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Secrets - final, pt 1.


Eu me lembro, olhos pequenos e chorosos de Cath me encarando, suas pequenas mãos segurando meu rosto dos dois lado. Ela depositou um beijo delicado e doce na minha testa. Ela travou seus lábios depois do carinho. Eu sabia que ela queria dizer alguma coisa.
- Diga Cath. – Tirei uma mecha de seu cabelo dos seus olhos e a coloquei atrás da sua orelha.
Ele suspirou e ponderou se devia mesmo falar alguma coisa.
- Tio Liam – Um biquinho pequeno se formou nos seus lábios delicados e ela mordeu o inferior. Senti sua mão tremer no meu rosto. E eu assenti tentando passar a ela algum conforto pra que ela me dissesse o que atormentava seu pequeno coração. – Eu ouvi minha mãe conversado com minha vovó. – Eu segurei suas mãos entre as minhas. – Eu não estava espiando, eu juro! – afirmou apressada e eu tive vontade de sorrir apesar da seriedade da situação. – Ela estava chorando e eu me preocupei, por isso ouvi... Ela estava falando sobre o meu pai. – ela mordeu o lábio que estava tremendo e meu coração batia tão forte que eu temia que ela ouvisse. – Ela disse para a vovó que conversou com o meu pai.
Ela começou a chorar e eu me desesperei, beijei suas mãos e tentei aquece-las entre as minhas.
- Estou aqui Cath. –Disse só para fazer ela se lembrar de que não estava sozinha.
- Ela disse que o meu pai estava muito bravo. – ela soluça. – Ele acha que eu não devia ter nascido.
Tudo ao meu redor desmoronou quando vi as lagrimas gordas caírem por todo seu rosto. Eu queria chorar com ela ou abraçar ela e dizer toda a verdade. Dizer pra ela que tudo o que ela ouviu era verdade. Eu fui esse monstro, mas que tudo isso foi antes de conhecer ela. Foi antes de eu ver seu sorriso lindo, seus olhos brilhando quando conseguiu fazer os exercícios de matemática. Foi antes de me lembrar do meu coração apertado quando ela ficou doente. Foi antes de sentir vontade de abraçar ela o tempo todo, beijar seus cabelos e dizer que ela me deixava muito orgulhoso. E eu percebi que o que mais me orgulhava era o fato de que ela não era igual a mim.
- Cath. – Sussurrei sem saber o que fazer e ela abraçou com força meu pescoço.
- Você também acha isso, tio? Você acha que eu não deveria ter nascido?
- Não! – Falei um pouco alto e desesperado demais. – Cath você é a criaturinha mais incrível que eu já conheci nesse mundo. – Acariciei sua costa como se ela fosse capaz de me perdoar só por causa daquele carinho.
Estávamos parados no corredor do prédio da mãe dela. (S-N) já estava louca atrás de Cath e não parava de me ligar.
- Promete uma coisa pro tio? – Eu sussurrei e ela assentiu.
- Nunca, nunca mesmo acredite em alguém que fale assim de você ok? Cath você é linda, bondosa, inteligente e é muito amada, ok? Muito amada! - Ela assentiu limpando as lágrimas e me abraçou mais uma vez. – Vamos antes que a sua mãe me mate. – Eu sorri mas não fui retribuído.
Andei até o apartamento de Cath de mãos dadas com ela. Eu estava engolindo em seco e sentindo nojo de mim mesmo. Quando foi que eu me tornei o que eu mais repudiava?
Toquei a campainha e (S-N) se apressou em atender, me fuzilou com o olhar antes de abaixar e abraçar Cath. Mas seu abraço não foi correspondido pela pequena, e eu vi a dor passar nos olhos de (S-N). Cath entrou no apartamento indo direto pro banheiro.
- Podemos conversar? – Pedi. Ela assentiu fechando a porta atrás dela. Ela não me olhava nos olhos, sabia que ela estava muito machucada para fazê-lo. – Eu sinto muito de verdade.
- Você já disse isso Liam. – Me interrompeu irritada.
- Eu quero consertar tudo (S-N), eu quero mesmo. – Implorei.
- E como acha que vai fazer isso? – Esbravejou me olhando pela primeira vez desde que começamos a conversa. – Tirando ela de mim e confundindo ela? Se aproximando e depois se afastando o tempo todo? Me dizendo que sente muito?
Eu suspirei, eu sabia que ela tinha razão mas eu simplesmente não sabia como agir.
- Eu nunca fui pai (S-N)... – Confessei.
- Eu também nunca tinha sido mãe Liam. Mas aconteceu e eu não fugi, eu trabalhei, adiei minha faculdade, morei de favor em um quarto quando a Cath era só um bebê que mal sabia andar porque eu precisava estudar. Eu vi meu corpo mudar e amamentei. Ouvi pessoas me julgando por ser mãe solteira. Acordei em noites de madrugada com ela chorando. Corri com ela pro hospital sempre que ela precisou. Eu li pra ela e conversei com ela todas as noites durante os nove meses. E eu não me arrependo de nada. Liam você nunca vai saber o que é isso, você não pode chegar até aqui com os seus sentimentos confusos pra confundir minha Cath. Ela é muito inteligente, mas ainda é só uma criança. Por favor lide com os seus próprios sentimentos antes de se aproximar dela de novo.
