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Imagine Niall Horan - Blue, parte 2.


                                              Parte 1.


Acordou com o celular tocando, ainda estava amanhecendo. Seu sorriso desapareceu quando ela viu que quem ligava não era exatamente a pessoa que ela queria que fosse.
- Sim, Luci?
- O resultado está pronto.
- Eu preciso ir agora?
- Agora o número de pacientes está mais baixo e não tem horários de visita, você vai se sentir mais à vontade.
- Tudo bem, chego em pouco tempo.
Ela sentia as mãos tremerem no caminho para o hospital, o ônibus estava lotado, mas ela se sentia completamente solitária. Se pegou pensando em Niall, e em como ele reagiria se soubesse o que ela tem. Respirou fundo quando viu que havia chegado.
(S-N) bateu na porta do consultório de Luci, ouvindo-a mandar entrar. Se cumprimentaram com um beijo no rosto.
- Bom, eu não tenho boas notícias. – Começou Luci, colocando o exame na frente de (S-N). – As células doentes estão se multiplicando de forma lenta, por isso você tem se sentido melhor nos últimos meses, mas isso não quer dizer que parou (S-A). As células anormais estão se espalhando pelo seu corpo através da corrente sanguínea. Temo que isso signifique que sua situação seja crônica. – (S-N) estava chocada demais, não conseguia acreditar. Em três semanas ela havia passado mal somente um vez, e agora, de um dia para o outro, descobre que não há possibilidades de cura para ela? – Eu quero que você fique em observação. Há dois meses atrás você me disse que não queria um tratamento rígido, mesmo sabendo que a sua situação não era boa. Mas agora as coisas tendem a piorar, você pode passar mal com mais frequências, há possibilidades de anemia e sangramentos. – Luci suspirou. – Câncer não é uma doença para os fracos, (S-N).
- Eu entendo. Eu vou colaborar, se vocês querem me deixar trancada aqui, tudo bem. Mas que seja a partir de amanhã. – (S-N) sentia o estomago embrulhar, queria vomitar. Queria ir pra casa deitar em sua cama e só acordar quando tudo isso tivesse acabado. – Eu não tenho me sentido mal com frequência então não acho que seja necessário estar aqui hoje, e eu...
- (S-N), não precisa ficar abalada assim. – Comentou Luci, vendo que Blue estava pálida. – Não é uma certeza, por isso preciso que fique em observação, preciso de exames semanais, quero ver o comportamento das suas células. – Ela mexeu em alguns papéis. – Vou tentar conseguir pessoas dispostas a fazer testes para ver se são compatíveis com você. Se conseguimos um doador de medula, e se não for crônico, as coisas vão tomar outro rumo.
- Conseguir um doador...- (S-N) revirou os olhos. – Luci, eu estou na fila de espera desde que descobri o câncer, faz cinco meses. Há quatro meses atrás, o Dr. Keaton me disse que eu tinha no máximo seis meses de vida, e eu estou ao máximo tentando viver o tempo que me resta sem pensar nessa maldita fila que não anda... O que te leva a pensar que vai andar agora? Faltando dois meses para que acabe “o meu prazo”?
- Isso é ridículo (S-N), não se pode medir o tempo de vida de alguém. Não é porque você está doente que você vai morrer mais cedo. – Ela suspirou, ponderando se deveria ou não falar aquilo. – Eu vi a lista que você fez. Vi que você está tentando ao máximo curtir a sua vida, e eu fico feliz com isso. Mas (S-N), você ainda não morreu. Não há porque se deixar abalar agora.
- Tudo bem, eu só preciso de um tempo para pensar.
- Ótimo, nos vemos amanhã?
- Até amanhã.
(S-N) voltou para casa atordoada, nem o fato de jantar com Niall parecia lhe animar. Não queria de jeito nenhum que ele soubesse de sua doença, dos seus problemas. Parou por um segundo para pensar se ele apoiaria ela e ficaria ao seu lado se soubesse. Não queria arriscar.
Tirou a roupa lentamente, em frente ao espelho, ficando apenas de roupas intimas. Tirou a peruca e os grampo dos apliques azuis, vendo seu cabelo curtinho e castanho. Gostava do que via no espelho, bem lá no fundo, gostava. Era quem ela foi. Mas o que seria do apelido “Blue” sem o cabelo azul?
Respirou fundo, deitando-se na cama, e adormecendo até que o relógio lhe obrigasse a levantar.

