foi o resto do dia de trabalho?
- Irritantemente estressante, por sua causa tive que atender a Sra. Carlton, que pra sua informação é uma solteirona de 65 anos que, por sinal, adorava um jovem.
- Minha causa?
- Ela seria passada pra você!
- Oh, sinto muito.
-Tudo bem, eu já desconfiava que as velhas solteiras também gostavam do meu charme. – Rimos.
- Você está falando tão devagar! Está com sono?
- Um pouco...
- Quer ir dormir?
- Na verdade não. E você?
- Na verdade sim.
- Não é que eu queira... Mas enfim, vou deixar você descansar. Nos vemos amanhã? Fiquei sabendo que vai ter uma sessão de “A culpa é das estrelas”. – Ri alto.
- Você quer ir assistir esse filme?
- Eu pensei que você e Cath gostariam de um romance.
- Catherine sim, já eu...
- Eu não acho que veremos alguma coisa do filme... – Sussurrou. – Posso passar pra te pegar?
- Eu posso ir sozinha Danny. – Revirei os olhos.
- Tudo bem, te vejo às seis no shopping, o.k?
- O.k. – Ri.


Na manhã de sábado Cath acordou extremamente animada por não ter que ir pra escola. Saímos para tomar o café da manhã em uma padaria na nossa rua mesmo. Ela estava feliz por poder passar o sábado inteiro comigo e com Daniel.
Como marcado, as seis nós duas andávamos pelas lojas do shopping em direção ao cinema. Danny estava parando olhando os cartazes dos filmes, com uma calça escura e um tanto apertada (reparei devido ao seu bumbum volumoso no jeans) uma camisa que marcava seu peitoral definido. Catherine puxou-me pela mão até ele, que sem vergonha alguma, abaixou-se para abraça-la com a mesma vontade que ela o fez. Também puxou-me para um abraço que pareceu durar uma eternidade. Não que eu reclamasse ou algo do tipo. Na verdade, seu cheiro e sua pele quente eram bem confortáveis.
- Nós vamos assistir “A culpa é das estrelas”? – Exclamou Cath enquanto entravamos na fila da pipoca.
- Vai dizer que você não gosta?
- Eu amo. – Disse alto, me fazendo arregalar os olhos. – O Gus é tão fofo... Toda garota deveria ter um daqueles.
Daniel riu alto, me puxando pela cintura para mais perto do seu corpo o que me deixou completamente corada. Cath tagarelava o tempo inteiro, e eu me impressionava como Danny conseguia prestar atenção em tudo. Depois de comprarmos pipocas e refrigerantes, nós fomos até a sala do cinema que já estava bem cheia.
Nunca me senti confortável em locais lotados, e ali, por algum motivo eu me sentia sendo completamente observada. Tentei ignorar e prestar atenção na mão de Danny que ainda estava em minha cintura, mantendo-me perto o tempo todo. Sentamo-nos exatamente no meio da sala de cinema. O filme não demorou para começar. Demorou menos ainda para que Cath estivesse completamente calada e com os olhos cheios de lágrimas.
Não me leve a mal, mas romances adolescentes não são pra mim, o livro é ótimo, pra quem acredita em amores assim! Deitei minha cabeça na poltrona olhando para o filme, mas não prestando atenção, Daniel puxou-me para encostar o rosto em seu ombro, e apesar de envergonhada, eu o fiz.
- Não está gostando do filme? – eu dei um risinho, olhando para Catherine ao lado dele, que estava completamente concentrada.
- Bem, se ela gosta, eu gosto. – Eu sussurrei.
- Claro... Claro.
- Porque não está prestando atenção?
- Porque eu prefiro prestar atenção nas coisas que você está me causando agora. – Ele disse sério.
- Que coisas?
- Você não percebeu? – Virou-se para mim, tomando o cuidado para que Cath não percebesse. Apenas neguei com o rosto. – Ah (S-N) ... Eu estou tentando chamar a sua atenção há dias, só você que não percebe. Por que acha que estamos aqui? Porque eu me preocupo, porque gosto de você, gosto da Cath e realmente quero que você abra os olhos pro que acontece. Eu fico arrepiado quando você se aproxima, eu gosto da sua risada, do seu perfume, da sua voz. E eu sei que isso parece intenso demais pro pouco que nos conhecemos, e é por isso que eu estou insistindo tanto, porque não pode ser qualquer coisa.
Eu estava completamente sem palavras, seus sussurros entraram em minha cabeça me deixando completamente confusa, Danny estava se declarando para mim?
- E-eu não sei o que te dizer...
- Não precisará dizer nada se me deixar te beijar agora. – Abriu um sorriso de lado.
- Cath está aqui.
- Ela não vai ver, eu prometo.
- Danny... – Eu disse, completamente manhosa, vendo-o se controlar para não rir. Mordi meu lábio inferior, vendo que seus olhos se abaixaram para acompanhar meu movimento. Sua mão quente foi para a minha nuca me puxando devagar até que seus lábios carnudos estivessem sobre os meus, em um selinho calmo e carinhoso. Daniel passou sua língua pelo meu lábio inferior, deixando-o molhado. Suspirei, abrindo minha boca e deixando que sua língua aprofundasse o beijo. Levei minha mão até o seu peito, explorei-o por um segundo, afastando-o em seguida.