Ele finalizou e por mais que doesse eu sabia que ela estava certa. Eu apenas assenti e retirei um papel do meu bolso e anotei meu número do telefone.
- Qualquer coisa que vocês precisarem, me liga? – Ela pegou o papel e assentiu mas eu duvidava que ela ligaria.
Eu queria beijar sua testa e lhe desejar uma boa noite, talvez ela me convidasse pra ficar e poderíamos fingir que não havia nada acontecendo, mas eu sabia que ela não o faria. Por isso só cumprimentei-a com um aceno e andei até o elevador.

(S-N)

Talvez tenha sido a pior dor de todos os tempos quando Cath não me abraçou de volta. Pela primeira vez eu não sabia como lidar com a minha pequena. Fechei a porta assim que Liam me deu as costas e eu senti uma vontade imensa de chorar.
Peguei um pouco de água e ouvi um barulho estranho vindo do quarto Cath, ela estava chorando, eu sabia.
Preparei um leite quente pra ela e bati na porta do seu quarto. Ela não respondeu então eu tomei liberdade de entrar. Ela estava deitada de costa para mim, o ombro tremia de leve por mais que ela tentasse disfarçar.
- Cath. – Sussurrei sentando ao seu lado na cama, ela ergueu seus olhos castanhos nos meus e eu queria poder entender a força do sentimento que eu tinha toda vez que ela me olhava. Céus eu a amava tanto. Eu vivia por ela e enfrentaria quem quer que fosse para proteger minha pequena. – Nós precisamos conversar e esclarecer algumas coisas. – Ela apenas assentiu, e eu liguei o abajur dando o copo de leite pra ela. – A mamãe agiu muito errado com você hoje. Você tem o direito de se perguntar e me perguntar sobre o seu pai, meu amor. – Peguei sua mão delicada e acariciei com o polegar. – Eu acho que fiquei com ciúmes porque não quero que você me troque por ele. – Fingi um biquinho e ela sorriu. – Você é nova para entender tudo o que aconteceu comigo e com o seu pai, não fique se martirizando por isso. Você me tem e eu nunca vou te abandonar.
- Eu sei mamãe – ela me interrompeu. – Eu não quero mais saber dele! – decidiu.
- Posso saber porque? – Ela deu de ombros.
- Porque eu tenho você! – Ela abriu um sorriso tímido e eu tive vontade de morder sua bochecha rosada. Ela realmente sabia como me ganhar. A beijei na testa.
- Quando você estiver pronta eu prometo contar, tudo bem? – Ela assentiu e terminou de tomar o leite.
- Mamãe? – Chamou minha atenção quando eu me levantei para deixar seu quarto. Olhei para meu pequeno embrulho na cama. – Pode dormir comigo hoje?
Sorri animada e assenti, me deitando ao seu lado e me cobrindo.
- Eu te amo minha Cath. -  Sussurrei antes de apagar o abajur e beijar-lhe mais uma vez a testa.

Quando amanheceu ajudei Cath a se arrumar e a levei para a escola. Deixei-a na porta da sua sala para a aula de História e segui até a diretoria. A secretaria me avisou que o diretor iria me atender.
Entrei em sua sala bagunçada e cheia de papéis e pastas. Um homem pequeno e novo estava mexendo em uma das pastas.
-Sente-se por favor. – Ele pediu sem me olhar e eu sentei na cadeira a sua frente. Em uma plaquinha virada para mim vi “Sr. Scotters”. – Muito bem em que posso ajudar?
- Sou mãe da Catherine do sétimo ano. – Ele abriu um sorriso.
- Cath, é claro. É uma ótima aluna, não tem com o que se preocupar. Tem algumas dificuldades aqui e ali mas é perfeitamente normal na idade dela.
- Eu sei que Cath é exemplar. – Sorri tentando parecer amigável. – Na verdade vim saber o porquê dela ter sido recusada no time de futebol feminino.
- Eu não estava sabendo disso. – Ele disse ajeitando seus óculos.
- Bom ontem ela chegou chorando no meu trabalho dizendo que não tinham deixado ela entrar para o time porque ela é filha de uma mãe solteira. – Engoli minha raiva. – Veja bem Sr. Scotters, Cath é só uma criança. E a vida pessoa da nossa família não diz respeito a ninguém aqui. O fato de que o pai dela não é presente na vida dela não a faz pior que ninguém, e eu acho que as crianças da sua escola deveriam saber disso. E essas situações deveriam ser evitadas. Não pago esse absurdo aqui para que a minha filha seja humilhada.
- De forma alguma a senhora está errada. – Ele engoliu em seco. – Nós temos um dia em que as crianças passam a tarde fazendo atividades como musicoterapia, aulas de música, encontros com a nossa psicóloga e a Cath sempre elogia muito a senhora. Ela é uma menina muito feliz e não temos dúvidas disso. Sinto muito que ela tenha passado por isso, e eu prometo que vou coloca-la no time de futebol e conversar com as crianças sobre a questão da família. – Ele disse anotando algo em sua agenda.