Niall estava surtando, Charlote não parava de chorar, e ele ainda precisava fazer o jantar. Decidira que queria que Blue conhecesse sua filha, sabia que se dariam bem, a personalidade das duas são iguaizinhas.
- Tudo bem, meu amor, tudo bem. – Tentava acalmar Char, que chorava por ter queimado a mão ao pegar o mingau quente. – Papai disse para esperar esfriar... Você ainda vai me enlouquecer Char. – Ele sussurrou, ouvindo a menina parar de chorar e gargalhar.
- Fome, papai.
- Você vai comer comigo e com a Blue, querida. – Olhou para o relógio e fechou os olhos. – Que inclusive vai chegar a qualquer momento. Preciso me arrumar.
Levou Charlote para o cercadinho, a garota já estava vestida com seu vestidinho azul claro, e os longos e cacheados cabelos loiros penteados. Niall foi para o seu quarto, se trocando o mais depressa possível.
Ouviu a campainha tocando e sorriu animado, passando uma quantidade extra de perfume.
- Blue. – Falou baixo, sorrindo abertamente. – Entra... – Deu espaço para que ela entrasse em sua sala . 
- Boa noite. – Disse ela, piscando os olhos lentamente. Sua voz estava mais baixa e desanimada que o normal.
- Tá tudo bem?
- Sim, não se preocupe.
- Ótimo... Bem vinda à minha casa. – Ele sorriu nervoso, e ela se aproximou rindo.
- Não precisa desse nervosismo todo. – Encostou seus lábios aos dele em um selinho demorado. – Ainda sou só eu. – Riu.
Niall a encarava encantado, qualquer outra mulher iria se afastar ou arrumar mil desculpas para não beijá-lo, ou para se fazer de difícil. Mas com Blue não era assim; ela queria, ele também, então por que não?
- Na verdade... Tem alguém que eu quero que você conheça. – Ele disse já seguindo para a cozinha, enquanto ela o encarava confusa. – Pode esperar aqui. Fique à vontade.
- Tudo bem.
(S-N) começou a repara em toda a casa, sem dúvidas Niall era bem sucedido. Blue ainda se sentia mal com a notícia de hoje, estava desanimada, triste, sem vontade de nada. Se pudesse teria ficado em casa, ou até mesmo no hospital.
- Bem... (S-N), essa é a Charlote. – Ele voltou com uma garotinha linda no colo. (S-N) não pode deixar de reparar a semelhança entre os dois.
- Quem? – Niall respirou fundo.
- Minha filha, Blue.
- Filha? – Blue o encarou confuso. – Niall... Você não me disse que era casado, ainda mais que tinha uma filha. – Murmurou confusa, irritada, surpresa.
- Não. – Exclamou exasperado. – Eu não sou casado, Char mora comigo. Eu e a mãe dela nos separamos há algum tempo. Não tem... Problema, né? – Perguntou sem graça.
- Não... – Ela riu. – Quer dizer, é meio louco. Você sabe... Eu não esperava. – Ela sorriu se aproximando. – Olá Charlote.
- Nhoi  - Resmungou com a mãozinha na boca.
- Você é tão linda. – Blue disse, encarando a menina.
- Ela está tímida. – Niall disse. – Mas não vai ser por muito tempo. – Riu. – Vem, eu preparei algo especial pra você.
- Uau. – Ela riu.
Os dois seguiram para a cozinha. Charlote aos poucos foi se soltando, e até arriscou pedir colo para (S-N). Ela gostava disso, apesar de ainda estar deprimida. De certa forma, ter uma criança consigo lhe trazia um pouco de vida.
Niall serviu vinho e um salada de figo recheado como entrada. Em seguida, comeram frango marinado ao limão meyer, e para sobremesa, uma torta holandesa.
- Eu tenho que admitir. Não sabia que você cozinhava tão bem. – Blue disse rindo, enquanto iam para a sala. Charlote estava quase adormecida nos braços de Niall. Havia falado e brincado durante todo o jantar. (S-N) se deliciava ao ver o lado paterno de Niall enquanto ele dava o jantar para sua filha, e de sobremesa uma frutinha, que Blue quis dar.
- Tem muita coisa que você não sabe, Blue. – Piscou para ela, rindo. – Bom, não tem tanta assim agora. – Olhou para Charlote adormecida em seus braços. – Vamos leva-la ao quarto?
- Sim, claro.
Os dois subiram as escadas em silêncio, indo ao quarto de Charlote, que ficava em frente ao de Niall. Blue estava completamente encantada com o quarto adorável.
Ficaram mais um tempo no quarto, enquanto Niall lhe mostrava tudo, até que desceram para a varanda. Que tinha uma lareira artificial, e duas poltronas.
- Sabe, você ainda não me parece muito legal. – Murmurou Niall, segurando as mãos dela, que riu brevemente.
- Está tudo bem, sério. Só estou cansada. – Ela segurou a mão dele, mesmo que fossem separados por uma mesa de madeira, com um vaso de flor.
- Quer ir pra casa?
- Eu não quero ficar sozinha. – Murmurou ela, baixinho, ainda apertando a mão dele.
- Tem alguém carente? – Ele riu, vendo-a sorrir. Niall pegou a mão leve de Blue, e depositou um beijo ali.
- Acho que é mais que carência. – Ela sorriu triste.
Era difícil olhar para Niall e fingir que estava tudo bem. Ao mesmo em que tentava se concentrar nele, sua cabeça tratava de se lembrar que só faltavam dois meses até que o prazo de seis meses que seu primeiro médico lhe dera. Por outro lado, Luci dizia que não se pode medir o tempo de vida de alguém.
De um lado, seu câncer poderia ser crônico. Por outro, ela poderia achar um doador. Era tanta coisa, que tudo o que ela queria, na verdade, era mais uns segundos para sentir as mãos de Niall na sua. Não queria desistir da sua vida, mas não queria chegar ao ponto de ter anemias e hemorragias.
Sem que percebesse, uma lágrima escorreu dos seus olhos, e ela fez de tudo para que aquilo passasse despercebido por Niall. Sentiu frio de repente, seu corpo todo se arrepiou, e ela teve uma leve tontura. Sabia que encher a cabeça de coisas a deixar pior, mas não evitava pensar nisso.
- Está frio aqui, né?
- Blue, eu estou quase suando.  – Ele cerrou os olhos. –Sua mão está quente. Blue... – Ele levantou parando em frente à ela. - Blue? – Levantou o rosto dela, que antes estava deitado sobre a poltrona. – AH MEU DEUS, BLUE. – Arregalou os olhos ao ver que escorria sangue do nariz dela. – Droga, vem aqui.
Segurou-a pela cintura, levando-a até o banheiro. Pegou-a pelas coxas colocando-a em cima da pia.
- Está tudo bem Niall. –Tentava acalmar ele. – Isso acontece sempre...
- BLUE, para, tá legal? Não está tudo bem... Porque não me diz o que acontece?
- Porque não acontece nada, fica calmo.
Blue limpou várias vezes, mas o sangue não parava.
- Eu já volto. – Avisou à Blue, que deu um sorriso amarelo.
Niall foi até a sala, ligando para Florence para que ficasse com Charlote enquanto ele levava (S-N) para o hospital.
Ouviu um barulho enquanto falava com Florence, e pediu que ela fosse o mais rápido possível.
- Blue? – Chamou. - Blue?... – Correu até o banheiro, vendo a garota jogada no chão, completamente desacordada.
Gritou o nome dela mais uma vez, respirou fundo decidindo o que fazer. Ligou para o pronto socorro, e logo uma ambulância estava batendo à sua porta.
- Não vai acompanha-la, senhor? – Perguntou o enfermeiro.
- Eu não posso agora, minha garotinha... – Estava atordoado. – Eu vou assim que minha irmã chegar.
- Tudo bem, senhor.