O domingo passou voando. Cath estava silenciosa demais, e eu sabia que ela estava se segurando para não comentar sobre o meu beijo em Daniel. Coloquei-a para dormir às dez horas e fui para o meu próprio quarto, já que no dia seguinte teria que trabalhar cedo, mas antes que pudesse dormir meu celular vibrou, avisando-me uma mensagem.
“Namoro entre funcionários é proibido doutora. Não quer perder o emprego, quer?”
Sentei-me imediatamente na cama, pensando que talvez pudesse ser uma brincadeira de Daniel, mas não era o seu número.
“Quem é?” – Respondi.
“Isso não importa... O que importa aqui é o casal. Cuidado quando for sair em público com ele, como eu disse, você pode ser denunciada ao seu chefe. Aliás, bela garotinha. Não sabiam que tinham uma filha.”
“Se você não disser quem é, eu vou chamar a polícia.”
“Boa sorte, e cuidado, doutora.”
Não dormi a noite inteira, levando em consideração quem poderia ter sido. Se fosse uma brincadeira de Danny ele já teria assumido. Ele sabe que sou desesperada e controladora, não estenderia isso. Na segunda, após deixar Cath na escola fui direto para o hospital.
O doutor Storm parecia-me mais estressado que o normal naquele dia. Olhou-me enquanto eu caminhava em direção ao meu consultório. Entrei sentindo meu corpo se relaxar enquanto eu soltava a respiração.
Talvez fosse paranoia minha, mas o dia todo pareciam me perseguir. Danny estava três vezes mais no meu pé, o que era irritante naquele momento. Não o contei sobre as mensagens, ou sobre Lea me avisando que o Doutor Storm queria conversar a sós comigo.
- Você está livre agora? – Daniel entrou no meu consultório.
- Bata na porta Daniel, bata. – Murmurei irritada.
- Porque você está me evitando?
- Não estou te evitando Danny.
- Está sim, e você está toda nervosa e soando frio... Parece até que aconteceu alguma coisa, ou você simplesmente não gostou do meu beijo.
- Danny para de tentar me analisar! – Exclamei um tom mais alto que o normal. – Eu não sou sua paciente, e você não sabe nada sobre mim.
- Uou, se acalma, eu só estou tentando te ajudar.
- Ninguém pode me ajudar.
- Por que não?
- Daniel eu não vou te dizer, você não sabe nada sobre mim. Por que está aqui? Por que insiste em sair comigo? – Olhei-o, que estava completamente confuso.
- Porque eu gosto de você! – Exclamou, já irritado também.
- Você nem me conhece, não pode gostar de mim.
- Você tá me escondendo alguma coisa? – Respirei fundo, de costas para ele enquanto analisava a estante cheia de livros atrás de mim. – Você é casada não é? A Cath tem um pai e você está com ele. – Revirei os olhos, sabendo que a mente ciumenta dele inventaria algo daquele tipo.
- Eu não sou casada.
- Então o que você me esconde? – Levantou-se, irritado e falando alto. Temi que os pacientes lá fora ouvissem.
- A CATH É FILHA DO LIAM PAYNE. – Murmurei alto, me arrependendo em seguida, olhando-o com a expressão apavorada enquanto ele apenas se sentava na cadeira do meu consultório. Ouvi a porta ser batida, como se alguém tivesse acabado de entrar.
Ou sair...
Desesperada fui em direção à porta e a abri, não havia ninguém ao redor. Respirei fundo, e voltei para onde Daniel estava.
- O que você disse? – Perguntou-me.