- Ótimo, eu agradeço muito. – Sorri, me levantando. – Tenha um bom dia.
- Igualmente. – Me levou até a porta da sua sala.


Liam

Eu precisava pensar. Precisava ir pra longe pra conseguir raciocinar. Pedi para Brad cobrir meu turno no fim de semana e jurei que pagaria o favor. As palavras de (S-N) ecoavam na minha mente. Encontrei ela no corredor, mas decidi não conversar com ela. Não enquanto eu ainda estivesse confuso. No meu horário comprei uma passagem de trem que me levaria até o vilarejo de Clovelly, onde meus pais mantinham um pequena casa no campo.
Eu estava arrumando minhas malas quando ouvi meu celular apitar. O peguei sem realmente prestar atenção ao número que me enviou uma mensagem. Abri ela.
“Cath me disse que você soube sobre o que ocorreu com as meninas no time de futebol. Eu fui até a escola e está tudo resolvido. Ela está dentro.”
(S-N) havia me mandado uma mensagem e eu não podia conter a surpresa – e felicidade -  por isso realmente ter acontecido.
“Não que você queira saber disso mas é só pra você não ficar se remoendo.”
Enviou em seguida e eu percebi que ela ainda estava insegura em compartilhar sobre a vida da Cath comigo.
“Eu fico muito feliz por isso! Se acontecer de novo você me avise.” – Respondi.
“Aliás, amanhã estou indo viajar. Vou ver os meus pais em Clovelly, se lembra de lá?”
A resposta demorou, e eu cheguei a pensar que não viria.
“Me lembro sim, eu adorava aquele lugar.”
Foi inevitável não sorrir, eu queria responder que podia levar ela e Cath algum dia, mas ela não iria gostar.
“Tenho que ir, viajo amanhã cedo. Boa noite” – Não fui respondido.
Deitei-me já de madrugada. Eu não sabia exatamente se aquela viagem me faria encontrar todas as respostas que eu precisava. Mas eu ainda me lembrava de quando minha mãe me dizia que não há problema em lhe pedir um pouco de colo, não importava a minha idade, e era exatamente disso que eu precisava: um colo.
                                       ***********
A viagem era cansativa como sempre fora: eu lia um livro, bebia alguma coisa, dormia um pouco, tentava ouvir música mas nunca parecia o suficiente para o tempo passar. Quando desci na pequena estação, peguei um taxi que me levou até a casa de campo dos meus pais. Pela janela vi os primeiros cavalos aparecerem, eu os adorava quando era mais novo, fazia questão de treinar e alimentar eles... Mas há muito eu não fazia.
Depois estavam as plantações de frutas e a horta. Minha mãe cuidava das suas plantas como cuidava de mim, e vendo agora eu sentia muito orgulho dela. Não tinha uma piscina, não precisávamos! Havia um lago de águas límpidas próximo a minha antiga casa na árvore. A porta da frente estava aberta e ao entrar eu senti o cheiro de bolo e chá que a minha mãe fazia. Sorri feliz, era bom estar em casa. Andei até a cozinha para ver minha mãe encostada à pia regando as poucas flores que enfeitavam a cozinha. Me encostei no batente da porta e a observei por um tempo. Minha mãe sempre fora minha heroína, eu sempre corria para ela quando algo estava fora de controle. Por um segundo me perguntei se Cath se sentia assim em relação a (S-N)
- O cheiro está ótimo. – Eu disse e sorri. Minha mãe se virou depressa com a mão em seu peito, mas logo seu sorriso se abriu e ela me deu um abraço apertado.
- liam, meu filho. – Bagunçou meus cabelos. – Você não avisou que viria. – Afirmou e se virou para a porta que nos levava até o jardim. – Geoff venha ver quem está aqui. – Ela gritou por meu pai que apareceu todo sujo.
-Filho. – Ele me abraçou sem se importar com a sujeira. – Desculpe, eu estava dando banho em um dos cavalos. Ele é novo, você precisa conhece-lo. – Eu assenti sorridente.
Nós nos sentamos na mesa e minha mãe nos serviu o café da tarde, eles estavam animados com a minha chegada e faziam planos o tempo todo. Eu apenas assentia e concordava feliz, as vezes respondia uma questão ou outra sobre o trabalho.
Após o café eu subi até o meu quarto e deixei minha mala por lá. Ele estava intacto, a não ser pela cama perfeitamente arrumada. Me deitei um pouco com meu celular em mãos, eu queria tirar fotos e enviar para (S-N), mas sei que não faria o menor sentido fazê-lo.
Acabei dormindo com as minhas roupas pesadas e acordando quando meu celular apitou me notificando de uma mensagem. Era (S-N)
‘Sexta que vem será o aniversário de Cath... Ela quer muito que você esteja presente. Vamos entender se você estiver ocupado.”
Eu sorri ansioso para responder que eu estaria lá não importa o que houvesse, mas minha mãe bateu na porta do meu quarto avisando-me que já se passavam das 16:00hrs.
De todos os lugares daquela enorme casa, o preferido da minha mãe era a cozinha. Ela adorava cozinhar e o fazia com muito amor. Talvez a cozinha perdesse somente para a horta. Quando desci as escadas vi que ela estava fazendo algo na pia, e me sentei na mesa para observa-la.