- Você é Niall Horan? – Perguntou-lhe uma mulher com cabelos curtos.
- Sim, eu mesmo.
- Sou Luci, médica da (S-N), podemos conversar? – Niall olhou para a garota ligada em vários aparelhos. Soltou sua mão e seguiu a médica.
- Bem Sr. Horan, acredito que (S-N) já tenha lhe contado sobre a leucemia. – Ela disse casualmente, mexendo em alguns papéis.
- Leu... O que? – Ele disse exasperado. – Blue tem leucemia?
- Ela não te disse?
- Não... Ela nunca me disse nada.
- Oh, sinto muito Sr. Horan. – A médica massageou as têmporas. – (S-N) é nossa paciente há quatro meses, ela foi diagnosticada com leucemia. Os últimos exames dela mostraram que a células cancerígenas tem se multiplicado e espalhado pela corrente sanguínea. Neste exato momento estão confirmando se o sangue no nariz não é um sintoma de hemorragia. O que é muito comum na fase em que ela se encontra. Eu, honestamente, não sei o que vai acontecer Sr. Horan.  – Niall suspirou, não acreditando em nada daquilo. – Sinto muito que ela não tenha te contado...
- Posso ficar com ela por um tempo?
- Claro, claro. Vejo você depois. – Eles se cumprimentaram com um aperto de mão.
Niall voltou para o quarto de (S-N) e sentiu frio. Não relacionado à temperatura, mas à ele mesmo. Porque ela não tinha lhe contado? Não confiava nele?
Ele não podia deixar de pensar que seus olhos estavam grudados em sua Blue, enquanto a mente estava em sua Charlote. Sabia que não deveria deixar a filha com a irmã durante muito tempo, apesar de ser um prazer para Florence, mas também não podia largar Blue ali sozinha.
- Porque não me disse nada Blue? – Ele se sentou na poltrona de couro preto, ao lado da cama, pegando a mão pálida de Blue. – Tudo seria diferente, Blue, eu iria cuidar mais de você... Eu juro. – Sentiu as primeiras lágrimas caindo, levou a mão dela até seu rosto, fazendo com que suas lágrimas molhassem os dedos finos da garota.
Deitou o rosto na cama dela, enquanto brincava com a mão dela. Seu rosto estava inchado. Era engraçado e irônico como havia se apegado à ela, uma garota tão inconsequente e mais nova. Uma criança, praticamente.
Levou os olhos até a pequena mesa, vendo um livro de capa marrom. Na capa, estrava escrito “Memórias da meia noite”, ele sorriu, tentando adivinhar do que se tratava.
Recostou-se na poltrona, sentindo-a dar uma leve inclinada. Antes que começasse a ler, Luci passou no quarto para dizer que haviam sedado ela, e que ela acordaria em alguns dias, sem dor.
Niall imediatamente começou a ler. Leu sobre quando ela dissera o medo que sentiu quando soube que tinha apenas mais seis meses. Leu sua lista de coisas, que ela não havia especificado, mas se tratava e uma lista de 10 coisas para serem feitas antes da morte. Leu sobre dar valor a alguém que não merece, e em baixo, um pequeno texto que contava sobre o bêbado motoqueiro do bar.
“Será então, que tudo o que eu precise agora seja coragem e cerveja?”, Niall deixou uma lágrima cair ao se lembrar da única frase que ouviu do homem. Havia também um texto sobre ele, e como ela gostou de irritar o “estressado de terno”. Riu com o apelido. Os textos então, se resumiam às coisas que eles viviam juntos. Sobre como ela se sentiu feliz, pela primeira vez em muito tempo na noite do show.
“Eu me achava verdadeiramente feliz, até que Niall aparecesse e me mostrasse que eu estava errada”.
Pegou a caneta que ficava na lateral do diário, e escreveu algumas palavras, para que ela, quando acordasse, pudesse saber que ele esteve ali. E que estaria sempre que ela precisasse.
“ 11 de março, Londres.
Na verdade nem deveríamos estar aqui, mas estamos. São como nas grandes histórias. As que tinham mesmo importância. Eram repletas de escuridão e perigo. E, às vezes, você não queria sabem o fim... Porque como podiam ter um final feliz? Como podia o mundo voltar a ser o que era depois de tudo isso? Mas, no fim, é só uma coisa passageira, até tudo passar. Um novo dia virá. E, quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam nas lembranças, que significavam algo. Mesmo que você fosse pequeno demais para entender. Mas acho que entendo sim. Agora eu sei. As pessoas dessas histórias tinham várias oportunidades de voltar atrás mas não voltavam. Elas seguiam em frente porque tinham no que se agarrar. – Senhor dos Anéis
- Niall. ”


Continuação em breve.

Imagine Com Niall Horan - Blue.

Inspirado em 'Whoever she is - The Maine. Pedido feito por anônimo. 



 10 coisas para serem feitas em seis meses:
1-    Pular de paraquedas.
2-    Conhecer um cara legal e ter uma boa noite de sexo.
3-    Ter um cabelo azul.
4-    Fazer uma tatuagem.
5-    Dar valor à alguém que aparentemente não merece.
6-    Realizar um sonho de adolescente.
7-    Viajar sem rumo e sem dia para voltar.
8-    Comprar uma Polaroid e fotografar tudo o que está nesta lista.
9-    Viajar para Áustria.
10-  Mudar a vida de alguém.
Ela sorriu fechando o seu diário e olhando pela janela afora. Suspirou pesado, tentando inutilmente impedir que a dor lhe tomasse novamente. Não iria se rebaixar ou se deixar vencer. Agora ela seria ela, e faria tudo por ela. Se permitiria, uma vez, ser egoísta.


Niall sentiu duas mãos pequenas lhe afagarem o rosto, sorriu internamente, murmurando palavras desconexas. Ah, como ele amava acordar com esse carinho. Sentiu o corpo relativamente pequeno se aninhar ao seu peito e suspirou, sabendo que era hora de levantar. Virou o rosto, sorrindo em direção aos grandes olhos azuis que lhe encaravam.
- Coda – Murmurou ela. – Coda, papai.
- Papai já acordou, meu amor. – Sorriu, beijando a testa da pequena Charlote.
- Beso – Pediu ela, ele sorriu envergonhado, ainda se acostumando com o novo carinho preferido de Charlote. Selou seus lábios rapidamente nos dela, vendo-a sorrir e abraçar ele. A abraçou de volta, sentindo o calor dela passando para si.
Levantou-se com cuidado e carregou Charlote consigo até o banheiro do quarto, colocando-a sentada na bancada enquanto escovava os dentinhos dela com uma escova da barbie e pasta de dente de framboesa.
Desceu as escadas ainda com a garota no colo. Ela não parava de falar, e ele não parava de rir. Não por achar graça dela, mas de si mesmo, já que não conseguia entender nada.
Charlote tinha dois anos, e ainda falava enrolado. Mesmo que completamente adorável, ele sabia que deveria ter mais tempo para ensina-la palavras novas.