Expliquei toda a história para Daniel, sabendo que mentir não adiantaria de nada. Ele foi compreensivo, mesmo que eu tivesse percebido que ali não estava o meu amigo, ele estava agindo como se eu fosse sua paciente. Pediu-me um tempo para pensar e saiu do meu consultório.
Tomei quase quatro copos de água antes de encarar a reunião particular com o meu chefe potencialmente nervoso naquele dia.
- Bom, na verdade eu não tenho muito a dizer. Mas eu quero mostrar uma coisa. – Disse-me, passando uma pasta em mãos.
- O que é isso?
- Leia, doutora.  – Arrepiei-me ao ouvir a última palavra e lembrar das mensagens da noite anterior. Percebi minhas mãos trêmulas, e meu suor frio escorrendo por elas.
Para o meu alívio tratava-se de um documento em que Sam concordava em fazer a cirurgia, trabalho meu, segundo Storm.
- Parabéns doutora.
Agradeci-lhe, saindo de seu consultório e indo direto para o banheiro de funcionários. Precisava urgentemente jogar uma água fria no meu rosto. Entrei no local extremamente branco, indo até uma das cabines. Assim que abri a porta, senti meu corpo ser empurra com violência contra a parede da cabine. Minha primeira reação foi fechar meus olhos e tentar gritar, mas um braço apertava minha garganta, e uma mão tampava a minha boca.
- Olhe para mim. – Uma voz grossa sussurrou entredentes. Mesmo com medo, abri meus olhos, arregalando-os ao ver Liam furioso à minha frente. – Pense duas vezes antes de gritar, doutora, não é bom ser vista com um médico dentro de uma cabine do banheiro. – Assenti, boba e amedrontada, o que o fez tirar a mão da minha boca e afrouxar o braço em meu pescoço.
- O que está fazendo? – Perguntei trêmula.
- Que história é essa de dizer que eu sou pai da sua filha?
Minhas pernas bambearam e se Liam não me segurasse eu já teria ido ao chão.
- E-eu não sei do que...
- Eu ouvi você dizendo (S-N). Que porra é essa?
- Liam... – Levei minha mão até o braço que me apertava. – Está me sufocando.
- Você merece.
- Liam, por favor... – Eu realmente estava começando a me sentir sem ar, meus olhos estavam brilhando com lágrimas. Eu podia quase ver o fogo em suas íris. – Está me machucando.
- Me responde (S-N)!
- Ela é sua filha... Eu juro. – Fechei os olhos, tentando respirar, sentindo uma lágrima descer. – Quando você se foi... – tossi. – Eu estava grávida.
Ele arregalou os olhos, soltando-me. Cai sentada no chão, respirando com dificuldade. Liam se afastou, me vendo chorar completamente desesperada.
- Isso não pode ser verdade...
- Eu disse que tinha algo para te contar, mas você estava feliz e não me deixou falar... Eu... – Ele parou por alguns segundo, com as mãos nos fios de cabelo, parecendo se lembrar.
- Você escondeu isso de mim esse tempo todo?
- E o que você faria se .... – Ele levantou-me do chão, me deixando completamente amedrontada, colocou-me sentada em cima da pia. Não era difícil já que ele tinha três vezes o meu peso e tamanho.
- E porque eu deveria acreditar em você?
- Você acredita no que quiser Liam... – Ele socou o granito da pia, fazendo com que eu me encolhesse.
- Porque você não me contou, porra? – Gritou, alterado novamente. Senti o medo ceder lugar à raiva. Ele estava sendo tão hipócrita, nada mudaria, ele teria me abandonado do mesmo jeito, com filha ou não.
- Porque você não faria nada a respeito... Você fugiria como o covarde que você sempre foi! – Exclamei em seu tom, ouvindo-o dar uma risada irônica e virar-se de costas para mim, provavelmente porque se me olhasse me bateria ali mesmo.
- O que você esperava? Que eu estragasse o meu futuro brilhando por causa da porra de um erro?
Arregalei os olhos no mesmo instante. Mesmo que Liam estivesse completamente mudado, eu jamais esperava que ele acharia que Catherine fora um erro. Ele pareceu, por um momento, perceber o que havia dito, levou suas mãos até o cabelo e virou-se para mim com os olhos arregalados, visivelmente arrependido.
- O único erro, Liam, é você achar que nós precisamos de você.
Disse entredentes, nervosa e triste, não sei ao certo. Desci da pia, indo em direção à porta do banheiro. Ouvi-o me chamar, mas não dei a mínima atenção. Não importava mais.
Catherine e eu não precisávamos de alguém que não precisasse de nós.