- Onde está o meu pai? – Perguntei.
- Ele foi para a cidade comprar algumas coisas. – Ela me olhou e sorriu e eu senti que era a hora perfeita de dizer tudo o que eu estava sentindo.
-Mãe, eu vim até aqui porque eu precisava muito de um conselho.
Ela sorriu amorosa e beijou meus cabelos assim que se aproximou.
- É claro que sim. – Respondeu.
- Você se lembra da (S-N)? foi uma das minhas primeiras namoradas e a que mais durou. – Eu ri baixo vendo ela assentir. – Se lembra de que quando eu entrei para a faculdade ainda estávamos juntos? – Ela concordou novamente, virada de costa para mim e eu agradeci mentalmente por não ter que olha-la nos olhos enquanto falava. – Bem, eu não sei como te dizer isso... – Confessei ouvindo-a rir baixinho.
- Meu amor só há uma forma de contar as coisas:  a direta. – Eu concordei e limpei minha garganta.
- Quando eu entrei para a faculdade ela estava grávida. – Minha mãe parou de cortar seu legume e me olhou um pouco assustada. – Eu não sabia, eu juro. – Me apressei. – Ela nunca me contou. – Suspirei. – Coincidentemente ela está trabalhando no mesmo hospital que eu. Foi quando eu descobri tudo... Quando eu a reencontrei. – mordi meu lábio. -  Eu agi muito mal com ela mãe. Eu esbravejei, gritei e fui violento. Eu estava fora de mim, eu não acreditava que eu poderia ter uma filha. – Ela cruzou os braços e estava me deixando nervoso. – Eu reneguei a menina. Disse que não queria contato nenhum... Pior, eu disse que ela tinha sido um erro. -  Abaixei meu olhar sentindo um gosto amargo na boca. – Mas eu não pude evitar e acabei conhecendo a menina. Ela tem 13 anos e é o serzinho mais lindo e incrível que eu já conheci. Ela é linda mãe, tem meus olhos, tem a minha boca... Eu tenho certeza de que ela é mais parecida comigo, mas ninguém admite isso. – Eu ri baixo. – Ela não sabe que eu sou o pai dela, e por sinal ela guarda sentimentos muito ruins sobre o pai. Ela ouviu mãe conversando com a avó no telefone... Ouviu que o pai dela disse que ela era um erro.  E advinha para quem ela correu? Para mim! – ri amargurado. – Irônico não é? Ela é tão inocente, tão bondosa, não merece o pai que tem. Ela me adora, eu a ajudei a estudar matemática e cuidei dela quando ela estava doente. Ela sabe que namorei a mãe dela. Eu fui até a casa de (S-N) outro dia e disse que queria consertar as coisas, mas não sei como fazer.
Eu jamais saberia explicar o que a expressão da minha mãe significava. Ela sentou ao meu lado e segurou minhas mãos com um sorriso triste. Eu quis chorar, quis pedir pra ela me dizer que tudo ficaria bem.
- O que você sente por essa menininha, Liam? – Me perguntou com delicadeza, me fazendo perceber que eu nunca havia parado pra pensar nisso.
- É confuso mãe. No começo eu dizia para mim mesmo que não queria nenhum contato com aquela criança, e mesmo assim eu a procurava em todos os lugares que eu ia. É como se meu cérebro entrasse me pane toda vez que eu estou com ela. E tudo o que eu vejo e sinto é ela. E por ela que eu faço tudo. Eu quero consertar mãe, eu juro que eu me arrependo. Agora eu sei que eu me arrependo. Mas eu não sei como, eu não sei se eu tenho direito a isso, não sei se eu devo e... Eu estou com medo. – Confessei.
- É claro que está! Ter um filho não é fácil, filho. – ele suspirou.
- Eu sei, (S-N) me disse que passou por muitas dificuldades no começo.
- Ela era uma menina adorável. – Assenti. – Liam todos nós cometemos erros durante a vida. Alguns são grandes demais para voltarmos atrás. – Meu coração se apertou. – A não ser que uma coisa seja maior que seu erro e te mova a mudar tudo. E a única coisa capaz disso é amor. O amor faz coisas incríveis, meu anjo. Você ama essa menina a partir do momento que soube que ela era sua, e não haverá mais ninguém no mundo tão importante para quanto ela. Você estava confuso no começo, eu acredito. Mas você não está mais, sua confusão agora é só uma desculpa que o seu medo inventa pra não deixar o amor te mover. – Eu sorri, ela estava me narrando uma guerra de sentimentos. – Filho, o que você fez foi horrível, poderia ter acabado com elas, mas você quer voltar atrás e se você se arrepende de verdade você tem tudo para consertar esse erro bem aqui. – Colocou a mão no peito. – Ela é sua filha, não a deixe sozinha.
Eu assenti sem saber exatamente o que dizer. Minha mãe era tudo o que eu precisava, eu podia ver ela segurado Cath.
- Eu quero muito que ela me ame. – Sussurrei como um segredo. E minha mãe riu sapeca.
- A (S-N) ou sua filha? – Eu sorri.