Estava preparando o mingau de sua filha quando a campainha tocou, vendo Charlote fazer um escândalo na cadeirinha.
- Tita.
Ele riu.
- Sim, é a titia. Ela vai ficar com você hoje, Char. Promete pro papai que vai ser uma boa garota?
- Po... Pom... Pome
- Tudo bem, deixa pra lá. – Riu mais um vez, indo em direção à porta da sala.
- Florence! – Cumprimentou-a com um aceno. – Eu tenho uma reunião importante daqui pouco, não acho que vá demorar, mas você sabe... Preferi não arriscar leva-la para o escritório.
- Não se preocupe Niall, eu adoro passar o dia todo com a minha sobrinha lindazinha né tchutchuca? – Disse ela com uma voz extremamente afinada e infantil, que fez com que Niall fizesse uma careta.
- Tudo bem. Vejo vocês no almoço. – Deu um beijo na filha e na irmã, pegou seu terno que estava pendurado e saiu rumo ao seu Audi Rs7.
Niall era um advogado renomado na cidade. Trabalhava todos os dias, das sete da manhã até as oito da noite. Nas últimas duas semanas havia entrado de férias, mas seriam feitas alterações no escritório, por isso deveria comparecer à reunião, que seria compensada com mais um dia de férias.
O transito no centro de Londres estava infernal, e ele repetia mantras em voz alta para se acalmar, não precisava ficar nervoso justo agora. Passou os olhos várias vezes pela rua de seu escritório, não vendo nenhuma vaga para estacionar. Xingou alto, apertando as mãos no volante, já começara a ficar irritado.
Decidiu que deixaria o carro em um estacionamento pago, afinal, não era seguro deixar em qualquer rua. O estacionamento, no entanto, ficava à três quadras do prédio.
Andando, ele sentia as mãos ficando cada vez mais frias. Londres era irritantemente frio de manhã.
     Mais à frente viu um grande grupo de jovens na calçada, cantavam e tocavam violões. A fachada de uma loja fechada estava completamente cobertas por cartazes coloridos. Revirou os olhos. “Baderneiros, ótimo, é tudo o que eu preciso”.
Abaixou o rosto e tentou passar despercebido pelos jovens, mas algo lhe chamou a atenção. Era uma garota. Ela tinha o cabelo azul. Não era bem azul, daquele escandaloso, era um tão claro, que mais parecia cinza, com mechas roxas nas pontas.
Na blusa que ela vestia estava escrito “Free Hugs” e ele percebeu que a encarava demais quando ela deu um sorrio doce para ele. Niall abaixou o rosto e continuou andando.
- Isso não foi muito educado da sua parte. – Ouviu uma voz macia ao seu lado, e levantou o rosto, apenas para confirmar que a menina do cabelo azul estava ali.
- Sinto muito, não tenho tempo para educação. – Sabia que ela se referia ao fato de ele ter negado um abraço e ignorado todos os jovens presentes.
- Seu dia parece péssimo. – Ela comentou.
- E você parece empenhada e piorar ele. – Respondeu amargamente.
- Um abraço pode mudar seu dia, sabia?
- Olha, moça. Eu mal tenho tempo de respirar, imagina de parar e te dar um abraço. – Percebeu ele que ela o seguia por mais de um quarteirão.
- Se você tivesse parado de discutir, poderia ter ganhado seu abraço e ir sem pressa para o trabalho. – Ele apenas revirou os olhos. – Você é sempre assim tão... Amargo?
- Não, eu não sou sempre assim. Só quando eu estou atrasado para um reunião importante, o transito da cidade está uma merda, e uma estranha decide me perseguir me encher a paciência.
- Uh, essa correria ainda vai acabar com você, sabia? É o mal do século... Tempo.
- Desculpa, não tenho tempo pra refletir com você. – Apressou o passo, deixando-a sozinha para trás.
- Você quem sabe, eu tentei ajudar. – Ouviu a voz dela, divertida, e sentiu-se ainda mais irritado.
Chegou ao trabalho sorrindo falso para todos ali presente. A reunião logo começou. Sentiu-se ainda mais estressado quando soube que as informações sobre mudanças não precisavam ser ditas à ele. Ele era sócio do escritório, sim, mas não eram coisas que precisavam urgentemente serem passadas. Eram apenas novas regras de trabalho, que entrariam em vigor em três meses.
Enquanto fingia atenção ao seu sócio falando, rabiscara em sua folha:

10 fatores irritantes do dia de hoje
1-    O frio matinal.
2-    O transito de Londres.
3-    A falta de estacionamento.
4-    A reunião.
5-    Os motivos da reunião.
6-    Meu sócio.
7-    Essa cadeira desconfortável.
8-    O barulho que a Luci faz ao tomar o café dela.
9-    Abraços grátis.
10-  Garotas de cabelos azuis.

Suspirou uma ou duas vezes, olhando à cada cinco minutos para o relógio. Quando a reunião acabou, ele poderia levantar as mãos pros céus e agradecer. Teria dois meses longe daquele inferno particular. Suas amadas férias.
Não falou com ninguém enquanto saia do prédio, mas sua cabeça estava com um turbilhão de pensamentos. Não que odiasse seu trabalho, mas as vezes ele realmente pensava que precisava de um break. Queria ficar com Charlote, queria mimá-la, sair com ela, ensinar-lhe novas palavras, não queria ter que ficar se preocupando com novas regras.
Quando viu o grupo de jovens, revirou os olhos mais uma vez. A garota de cabelo azul ainda estava lá, mas dessa vez, ela abraçava uma senhora, que parecia muito carente, inclusive. Não deixou de reparar que a garota fechava os olhos enquanto a abraçava, parecia fazer aquilo com tanto amor.
“Um abraço pode mudar o seu dia”
Afastou o pensamento e passou pelo grupo de jovens de cabeça baixa.
- Não vai me abraçar nem agora? – Ouviu novamente aquela voz, que de doce se transformou em irritante.
Eles andaram alguns bons passos de distância, da festa que o grupo fazia, em silêncio.
- Você quer tanto um abraço meu? – Ele parou, encarando-a nos olhos.
- Eu não quero, mas você precisa.
- Eu não costumo tocar em estranhas. – murmurou ele.
- Tudo bem. Mas um dia, você vai precisar de um abraço! E quer saber? Eu não guardo rancor. Você vai saber onde me achar!
 Ela sorriu estranho e foi para perto dos amigos. Olhando na direção dele apenas mais uma vez. Niall, no entanto, ficou parado por um momento, pensando no quão estranho era aquilo.
Que tipo de pessoa abraça um estranho, assim, no meio da rua? Nunca se sabe onde ele colocou as mãos, ou quando foi a última vez que tomou banho. Revirou os olhos e andou em direção ao seu carro.