 Continua...

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Data de atualização, spoilers, opiniões etc? Aqui

Nota da autora: Não estou muito satisfeita com a atualização, mas me digam se gostaram ou não, esse foi o máximo que eu consegui com o bloqueio,e enfim. Espero que gostem. So much love <3

Imagine com Harry Styles - Soldier.

                                           Pedido e capa feitos por: Yasmin Stremel.


Os raios iluminavam a sede médica montada no meio do nada, não sabíamos onde estávamos ou o que nos esperava. Os dias pareciam ainda mais lentos e nublados. Estava tudo quieto demais. Era o silêncio que antecedia a guerra.
O navio viajava silenciosamente pelos mares, os soldados rezavam para que nada lhe pegassem de surpresa durante a viagem. A segunda grande guerra nos aguardava.
Ouvi três batidas na porta frágil da minha cabine, rapidamente soube quem era. Devagar desci da cama de ferro e abri a porta. Harry entrou rapidamente, fechando a porta em seguida. Trancando-a.
Não era permitido relacionamentos entre soldados, mas não é sempre que se consegue oprimir um amor, e aquele era o nosso caso.
- Eu fui informado que navegaremos por mais um dia, e montaremos nossa base na Inglaterra. – Ele disse enquanto deitávamos na minha, e agora nossa, pequena e enferrujada cama. – Lutaremos em seguida.
- Eu estou com medo. – Sussurrei, assistindo-o abrir um sorriso.
- Não precisa se preocupar... Nada vai acontecer com você.
- Não temo por mim.      
Harry alargou o sorriso, torcendo o nariz em uma careta. Revirei os olhos quando ele se aproximou mordendo a ponta do meu nariz. Eu me perguntava como ele conseguia ser tão inabalável. Ele era tão forte que as vezes eu o invejava. Toda a minha coragem era projetada nele, toda a minha força vinha dele.
- Olha pra mim. – Pediu, não me atrevi a desobedecer. – Está tudo bem. Ficaremos bem. Não há o que temer.
Concordei com o rosto, mordendo os lábios para esconder um sorriso. Harry puxou-me para mais perto, entrelaçando seus dedos nos meus. Seus olhos eram claros demais para que eu encarasse por muito tempo, mas nos poucos segundos que eu olhava, tudo o que conseguia sentir era paz, a paz que eu não encontrava em lugar algum. Eu havia me encontrado quando ele chegou. Era ali onde eu pertencia: nos seus braços, olhando nos seus olhos.
- Eu queria poder ficar com você o tempo todo. – Ele sussurrou.
- Eu também.
- Ficaremos longe por muito tempo. – Levou meus dedos até os seus lábios macios, passando-os sobre a minha palma e dedos. – Eu quero te guardar. – Olhou-me. Algo estava diferente em sua expressão, ele estava sério.
- Como?
- E-eu... Eu quero ser o primeiro a te levar onde você jamais esteve... Quero te mostrar o que você nunca viu. – Roçou seu nariz em meu rosto, inspirando meu perfume. – Quero te mostrar como eu a amo, muito mais que com palavras, quero que sinta o meu amor deslizando por sua pele, arrepiando seus poros. – Beijou meu pescoço. – Quero que seja minha.
Sua mão passou delicadamente, dos meus dedos até o contorno do meu seio. Local jamais explorado por outro alguém. Olhei-o assustada, não entendendo onde ele queria chegar. Mas suas íris me transmitiam todos os seus pensamentos e desejos. Sua mão desceu para a minha cintura, até o contorno do meu quadril, coberto pelo tecido fino da minha camisola.
- Não podemos. – sussurrei de olhos fechados enquanto aproveitava o carinho que seu nariz fazia em meu rosto.
- Por que não?
- Eu devo estar pura... Pra quando me casar, você sabe. – Sorri, tentando descontrair o clima tenso, e os sinais de ansiedade que meu corpo expunham.
- E quem foi que disse que você vais e casar com outro homem? – Ele sorriu. – Eu não me importarei com isso.
- Harry... – Sussurrei, tentando resistir.
- Por favor? – Suas mãos desceram em direção à minha coxa, começando a subir minha camisola. – Ninguém precisa interferir na nossa vida.
Mordi meu lábio, acompanhando atentamente o caminho que sua mão fazia, ele percebeu que eu estava tensa, as mãos subiram, contornando meu seio novamente. Não me leve a mal, eu não estava o renegando. Eu só estava assustada, não fora essa minha criação. Por outro lado, havia a chance de nunca mais poder toca-lo, ou simplesmente olha-lo.
Suspirei, aceitando seus lábios quando se depositaram sobre os meus. Eu não sabia o que fazer, ou como agir. Harry, ao entender que eu havia cedido, deitou seu corpo sobre o meu, seu peso era extremamente confortável. Mas a cama não achava o mesmo, pois rangeu, fazendo-nos rir.
Ele me guiou com suas mãos e lábios, aos poucos me levando ao paraíso prometido, deixando-me cada vez menos envergonhada. Caminhando comigo em diferentes lugares, me fazendo contar estrelas. Me fazendo entender, que independente do que aconteceria, eu seria dele, porque era à ele que eu pertencia. Era em seu coração que eu moraria, em sua mente permaneceria lembrada, em seus olhos; iluminada, e em seus braços; aquecida.