-Bem lá no fundo acho que as duas.
- Não permaneça no erro Liam. Tome uma atitude. – Ela me abraçou apertado. – Seja o homem que eu te criei para ser.
Eu assenti, eu estava certo do que queria.

Eu estava andando pelo grande jardim da casa de campo quando entrei de novo na minha casa de árvores. Quando eu era pequeno ela era o clube dos meninos, todo verão nós visitávamos Clovelly e eu fazia muitos amigos. Nós decorávamos a casa com figuras de super heróis e brinquedos e meninas eram proibidas. Quando eu fiz 17 anos (S-N) estava comigo na cidade, a casinha ainda era o clube dos meninos, mas eu tinha certeza que ninguém iria se importar se eu levasse a minha namorada, a quem eu era completamente apaixonado, até lá. Nós transamos na casinha e foi uma das coisas mais incríveis que eu tinha feito na minha vida. Sentado no chão de madeira com um sorriso bobo no rosto, imaginei que Cath poderia ter sido feita ali. Talvez eu pudesse decorar com coisas que ela gosta para que ela tivesse seu próprio clube quando viesse aqui.
Se é que ela viria.
Eu fazia muitos planos e na maioria Cath me perdoava, mas a verdade é que eu não saberia como ia fazer pra que ela entendesse que eu a amo. Mas eu estava certo: Cath iria saber que eu sou o pai dela assim que eu voltasse de viagem.
No domingo eu fui embora logo após o almoço. Minha mãe me abraçou forte e pediu que eu fosse forte. Prometeu-me que iria esclarecer toda a história para o meu pai. A viagem de trem pareceu ser mais rápida, apesar de saber que isso era só meu instinto ansioso falando mais alto. Quando cheguei em casa respondi a mensagem de (S-N).
“Eu estarei lá, prometo.” – Ela logo respondeu.
“Que ótimo, Cath não parava de me perguntar se você já tinha respondido.”
Meu sorriso estava bem aberto, e eu tomei liberdade de ligar para (S-N).
- Oi. – Ela atendeu meio tímida. – Como foi a viagem?
- Oi. Bom, foi ótima... Eu esclareci muitas coisas, e minha mãe te mandou um grande beijo.
- Como ela soube de mim?
- Eu contei, é claro. – Sorri e quase pude tocar seu sorriso também. – Cath está aí?
- Não, essa semana ela não teve aula e foi ficar com a minha mãe, ela foi para alguma cidade turística e arrastou Cath com ela. E advinha? Catherine adorou! – ela riu.
- Mas você tem certeza de que é seguro deixar ela viajar sozinha? – Perguntei sem pensar, e vi que ela demorou um pouco para responder.
- É a minha mãe Liam, ela não está sozinha. – Riu baixo e eu concordei.
- Você está livre agora? Já jantou?
- Ainda não, estou vendo o que vou fazer para o jantar! Posso saber o motivo da pergunta?
- Posso passar ai? – disparei. – Precisamos conversar e eu quero que Cath não esteja por perto. – Ela fez uma pausa e eu sabia que ela estava mordendo o próprio lábio.
- Tudo bem, eu espero.
- Estou ai em meia hora. – Desligamos e eu fui me arrumar o mais rápido que pude. Toquei sua campainha assim que cheguei e ela me antedeu com um rostinho amassado. Eu tinha certeza de que ela estava dormindo antes da ligação. Eu conhecia bem aquele rosto, ela não tinha mudado muita coisa, apenas amadurecido. Me deu passagem e eu entrei naquele lugar que ainda não era muito confortável para mim.
Ela foi para a bancada que dividia a sala e a cozinha e eu me sentei em um dos bancos na bancada.
- Posso saber sobre o que vamos conversar? – Perguntou retirando duas taças do armário.
- Sobre... Tudo. – ela assentiu entendendo o que eu quis dizer e pegou uma garrafa de vinho.
- Eu só tomo em ocasiões especiais. – Ela disse sorrindo, e seu bom humor estava me assustando. Me ofereci para abrir a garrafa para ela, que aceitou a ajuda de bom grado. Serviu o vinho para nós e me olhou. – Podemos conversar depois do jantar? Não quero me irritar e te expulsar da minha casa antes de comer. – Eu ri, mas eu não sabia se era um riso bom ou um riso desesperado.
- Tudo bem.
Ela nos serviu alguma massa que estava muito bem feita e gostosa, nós brindamos com o vinho e tomamos ele. Durante o jantar conversamos sobre coisas bobas e leves. Me peguei reparando nela várias vezes, ela estava de camisola, seu cabelo estava em um coque cheio de fios soltos, seu rosto limpo e o sorriso estava firme em seus lábios. Ela era tão linda. Céus como eu havia esquecido da beleza dela?
Depois do jantar e de algumas taças de vinho nós sentamos em sua varanda. Ela estava agarrada em uma almofada como se tentasse se proteger. Eu não sabia como começar, eu não havia planejado o que falar e muito menos como falar.