Ela corria por entre as árvores, ouvindo a música alta no seu fone, o parque ecológico lhe passava boas sensações. Gostava de ficar ali, sentir a umidade do ar, gostava de caminhar pelos caminhos de pedra, ou de ouvir o som da pequena cachoeira que ali havia.
- We found love in a hopeless place... – Cantarolou baixinho e com dificuldades por causa do folego, estava correndo a mais de uma hora. Parou uma ou duas vezes para respirar. Na terceira, dobrou o tronco e apoiou as mãos no joelhos respirando fundo. Sentiu um vento frio e percebeu que alguém passara correndo ao seu lado, olhou em direção à pessoa e sorriu, voltando a correr.
- Olá! – Ela disse, correndo ao lado de Niall. E a olhou e revirou os olhos. Pra ela era divertido vê-lo fazendo aquilo.
- Você é algum tipo de psicopata e está me perseguindo?
- Não, não que eu saiba – Ela riu. – Hey, eu nem sei o seu nome.
- Eu também não sei o seu e não estou preocupado com isso. – Ele disse soando grosseiro, mesmo sem intenção. Ficara com uma impressão ruim desde o dia que a viu pela primeira vez.
- Sou (S-N) – ela o olhou, erguendo uma sobrancelha. Viu que ele desistira de voltar seu fone à orelha. Ele ficou em silêncio por algum tempo até murmurar:
- Niall.
- Nome legal, Niall. – Respirou fundo. – Vamos apostar uma corrida?
- Eu tenho 32 anos! – Revirou os olhos.
- Não acredito que está com medo de perder para uma menina de 19! – Ela riu. Ele, por sua vez, nada disse, respirou fundo segurando um sorrisinho. Começou a correr mais rápido, mostrando à ela que havia aceitado a corrida. Ela apenas gritou um “Hey” e correu também, rindo e tentando ultrapassar Niall.
Ambos riam e Niall pela primeira vez em muito tempo se sentiu uma criança de onze anos, eles corriam pelas curvas empurrando um ao outro, ele viu as mechas azuis preencherem seus olhos e riu, desviando, sem querer, os olhos pelo corpo da garota. Ela vestia um short escrito “Twerk” e ele teve que rir mais alto, se sentindo particularmente cansado.
- Nós não combinamos até onde vai essa corrida. – Ele gritou, tentando alcança-la. A garota era mais forte que ele imaginava!
- O céu é o limite, meu caro! – riu alto. – Até a cachoeira! Te encontro lá. – Gargalhou aumentando sua velocidade.

Whoever she is, whoever she may be, one thing’s for sure: You don’t have to worry.
(Quem quer que ela seja, quem quer que ela possa ser, uma coisa é certa: você não tem que se preocupar)

Niall também aumentou o passo, não querendo perder a garota de vista. Mal podia acreditar que, ele, no auge dos seus 32 anos e da sua carreira brilhante em advocacia, estaria às quatro horas da tarde apostando corrida com uma menina de 19 anos. Uma criança, perto dele.
De qualquer forma, não iria perder!
- Você vai comer poeira (S-N)! – Ele riu mais alto, ultrapassando ela. Correu, sem olhar pra trás, até que parou de ouvir os passos dela. Preocupado, olhou ao seu redor e a viu ao longe, apoiando-se na barra de ferro que separava as árvores dos caminhos de pedras. Voltou correndo. – Está tudo bem?
Ela tossiu algumas vezes e teve um pouco de dificuldade para respirar, Niall pegou na cintura descoberta dela, ajudando-a a andar até um dos bancos de madeira que ficava perto do lago com a cachoeira. Eles se sentaram, observando as pessoas que andavam ou faziam piqueniques por ali.
- No fim... Você venceu. – Ela comentou fraca, mas com um sorriso doce.
- Eu não cheguei até aqui. – Ele a olhou, sorrindo também.
- Porque parou pra me ajudar.
- Você tem certeza de que está tudo bem? – Ela engoliu em seco, não sabia o que dizer, não sabia o que estava acontecendo, só sabia que não era bom. Mas assentiu, não achava que ele precisasse saber daquilo.
Eles olharam para as crianças que corriam em direção ao sorveteiro e riram.
- Você quer? – Ele perguntou, apontando para o homem em uma pequena van com tema de doces.
- Creme. – Ela sorriu, vendo-o se levantar e ir em direção ao vendedor. Enquanto ficou sozinha (S-N) sentiu os grampos na cabeça coçarem um pouco, respirou fundo, fechando os olhos. Sentiu-se levemente tonta. Sabia que precisava voltar, mas não queria sair de perto do homem, cujo lhe comprava um sorvete.
- Você está pálida! – Ouviu a voz dele soar com um leve tom de preocupação.
- Acho que a minha pressão caiu um pouco, você sabe... Corri demais. – Deu um sorriso amarelo, ainda sentindo os grampos lhe incomodarem.
- Então tome, o doce vai ajudar, eu acho. Ou é salgado? – Ele riu, sentando-se ao lado dela.
- Eu não faço ideia.
- Então, (S-N), conte-me sobre você. – Pediu Niall, atacando o seu sorvete. Ela riu.
- Olha só, que evolução. Pensei que me achasse uma louca maníaca.
- Eu não disse que parei de achar, só quero saber se você é confiável e sabe se controlar. – Ambos gargalharam.
- Muito engraçado.
Eles terminaram o sorvete e andaram até a saída do parque, onde o carro de Niall estava estacionado.
- Foi bom te ver. – Ela disse, sorrindo. Acenou com o rosto e andou pela calçada.
- Espera. – Ele chamou. – Você não está de carro?
- Ah não, minha casa não é muito longe.
- Então eu te dou uma carona. – Disse ele, que se manteve firme mesmo com as negações dela. – Não vou deixar você passando mal andando por ai. Vamos. – Ela sorriu, aceitando e entrando no carro.
- Carro legal.
- Obrigada.

Eles foram ouvindo Beatles até (S-N) colocar uma música do Backstreet boys, que deixou Niall indignado.
- Então você é obcecada por Boybands desde sua adolescência? – Ele riu. – Tá aí uma coisa que eu não imaginava sobre você.
Ela não respondeu, apenas indicou com o dedo o pequeno prédio em que morava. O contraste de vida entre Niall e (S-N) era quase palpável. Ele se calou ao ver o lugar.
Niall vivia em uma casa de dois andares, andava em um Audi e tinha o emprego perfeito. Ela não trabalhava, gostava de andar, morava em um apartamento de no máximo quatro cômodos pequenos.
- Tem muita coisa sobre mim, Niall, que você não imagina. – Ela disse olhando para frente, coçando sua cabeça mais uma vez. Niall cerrou os olhos. – Obrigada pela carona, nos vemos por aí. –Ela sorriu e saiu do carro.


Em seu quarto, ela pegou o diário enquanto observava a lua cheia pela janela. A escrita do dia era sobre Niall, e sobre como ela se sentiu quando passou mal. Sabendo agora o porquê do ocorrido.
No fim da escrita, a única frase que realmente importava era:
“So to hell with the bad news. Dirt on your new shoes. It rained all of May ‘till the month of June”
(Então pro inferno com as más notícias. Sujeiras nos seus sapatos novos. Choveu todo Maio até o mês de Junho)
E no fim da pequena frase da sua nova música preferida ela acrescentou:
“É a minha vida, e eu não pretendo desistir.”
Deitou-se, demorando mais que o usual para dormir àquela noite.