Inspirei o ar cortante que passava por meu rosto. Estávamos, finalmente, em solo inglês. Em uma base muito maior da qual eu pensei que ficaríamos.  Muitos soldados, que chegaram para o início da guerra, estavam feridos. Foi somente naquele momento que eu percebi que havia começado. Percebi o risco que corríamos, e acima de tudo, temi. Temi perder Harry ou qualquer um que fosse importante. Temi por minha própria vida.
- Eles estão com medo. – Sussurrou Angelina, referindo-se ao grupo de soldados que riam e tentavam parecer descontraídos.
- Todos estamos. – Respondi, observando Harry passar com um outro grupo de capitães. Ele me olhou sério, pela primeira vez no dia. Fez-me uma referência, seguindo até um balcão onde os soldados de altos cargos discutiam o plano de guerra.
- Você acha que tem alguma chance pra eles?
- Nunca haverá muita chance pra ninguém. Estamos acabando com o mundo como o conhecemos.
- Estamos seguras. – Afirmou, colocando uma mão sobre o meu ombro. Apenas assenti, abrindo um sorriso amarelo. Aquilo não era verdade. Ninguém estava seguro, não em tempos como aquele. Mas meu medo não era por mim. Era por quem enfrentaria a fúria alemã de perto. Era por quem viajaria dias em condições impossíveis. Por um segundo, desejei que nada daquilo estivesse acontecendo. Os homens carregavam suas armas, faziam reverências, escreviam cartas para casa, na mesma esperança de que as coisas acabassem logo.
Voltei para a enfermaria com o coração apertado, há dias estava melancólica. Tudo o que eu queria era, na verdade, deitar-me nos braços de Harry novamente, e esquecer de tudo por algumas horas.
- Você veio. – Sussurrou Niall. Ele era piloto há anos, foi meu primeiro amigo, nos últimos dias sofrera um acidente.
- Eu não perderia a oportunidade de ver isso. – Apontei para o seu braço quebrado.
- Eu deveria saber... – Tentou sorrir. – Como vai o Harry?
- Ele está bem...
- E vocês?
- Não diga alto. – Sussurrei, arrumando as faixas precárias em seu braço e rosto. – Estamos bem, eu acho.
- É difícil ter alguma certeza aqui, não é?
- É difícil fazer qualquer coisa aqui.
- Que bom te ver, (S-N). – disse sorrindo.

Harry’s pov.
Estava anoitecendo quando eu finalmente tive algum tempo livre, havíamos planejado nossa rota até a Alemanha durante todo o dia, fora me dada uma nova rota. Era arriscado atacar a base aérea nazista, mas se eu não aceitasse, ninguém mais o faria.
Mal vi (S-N) durante o dia. Eu desejava ter mais tempo para ela, desejava poder me deitar ao seu lado para que pudéssemos conversar sobre a noite passada, e talvez repeti-la. Antes de tentar encontrar ela, passei pela base médica.
- Pensei que você estivesse dormindo, capitão. – Disse Niall, com a voz fraca.
- Eu não poderia dormir sem rir um pouco. – Ele revirou os olhos. – Como está se sentindo?
- Já estive melhor... E você?
- Tudo bem...
- Preparado para a sua nova missão? – Ergueu a sobrancelha.
- Eu espero que sim.
- (S-N) sabe sobre isso? – Suspirei, negando com o rosto. – Precisa contar a ela.
- Eu não sei como dizer, eu não sei como chegar a ele e dizer que eu vou com poucas pessoas, sem proteção. Que voarei baixo, que todas as nossas expectativas de dias em que eu passaria fora foram alteradas.