- Bom... – Comecei limpando minha garganta e ela sorriu, eu esfreguei minhas mãos e ela percebeu que eu estava nervoso. Seus olhos grandes e curiosos me desafiavam a continuar. – Todo esse tempo, desde que nos reencontramos eu estive fazendo a coisa certa do jeito errado. -  Ela virou o rosto confusa. – Eu me aproximei de Cath, mas eu não sabia exatamente o porquê. Você estava totalmente certa em tudo o que me disse. Eu estava dizendo que sentia muito sem saber pelo que eu sentia. Mas agora eu sei. – Engoli em seco, e segurei uma das suas mãos entre as minhas. Suas belas mãos. Eu acariciei sua palma com meu polegar. – Eu sinto muito por não ter te deixado falar quando eu me despedi. Sinto muito por ter me afastado da forma que eu fiz quando entrei na faculdade. Eu estava me sentindo maduro e pensei que seria um atraso continuar com algo que me prendesse ao meu passado. – Ela mordia o lábio e eu sabia que tudo aquilo estava doendo nela, mas era necessário que eu fosse sincero. – Eu fui um idiota todo esse tempo e eu sinto muito por isso. Eu sinto muito por não ter estado presente e acima de tudo por ter desperdiçado minha chance de ser um bom pai quando eu a conheci. Eu me aproximei da forma errada, eu te assustei, fiz Cath gostar de mim e em seguida me afastei. – Mordi meu lábio. -  Eu fiz tudo errado desde que terminei com você.
Ela estava pronta para falar mas eu a interrompi.
- Mas eu tenho uma nova chance e eu vou fazer a coisa certa. Eu estava confuso, você tem toda razão, eu renegava Cath e mesmo assim me aproximava. Mas eu não estou mais agora, (S-N). Eu sei o que eu quero, e eu sei o que eu sinto. Eu amo a Cath, eu a amo muito. E de forma alguma eu quero roubar a importância e todo o esforço que você teve para criar essa menina. Isso nunca vai ser apagado, eu prometo. Você foi uma mãe maravilhosa e a Cath é tão maravilhosa quanto você. Mas por favor não me impeça de fazer a coisa certa. A gente não pode mudar o passado mas eu sei que eu posso ser melhor no futuro, e no presente. – Engoli em seco, respirei pesado e disse o que eu realmente queria lhe dizer: - Quero que Cath saiba que eu sou o pai dela.
Sua mão tremeu um pouco entre as minhas e eu, em um gesto sem pensar, a levei até os meus lábios. Dei beijo delicado na sua palma macia. Quando meus olhos se voltaram para os delas eles pareciam sorridentes.
- Liam eu não vou impedir você de nada, certo? Eu concordo que essa atitude seja a certa e se você quer que ela saiba, por mim tudo bem.
- Não é só isso... Eu quero ser o pai dela. – voltei a acariciar sua mão. - Entende? Eu quero estar com ela, me aproximar.
- Eu acho que isso depende muito do que ela vai querer. Também não vou impedir você de se aproximar, mas somente no tempo de Catherine, ok? Se ela não quiser nós vamos respeitar o tempo dela. – Eu assenti sabendo que ela tinha total razão.
- Eu fui até a casa na árvore em Closvelly. – Sussurrei com um sorriso esperto, e vi meu sorriso se espelhar no dela. Eu sabia que nós tínhamos a mesma lembrança daquele dia.
- Ela guarda grandes segredos. – Ela exagerou e riu, mas eu assenti.
- Nós bebemos todo o whisky do meu pai. – Eu ri. – E transamos umas duas vezes. – Ela riu alto.
- Eu odiei aquele Whisky!
- É bom saber que desse dia você só odiou o Whisky.
Ela riu mais alto ainda e eu me peguei admirando seu sorriso. Eu estava sorrindo só porque eu podia ver o dela. Algo fez meu coração acelerar e ali naquele momento simples eu soube que eu não queria somente Catherine na minha vida. Eu queria (S-N) também. Ela estava me encarando também, e eu daria qualquer coisa pra saber no que ela estava pensando.
- Eu quero mais vinho! – Ela riu e entrou na cozinha pegando a garrafa e mais duas taças.
- Ei mocinha, você não trabalha amanhã?
- Na verdade não, na sexta fiquei até mais tarde em uma palestra com o Dr. Storm, então ele me deu o dia de folga amanhã. - Eu assenti sorrindo.
- Bom, eu tenho que trabalhar então não coloque muito pra mim. – Ela fez um biquinho. Seus lábios estavam avermelhados por conta do vinho e eu queria muito beija-la. Olhei por seus braços e eles estavam arrepiados. – Quer entrar? Aqui está esfriando.
Ela concordou e nós entramos nos sentando no sofá. Ficamos em um silêncio um pouco desconfortável, suas mãos estavam perto das minhas e eu queria muito pegar elas. (S-N) encarava um ponto fixo na parede a nossa frente.
- Cath vai fazer 14 anos. – Sussurrei mais para mim. Ela assentiu sorrindo.
- Ela está crescendo, não acredito que já se passou todo esse tempo. – Ela confessou.
- Eu não acredito que perdi tudo isso.
- Chega disso. – Ela segurou minha mão com força e se aproximou. – Vamos pensar no presente e no futuro, ok?