Niall chegou em casa e foi direto pro banho, Charlote estava na casa de Florence e logo chegaria também. Ele estava exausto, mas admitia: havia gostado do dia. (S-N), no fim das contas, era uma pessoa legal.
Estava na cozinha quando ouviu um baque na porta e um gritinho animado, sorriu sabendo que sua garotinha estava ali.
- Char. – Ele chamou, ouvindo-a se animar ainda mais. Havia tirado o dia para cuidar de si mesmo, agradeceu por ter uma irmã apaixonada pela sobrinha, não saberia o que fazer se precisasse ouvir os resmungos de Charlote o dia todo e fingir que entendia.
Eles comeram enquanto Char falava, ou melhor, tentava falar sobre o seu dia. Quando o relógio marcou nove da noite, ele banhou Charlote e leu a história da Branca de Neve para ela, que adormeceu na terceira página.
Voltou para a garagem ao ver que tinha deixado seus fones no carro e percebeu que não fora só ele que esquecera algo. (S-N) havia deixado lá seu celular. Ele olhou confuso para o aparelho, pensando que poderia leva-lo até ela, ou esperar ela ligar.
Decidiu que pensaria no que fazer no dia seguinte, levou cobertores mais pesados para o quarto, deitou-se em sua King Size e começou a assistir um filme qualquer de suspense. Dormiu na terceira parte.


Ela acordou com o barulho que o celular fazia em seu criado mudo. E sorriu, já sabendo quem era e o que queria.
- Oi. – Ela respondeu tímida, detestava falar no telefone desde sempre.
- Você percebeu o que aconteceu, né?
- Sim. – Gargalhou, mais à vontade por confirmar que era ele com quem falava.
- Como vamos fazer para destrocar?
- Porque você não me encontra hoje no Teenage’s club?
- (S-N), pelo amor de Deus, eu tenho 32 anos, não vou em um lugar lotado de adolescentes que toca músicas de bandas de garagem.
- Seu preconceito me encanta, Niall! – Ela revirou os olhos. – Vamos lá, por favor. – “Você vai estar participando da minha quinta opção da lista e nem vai saber.” Completou ela, mentalmente. – Prometo que vai se divertir.
Ele ficou um tempo em silêncio, e ela ouviu berros e uma vozinha feminina ao fundo. Sentiu o estomago revirar.
- Quem é, Niall?
- Ninguém, (S-N). Hoje às oito no club? – Ele mudou de assunto.
- Te vejo lá.
Eles desligaram o telefone, e voltara imediatamente para suas realidades diferentes: Ele à alimentar uma criança. Ela, a observar a janela deitada de barriga para cima.
- (S-N), como está? – Perguntou Luci.
- Tudo bem... Luci, preciso sair mais cedo hoje!
- (S-N), eu não sei se devo...
- Eu tenho um encontro! – Disse rápida, atraindo a total atenção de Luci para si. Não era realmente um encontro, mas de qualquer forma, precisava convencer a mulher.
- U-um encontro? – Ela respirou. – Nesse caso, eu te libero. – Sorriu amigável.
Niall já estava devidamente vestido quando a campainha tocou. Depois da bronca de Florence por ele não levar sua filha ao seu ér... Encontro, pode finalmente sair de casa, com um sorriso no rosto, e as mãos suando contra o couro do volante.

A fachada do pub estava em neon, mais imprudente impossível, pensou ele. Porque é que ela não escolheu um lugar mais adequado para uma conversa? Talvez um restaurante.
Entrou no lugar mesmo assim, avistando-o lotado de pessoas, e uma banda de adolescentes no palco. Típico. Olhou por todos os lados e a viu sentada em uma mesa com uma poltrona que a circundava. Ela conversava com um velho bêbado, mas sorria encantada, e parecia prestar atenção em tudo o que ele dizia. Niall quis rir, talvez ela estivesse bêbada.
- Vejo que encontrou uma companhia melhor. – Ele comentou, vendo as duas atenções serem levadas para si.
- Niall. – Ela exclamou mais animada que o usual.- vem, senta com a gente. – O chamou com a mão. Ele se sentou ao lado dela, olhando de forma estranha para o velho bêbado com cara de motoqueiro à sua frente. – Ele tá contando uma história incrível. – Ela sussurrou segurando de leve na mão dele e colocando-a sobre a sua coxa, entrelaçada com a sua. Niall não pode deixar de olhar as mãos unidas na coxa descoberta da menina, sentiu-se diferente, mas aquilo era tão espontâneo dela, sabia que ela não queria provocar, até porque estava interessada demais na história do velho.
“5- Dar valor à alguém que aparentemente não merece”
Niall, que estava completamente alheio ao que o velho dizia, somente ouviu a última frase:
“- E no fim, nós descobrimos, que para enfrentar todos aqueles problemas, só precisávamos de um copo de cerveja e uma boa dose de coragem.”