- É um grande risco, mas você não pode mentir para ela. Quando você vai?
- Amanhã... Foi por isso que eu vim até você. – Suspirei. – Eu quero que entregue isto à ela – entreguei-o o pequeno envelope. – Você é o único que sabe sobre nós, eu não poderia confiar em mais ninguém. Entregue-a quando eu já tiver partido.
- Claro, irmão.
- Tem mais uma coisa. – Observei-o assentir, prestando atenção em mim. – Se o pior acontecer... – Engasguei. – Se eu não voltar, cuide dela, não a deixe sofrer, não a deixe chorar, faça questão de relembra-la todos os dias o quanto eu a amo.
- Você vai voltar, Harry. Confiamos em você.
Assenti, desesperado por um pouco de contato com (S-N), despedi-me de Niall, que certamente estava cansado, e segui em direção à pequena cabana onde (S-N) ficava.
Ao entrar, perdi meus olhos sobre as enfermeiras sentadas em volta de uma mesa com velas. Os olhos de (S-N) rapidamente pousaram-se sobre os meus, e eu me controlei para não sorrir. As mulheres se levantaram e cumprimentaram-me, em respeito. Chamei por (S-N), para que conversássemos, e ela respondeu-me “Sim, Capitão”.
Sabia que as mulheres não desconfiaram, afinal eu era seu capitão e poderia conversar com qualquer uma ali, sobre planos e etc. Fomos, afastados, até a área fora da nossa base, próxima ao mar. Escondidos em um monte de areia.
- Eu estava com saudade. – Sussurrei, fazendo-a se sentar entre as minhas pernas. (S-N) era o tipo de mulher que tirava o que quisesse de mim. Eu não fazia o tipo de cara romântico ou carinhoso. Não tinha olhos para outra coisa que não fossem armas. Me divertia com prostitutas e outras mulheres que eram aproveitadas por outros soldados. Até ela chegar.
- Eu também...
- Como está se sentindo? – Beijei seu cabelo.
- Estou bem, eu acho. E você?
- Você acha? Está doendo alguma coisa?
- O coração, serve?
- Quer conversar sobre isso? – Perguntei-a, sem ter certeza se queria ouvir o que ela estava prestes a dizer.
- Só vou sentir sua falta.
- Eu voltarei logo. Eu prometo.
Nos encaramos por alguns minutos, antes que eu começasse a conta-la sobre a nova missão. O caso, é que essa missão tinha o dobro de risco que a antiga. Não se pode esperar que seus planos deem certo em meio à uma guerra. Não se sabe o que te espera do lado de fora da sua zona de conforto (a minha tinha nome e sobrenome). Eu estava com medo, mesmo que não fosse admitir.
Aos poucos as lágrimas brilharam na pele dela, por um segundo eu não soube o que fazer. Abracei-a junto ao meu corpo, murmurando que iriamos ficar bem.
Não posso contar quantas vezes repeti a frase desde que fui escalado para entrar na guerra, eu não sabia realmente se ficaríamos bem.
Ficamos sentados na areia, conversando sobre tudo, nos beijando, aproveitando a companhia um do outro enquanto havia tempo. Mas antes que o dia amanhecesse, deixei-a em sua cabana, e deixei com ela, o meu coração.
Acordei extremamente cedo no dia seguinte, eu partiria na madrugada, silenciosamente, voando baixo e fora das áreas do radar inimigo. Durante todo o dia, acompanhei as manutenções no meu avião. Meu estomago se embrulhava a cada segundo. Eu estava prestes a partir, sem saber quando voltaria. Sem nem saber se eu voltaria.