- Ok! – Prometi sorrindo. Com a pouca coragem que eu tinha, levei suas mãos aos meus lábios. Ela sorriu e eu comecei a traçar um caminho de beijos delicados, da sua palma até a ponta de seus dedos. (S-N) soltou uma gargalhada e eu ri também, mesmo sem entender o motivo da graça ali.
- Gosto de quando me beija assim. – Ela disse tão baixo que eu jurava que se não estivéssemos tão próximos eu não teria escutado. Meu coração acelerou e eu a olhei nos olhos.
- Você gosta? – Ela assentiu deixando a taça de lado. Com seu indicador ela passou a mão em seu pulso, eu entendi seu recado e depositei um beijinho ali. Seu dedo subiu por todo o braço e eu segui seus comandos. Meu coração pareceu dar um solavanco quando eu cheguei em seu ombro. Eu sentia o cheiro inebriante da pele dela. Ela me apontou seu pescoço e eu o beijei com toda vontade e saudade que eu tinha dentro de mim. Depois foi a vez do seu queixo, onde eu tomei a liberdade de dar uma mordidinha que a fez rir. Estávamos inebriados pelo momento nostálgico. (S-N) mantinha os olhos fechados e a expressão concentrada. Me indicou sua bochecha, uma por vez. Depois sua testa, onde eu beijei com carinho. Seu dedo escorregou pela ponta do seu nariz. Meu coração estava ansioso e eu temesse que ela pudesse saber disso. Seu indicador finalmente chegou aos seus lábios, o qual ela contornou delicadamente. Olhei-a seriamente me perguntando se ela queria mesmo aquilo, ela não me olhou, somente assentiu. Eu tomei seus lábios nos meus sentindo-os gelados e com gosto de vinho. Eu adorava aquela boca, como eu adorava. Era isso o que tinha me faltado por todos esses anos. Era por isso que apesar da minha vida – até agora – ter saído como eu planejava, eu nunca estava feliz. Era porque faltava algo. Faltava ela.
Seus lábios eram macios exatamente como eu me lembrava, e o gosto de vinho melhorava tudo. Ela levou a mão para a minha nuca e se aproximou mais de mim, sua coxa estava em cima da minha. Levei minha mão para a sua coxa, sem saber se eu estava indo rápido demais, mas ela não reclamou. Eu a apertei um pouco e ela sorriu contra os meus lábios. Aproveitei-me da sua distração e beijei sua bochecha até a linha da sua mandíbula, descendo para o pescoço onde mordi. Ela suspirou com a mordida e tudo pareceu fazer sentido. Era como se houvesse somente eu e ela naquele momento. Impulsionei meu corpo sobre o dela, e ela se deitou no sofá, coloquei minhas mãos por baixo da sua cabeça para que ela não se machucasse. Desci meus beijos por todo o seu colo até chegar no seu decote. Ela não parava de suspirar, mordi onde a curva do seu seio se começava a fazer presente, lambi e em seguida assoprei. Ela gemeu baixinho e eu pressionei meu sexo excitado contra a sua coxa. Ela segurou meu braço e fez um esforço enorme pra falar: - Estamos indo rápido demais. – Fechei meus olhos um tanto frustrado, mas como sempre ela tinha razão.
- Me desculpe. – Sussurrei de volta, deixando que ela se sentasse. Ela negou com o rosto.
- Não se desculpe por isso. – Sorriu tímida. Eu olhei no relógio, apenas para confirmar o que eu já sabia:
- Está ficando tarde, é melhor eu ir. – Ela concordou e nós nos levantamos.
- Obrigado pela companhia. – Ela abriu a porta. – Boa noite.
- Boa noite. – Eu sorri e beijei sua testa mais uma vez. Comecei a caminhar um tanto frustrado pelo corredor quando ouvi ela chamar meu nome. Voltei para ela como um cão. Ela segurou meu rosto e beijou meus lábios mais uma vez em um selinho molhado e carinhoso.
- Boa noite. – Disse de novo, com um sorriso sapeca.
- Boa noite (S-N).
                                                   *******

(S-N)

A semana se passou mais rápido que eu pensei que passaria. Com todos os preparativos para a pequena festa que eu faria para Cath. Ela não escolheu um tema, apenas escolheu a cor azul. Eu sabia que era sua cor preferida e estava tentando fazer o meu melhor para ela.
Liam parecia mais ansioso que eu, mas ele tinha motivos. Durante toda a semana ele invadia meu consultório e me roubava um selinho ou dois. Eu não sabia exatamente o que estávamos fazendo, mas eu sabia que eu gostava. Ele fora meu primeiro em tudo e eu jamais havia o esquecido. Estar com ele de novo me fazia reviver coisas que foram perdidas quando ele se foi.
Mas na sexta feira ele não apareceu no meu consultório e eu sabia que ele estava nervoso demais para isso. Ele falaria com Cath e eu esperava que tudo corresse bem.


Liam
Eu estava tão nervoso que mal podia respirar. Quando cheguei na festa simples da minha pequena Cath, ela abriu um sorriso que iluminou tudo ao nosso redor, e também me desesperou. Ela pulou no meu colo e me levou pra conhecer a mesa cheia de doces. Estava tão orgulhosa em dizer que sua mãe e ela tinham feito tudo. Queria que eu provasse alguns antes pra ter certeza de que estavam gostosos, mas eu a tranquilizei dizendo que tudo o que ela fazia ficava incrível.