Niall percebeu (S-N) inquieta desde que o tal velho fora embora, tentou perguntar se tinha algo de errado, mas ela sempre negava.
- Você quer dançar?- Perguntou ele, vendo-a arregalar os olhos.
- Pensei que não dançasse.
- Eu posso tentar fazer isso, se for pra melhorar sua cara.
- O que tem de errado com a minha cara, Niall? – Ela perguntou brava.
- Nada, é só que... Eu gosto do seu sorriso, blue. – Ela sorriu levemente, gostando do apelido. Murmurou um “blue” baixinho, e pegou a mão dele, indo até a pista de dança.
Niall era completamente enferrujado, e ela se divertia assistindo ele arriscar alguns passos. Estava, por àquele momento, se esquecendo de tudo ao seu redor. A banda de rapazes era até boa, na opinião dela.
Saíram do bar às duas da manhã, completamente suados. (S-N) carregava os sapatos nas mãos, e ele ria sem parar.
- Não vou te deixar dirigir neste estado, Niall. – Ela riu, o segurando pela cintura.
- Eu tô muuuito bem, Blue.
- Eu sei que tá, a bebida faz isso. – Ele a encarou, por alguns minutos, observando cada detalhe dela. Ela se vestia, exatamente, como uma adolescente. Como poderia ele ter se sentido atraído naquele momento? Ele tinha idade para ser o pai dela!
- Você dirige? – Ele perguntou de repente, vedo-a negar. – Confia em mim?
- Eu deveria? – Ela o encarou, vendo-a apenas acenar com o rosto, controlando-se para não deixar que os olhos se fechassem. - Porque?
- Eu não quero ir pra casa agora. – Reclamou. – Podemos dar uma volta?
- Já disse que não vou deixar você dirigir, porque não ligamos para algum parente, ou amigo seu?
- E se andarmos primeiro e depois fizermos isso?
- Você vai deixar seu carro aqui? Não acha perigoso?
- Eu posso pagar para algum funcionário ficar de olho nele.
- Você quem sabe. – Ela deu de ombros, observando-o fazer uma cara sóbria e entrar novamente no bar. Saiu de lá cinco minutos depois, dizendo ao jovem que lhe pagaria algumas centenas se ficasse com os dois olhos grudados no carro.
- Vamos? – Deu o braço para que (S-N) se encaixasse. Eles andaram em silêncio por uma pequena e florestada rua de pedras, meio isolada da cidade, onde muitas mansões residiam.
Após algum tempo de caminhada, e poucas palavras trocadas eles sentaram em uma calçada, Niall, mais precisamente, deitou.
- Sabe, (S-N), você me faz sentir como um adolescente, e eu gosto disso. – Admitiu tímido, vendo-a sorri abertamente. Ela não admitira aquilo nunca, mas sentiu o coração pular quando o ouviu. Gostava da companhia dele, dos olhos e de como eles se fechavam quando ele sorria. – E eu só te conheço há duas semanas. – Murmurou mais baixo, deixando de olhar o céu estrelado e parcialmente coberto pelos galhos das árvores, para encara-la, que ria.
- Eu acho que alguém bebeu demais.
- Não, eu estou falando sério. Eu gosto da sua companhia, e você estava certa. Eu não me arrependi de estar aqui hoje. – Levantou-se bruscamente, se aproximando dela. – Obrigada. – Beijou de leve a testa dela, que por um segundo, prendeu a respiração.
- Eu é quem agradeço.
- Porque?
“Porque você não estaria tão perto se soubesse do que eu sou feita”.
- Pela sua companhia, pela paciência... – Eles riram, ele voltou a deitar.
- Você gosta das estrelas? – Perguntou Niall, apoiando seu rosto com os seus dois braços, sentindo-a se deitar bem próxima à ele.
- Gosto, porque?
- Eu quase nunca tenho tempo de reparar nelas, sabe... Mas agora, olhando bem, são bem bonitas.
- Bonitas... Só isso? – Perguntou-lhe, rindo.
- Desculpa. – Niall riu sem graça. – Eu queria uma forma poética de te dizer que agora, de certa forma, ela vão sempre me lembrar você.
(S-N) ficou em silêncio o olhando, sorriu de leve vendo-o fazer o mesmo. Não sabia o que dizer, sentia-se emocionalmente abalada. O que tem acontecido com frequência. Queria ter algo legal para dizer à ele, mas pensava que nada do que dissesse seria legal o suficiente. Respirou fundo e deu-lhe um beijo demorado na bochecha como forma de agradecimento.

Uma semana se passou desde o último encontro de Niall e (S-N), ela fazia breves anotações em seu diário sobre quais números da lista já haviam sido feitos.
1-    Feito.
2-    Feito
3-    Feito
4-    Por fazer
5-    Feito
6-    Por Fazer
7-    Feito
8-    Feito
9-    Por Fazer
10- Sendo feito.

Sorriu com o resultado, mais três coisas e logo estaria satisfeita. Ouviu seu celular tocar ao longe e saiu da cama sorrindo boba.
- Advinha quem conseguiu dois ingressos premium para o show do Backstreet boys de hoje à noite? – Niall perguntou animado.
- Você não fez isso! – Ela disse mais alto que o normal. – Está me convidando? – Riu.
- Blue, eu não iria ao show deles com mais ninguém. – Riu de leve. – Posso passar pra te pegar as dez?
- Claro, vou estar em casa.
- Ótimo, nos vemos de noite.
- Tchau, Niall.
Luci entrou no quarto quando (S-N) desligou o telefone, e a encontrou pulando ao seu encontro.
- EU VOU AO SHOW DO BACKSTREET BOYS, LUCI. – Luci ria sem parar, feliz por ver a garota naquele estado. (S-N) tossia as vezes, mas nada que lhe fosse impedir de realizar seu sonho de adolescente.
- E-eu preciso de roupas. – Arregalou os olhos. – Luci, vamos fazer comprar comigo?
- Ah querida, eu não posso sair nesse horário.
- Mas... – (S-N) tentou reclamar, mas sabia que nada faria Luci sair do trabalho.
- E mais uma coisa... – Começou Luci antes de sair do quarto. – Seus exames ficam prontos amanhã. – Sorriu triste.
- Eu sei... – Sussurrou (S-N), mas Luci já havia saído.
Decidiu que não iria deixar se abalar pela notícia, fora as compras. Tirou um dia inteiramente para ela. Foi ao salão, fez massagens, unhas, cabelo. Queria estar linda, assim talvez o Brian a olhasse e se apaixonasse. Assim como ela imaginava que aconteceria aos seus 15 anos.
No fundo, não iria admitir nunca, mas não estava se arrumando para Brian, não exatamente.
Pediu permissão à Luci para passar a noite em sua casa, não lhe fora negado, mas ouviu milhares de regras sobre se comportar e o que fazer caso passasse mal novamente.
Às dez em ponto Niall estava parado na porta do seu pequeno prédio, devidamente vestido com jeans e tênis. Sorriu-lhe quando a viu parada. Niall a olhou dos pés a cabeça, sentindo seu coração palpitar mais forte.
- Você está... Linda. – Suspirou, vendo o sorriso doce dela aparecer.
- Obrigada pelo convite, fico muito feliz.
- Por nada, Blue.
Partiram em direção ao local do show, (S-N) contava como ficara feliz em ver que sua boyband favorita estava de volta, e mais ainda por ter a chance que nunca tivera antes.