Despedias são desesperadoras, mas eu nunca passei por uma tão dolorosa quanto ao me despedir de (S-N). Ela estava chorando desesperadamente, tocando todo o meu corpo, como se quisesse me gravar, implorando-me para voltar logo. Eu a prometi coisas que eu não sei se poderia cumprir, beijei-a, disse que nos veríamos em breve. Disse-a, que quando tudo estivesse acabado, seriamos eu e ela em uma casa quente, com nossos filhos. Prometi-a que ficaria vivo.
Mas promessas, as vezes, são quebradas.

(S-N) pov
O avião de Harry partiu e tudo o que havia sobrado de bom e esperançoso em mim havia partido também. Por dias eu me mantive forte, fazendo meu trabalho. Ajudando as pessoas que precisavam de mim. Assisti a melhora de Niall e de outros soldados. Eu rezava todas as noites por Harry. Implorava por sua vida, se fosse preciso.
 Deitada na areia onde há dias estávamos eu imaginava onde ele estaria, e o que estaria fazendo. Na noite passada Niall me entregou uma carta, dizendo-me que era um presente de Harry. Eu ainda não a havia aberto, covarde, assumo. Mas eu simplesmente não conseguia.
Havia passado quatro dias desde que Harry se fora, e tudo o que ouvíamos eram as más notícias da Alemanha, ou os nomes dos soldados mortos e desaparecidos. Desde então, eu dava um jeito de ouvir conversas durante várias vezes ao dia.
Eu temia que a carta fosse uma despedida, uma oficial. Temia, que depois de lê-la, minhas esperanças fossem embora.
A minha única companhia era Niall, que se esforçava para me manter feliz sempre que pudesse, ele havia retomado os movimentos dos braços, então não ficava mais dia e noite na enfermaria, estava sempre aos cantos, conversando com os capitães da nossa base. Era como se escondessem algo.
No dia 19 de Setembro de 1940, Niall partiu também, se dizer uma sequer palavra sobre o que estava acontecendo.
Completamente sozinha, criei coragem para ler a carta que Harry escrevera. Deitei-me no monte de areia, meu local preferido desde então.
(Coloque para tocar, lembrando que a letra da música não faz parte da carta)