O local do show tinha uma fila enorme, (S-N) não se aguentava, queria rir, dançar, gritar. Mostrar sua felicidade para todo mundo. Quem se importava com os resultados dos exames no dia seguinte?
- Como temos os ingressos premium, podemos entrar primeiro. – Niall sussurrou perto da orelha dela, olhando para a fila.
Puxou a garota para a fila, não tão grande, dos ingressos vip’s, e lá esperaram até a hora de entrar.
- Nervosa? – Perguntou ele, quando já entravam na área que foram direcionado. Era exatamente em frente ao palco, e na sessão deles haviam algumas mesas com petiscos e garçons passando por todo o lugar oferecendo drinks e água.
- Você nem imagina o quanto.
Ela sorriu animada, e Niall pode ver dentro do brilho dos seus olhos que no fundo ela se sentia como uma criança. Pensou, por um momento, como ela se sentiria se soubesse de Charlote, talvez as duas se dessem bem.
Foi interrompido dos seus pensamentos por gritos e mais gritos, e as vozes começando a cantar. (S-N) o olhou com lágrimas nos olhos, e ele riu alto, beijando-lhe os cabelos.
Passou-se uma hora e meia de muitas lagrimas, sorrisos, uma (S-N) cantando desafinada, mas ele não se importava. Ela dançava, gritava, como uma verdadeira criança, e no fundo ele estava se divertindo. Quando pensou que iria ao show dos Backstreet boys com uma adolescente de cabelos azuis, completamente louca?
Era a última música, e (S-N) parecia sentir ela, não apenas cantar ou dançar. Niall suspirou uma ou duas vezes, pegando na mão dela, que apertou a dele. Ela lhe sorriu completamente extasiada pelo ambiente, pela música, pelas mãos entrelaçadas.
Sussurrou para Niall um trecho da música:

I've seen it all a thousand times
(Eu vi todas as milhares de vezes)
Falling down I'm still alive
(A queda, eu ainda estou viva)
Am I? Am I?
(Eu Estou? Eu estou?)
So hard to breathe when the water's high
(Tão difícil respirar quando a maré está alta)
No need to swim, I'll learn to fly
(Não preciso nadar, eu vou aprender a voar)
So high, so high
(Bem alto, Bem alto)


Quando saíram da arena, (S-N) estava sorrindo boba, mal acreditando que estava conseguindo tudo o que queria, e mais ainda: ao lado dele.
Entraram no carro.
- Podemos ir fazer algo que eu sempre quis? – Ela perguntou, antes que ele iniciasse um assunto sobre o show.
- O que, exatamente?
- Quero fazer uma tatuagem. – Ela disse, e ele gargalhou. – Estou falando sério, Niall.
- Ah, Blue, isso não é uma decisão que se tome assim.
- Acredite, eu não tomei ela agora, por favor, me leva ao estúdio.
- Tudo bem, mas eu não preciso fazer nada, né? – Perguntou.
- Claro que não!
- Tudo bem.
(S-N) indicou-lhe onde ficava o estúdio de um amigo dela, que ficava aberto 24 horas.
- Blue, tem certeza... – Perguntou à ela, quando pararam em frente ao estúdio.
- Tenho, vamos.
Saíram do carro, Niall ficara esperando Blue decidir o que faria.
- Você quer ir ver? – Perguntou ela, sorrindo-lhe.
- Ah... Acho melhor não, eu não gosto muito de agulhas. – Eles riram.
- Tudo bem, eu volto em pouco tempo. – Niall apenas lhe assentiu.
Ficara lendo revistas sobre tatuagens e piercengs e por um momento passou-lhe a ideia de fazer uma, mas seu trabalho não o permitia.
Uma hora depois, (S-N) saiu da sala com o casaco em mãos e um sorriso no rosto. Parecia satisfeita.
- Estou curioso. – Comentou Niall, dando de ombros, vendo ela rir.
- Você só verá na semana que vem, quando eu tirar o plástico que protege.
- Isso quer dizer que semana que vem nós nos veremos?
- Exatamente. – Ela riu.
- É uma pena que o dia de hoje tenha que acabar... – Suspirou vendo-a concordar. Chegaram ao prédio dela, Niall saiu do carro primeiro e abriu a porta para a garota, que sorriu agradecida.
- Eu nem sei como te agradecer por tudo Niall, de verdade. Hoje foi incrível e eu não vou esquecer tão cedo. Eu estou muito feliz, de verdade.
- Isso... Não foi nada, Blue. Eu quero mesmo ver você sorrindo assim. – Ele colocou uma mecha do cabelo azul atrás da orelha dela, vendo alguns fios pretos. Estranhou, nunca havia chegado tão perto dela, nem reparado que por baixo do azul das pontas e raiz, havia alguns resquícios pretos. Quando se deu conta, percebeu que se aproximara ainda mais, e que ela lhe encarava curiosa. Sorriu docemente, levando seus lábios para a testa dela, segurando-a na nuca. – Só promete que vai sorrir assim sempre que eu t deixar feliz. – (S-N) sentiu o coração rugir em felicidade, podia morrer agora mesmo que nem se importaria.
- Prometo. – Ela sussurrou baixinho, encostando seus lábios nos dele com força e necessidade. Niall não se assustou ou se afastou, pelo contrário, tinha tanta vontade quanto a menina. Puxou-a para mais perto, descendo suas mãos para a cintura dela, abraçando-a com força. (S-N) levou suas mãos até os cabelos loiros dele, apertando os fios por entre seus dedos. As línguas dançavam em ritmos diferentes, desajeitadas, mas adoravelmente perfeito. O carinho no cabelo de Niall o relaxava, o fazia não pensar em nada, apenas sentir. Naquele momento o desejo que vivia em segundo plano dentro dele fora colocado para fora. Não aceitara a corrida, fora ao teenage’s club e assistira ao show do Backstreet Boys à toa; Fizera por ela.
O beijo se partiu com pequenos selinhos. Nenhum dos dois queria realmente se separar, por isso, assim que os lábios se desgrudaram, (S-N) tratou de abraça-lo pelo pescoço, enterrando seu rosto ali e sentindo o cheiro dele. Niall cheirou e beijou seus cabelos, pela primeira vez sem saber o que dizer.
- Pode prometer que vai fazer isso também quando ficar feliz? – Disse a primeira coisa idiota que lhe veio à cabeça. Ela riu contra a pele dele, vendo-o se arrepiar.
- Não se acostuma... –Deu-lhe um selinho. – Preciso entrar.
- Tem... Certeza... Disso? – Perguntou Niall, interrompendo a si mesmo para beijar os lábios dela. Que riu em seguida.
- Infelizmente...
- Tudo bem, podemos jantar amanhã? – Perguntou ele.
- Claro, onde?
- Na minha casa, vou cozinhar pra você. – Ela gargalhou.
- Espero que se garanta na cozinha.
- Eu me garanto em muitas coisas, Blue.
- Isso foi horrível. – Ela gargalhou, sendo interrompida pelos lábios dele novamente. – Nos vemos amanhã, boa noite.
(S-N) se desgrudou dele, e entrou em seu prédio, antes que sua vontade falasse mais alto e ela voltasse para os braços dele.

Dormiu com a blusa que fora ao show, sentindo o cheiro do perfume de Niall durante toda a noite.

(N/a) a continuação saí na terça (18/02)