“8 de setembro de 1940, Inglaterra.
                                                    Querida (S-N).
Escrevo-lhe sem a certeza de estar fazendo a coisa certa. Tenho tanto a lhe dizer, e ai que está o problema. Deveria eu, estar te olhando, e lhe dizendo tudo o que desejo? Desculpe-me pela covardia. Você sabe, que no fundo, eu não diria nada.

É apenas mais uma noite
E eu estou encarando a lua
Vi uma estrela cadente e pensei em você

Agradeço-lhe por todo os dias que você esteve ao meu lado, e por quando não estava também. Pois eu estive pensando em você.

Cantei uma canção de ninar na beira d'água e soube
Se você estivesse aqui, cantaria para você
Você está do outro lado do mundo
E a linha do horizonte se divide
Milhas distante de poder te ver

O mundo é perigoso para os cegos apaixonados (S-N), por isso não é seguro ficarmos aqui. Em breve estaremos indo pra casa, e todos os nossos sonhos, não compartilhados, serão realidade. Peço, egoistamente, que me espere o tempo que for. Que pense e ore por mim, por nós.

Eu posso ver as estrelas da América
Eu me pergunto, será que você as vê também?
Então abra seus olhos e veja
Os nossos horizontes se encontrando
E todas as luzes irão te guiar
Pela noite, comigo

Olhe para as estrelas toda noite, e tenha a certeza eu estarei fazendo o mesmo, e estarei, pois elas me lembram você, seus olhos. Suas duas estrelas castanhas que brilham timidamente quando me veem. Por favor, não deixe que essas estrelas se apaguem, mesmo quando o mundo já estiver escuro demais para que você possa enxergar alguma coisa. Não percas teu brilho jamais.

E eu sei que os céus irão sangrar
Mas os nossos corações acreditam
Que todas as estrelas irão nos guiar para casa
Eu posso ouvir seu coração
Pelo rádio, ele bate
Eles tocaram "Chasing Cars" e eu pense em nós
De volta ao tempo em que você se deitava ao meu lado
Eu olhei para o lado e me apaixonei

Não chores pelo que vier a acontecer, permaneça forte. Olhe ao seu redor, esses doentes e feridos precisam da sua força, do seu dom de espalhar vida por toda parte.
Toda vez que sentir-se sozinha, lembre-se de mim, lembre-se que estarei pensando em você, amando-a sobre quaisquer condições. Porque as três palavras, quase nunca ditas, são as mais verdadeiras: Eu amo você. E amarei todas as horas do dia, amarei até mesmo quando não acreditares mais no amor.
Deixo-lhe tudo o que eu posso oferecer: o amor mais sincero, os toques mais verdadeiros, e uma única carta, pequena demais para dizer-lhe o quanto quero estar de volta. Tê-la nos meus braços novamente, entregando-se a mim.

Então, eu peguei a sua mão
E pelas ruas, eu soube
Tudo me levava de volta à você
Você pode ver as estrelas
De Amsterdã
E ouvir a canção que bate no meu coração?

Nos amaremos novamente em breve, seremos eu você e toda a paz que conquistamos. Mas por enquanto, lute, lute por você e por quem você ama. Lute, e quando eu voltar, estaremos mais fortes. Estaremos prontos.

Então abra seus olhos e veja
Os nossos horizontes se encontrando
E todas as luzes irão te guiar
Pela noite, comigo
E eu sei que os céus irão sangrar
Mas os nossos corações acreditam
Que todas as estrelas irão nos guiar para casa
Eu posso ver as estrelas da América

Amo-te.

                                                                  Vejo-te em breve.

                                                                                      Harry.”

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