Eu via os convidados chegarem e (S-N) os cumprimentarem com educação e sorridentes. Me imaginava ali com ali, recebendo eles como o pai de Cath. Daniel entrou também e se sentou comigo, dividimos uma cerveja e conversamos sobre nada em especial. Ele estava acompanhado com uma moça que eu não conhecia.
Quando os convidados acabaram de chegar (S-N) se sentou conosco e tomou um pouco da minha cerveja, me fazendo rir. Cath estava distraída com suas amigas e Daniel com sua nova companheira, (S-N) aproveitou-se disso para me dar um selinho demorado. Uma música animada estava tocando, e várias pessoas estavam dançando.
- Vem. – (S-N) me puxou para dançar apesar de todas as minhas recusas. Dançamos duas músicas animadamente até Cath nos interromper e dançar com a gente também. Quando me distraí com a pequena, (S-N) nos deixou a sós e foi ver se estava tudo certo com os comes e bebes.
- Você e a minha mãe estão namorando? – Cath me perguntou com uma simplicidade que eu achei impossível.
- Não... Não Cath. – Eu ri baixo. – Somos amigos, se lembra?
- Mas amigos não beijam, tio Liam. – Ela me olhou curiosa. E eu realmente não sabia o que fazer.
- Bom, nós somos amigos íntimos. – Eu disse e a girei para tentar fazê-la mudar de assunto.
Cath estava tão feliz, era quase palpável a felicidade que ela emanava. Ela finalmente dizia que era uma adolescente e estava adorando a nova sensação. Eu esperava que toda aquela felicidade continuasse quando eu a contasse com o meu discurso – nada planejado – que eu era o seu pai.
Depois da nossa dança Cath me deixou sozinho com (S-N) o tempo todo, nós sentamos, comemos e ela apenas se lembrou de mim quando fomos cantar os parabéns, ao qual ela me deixou ao lado dela na mesa.
Boa parte dos convidados já haviam deixado o salão quando (S-N) me puxou para a cozinha e me beijou carinhosamente. A surpresa e o carinho dela deixou o beijo muito melhor, e minhas mãos soadas e ansiosas se acalmaram quando encontraram a curva da sua cintura.
- Eu acho que é uma ótima hora pra você falar com ela. – Ela sussurrou entre selinhos, e eu sabia que ela estava tentando me acalmar.
- Vou precisar da sua ajuda. – Eu pedi e ela sorriu.
- O que você quiser.
                                                   ********
O salão ficava dentro de uma praça, eu estava sentado em um banco que eu mesmo havia decorado, com pequenas flores rosas que contrastavam com o branco do ferro, depois da pequena ponte que dava passagem para o outro lado do lago artificial que havia ali.
Pedi que (S-N) avisasse Cath que alguém a esperava no primeiro banco depois da ponte, alguém que queria muito falar com ela. E que a trouxesse para mim. Eu ouvi os passinhos apressados da Cath, e mesmo de costa para ela eu podia ouvir ela sussurrando para a mãe que queria saber porque ela tinha que estar ali. (S-N) a deixou na ponte, abaixou-se e segurou a cintura da minha filha.
- Cath, eu te amo. – (S-N) disse. – Lembre-se do que eu sempre te ensinei sobre ouvir as pessoas, sim?
Cath assentiu calada e curiosa.
- Mamãe, é o tio Liam que me espera. – Meu coração apertou.
- É ele sim, vai até lá e por favor não esqueça que eu te amo. – (S-N) volto para o salão e Cath correu animada até onde eu estava e se jogou sentada ao meu lado.

- Tio Liam... – ela riu. – O que vamos fazer aqui?. – Eu sorri sentindo meu lábio tremer.
- Eu quero falar com você – Sorri. – Você já uma adolescente... – brinquei. – E tem algumas coisas que você deveria saber. Seu sorriso decaiu, apesar de seus lábios ainda estarem curvados.

(coloque para tocar)

Respirei fundo, olhando um ponto fixo a minha frente e comecei:
- Quando eu tinha sua idade eu costumava planejar tudo. Eu tinha uma lista de coisas que eu queria fazer e ser. Eu achava que sempre tudo iria sair exatamente da forma como planejava. – Mordi meu lábio. – E eu sempre me decepcionava. Eu passava horas no meu quarto com os olhos fechados e apertados sonhando com o dia seguinte. Cada mínimo detalhe do meu sonho era planejado. Mas o amanhã chegava e nada saia como eu havia planejado. Até mesmo aqueles detalhes que eu havia imaginado com tanto carinho. A minha primeira decepção foi aos sete anos. Eu estava no meu quarto, o dia seguinte seria o meu aniversário e meu pai iria me levar para assistir um jogo do meu time preferido. Mas meus pais começaram a brigar, eles eram novos, sabe? Meu pai saiu de casa naquela noite e não voltou mais. – Mordi o lábio. – Eu acordei no dia seguinte com a minha mãe tentando me explicar o que havia acontecido. Quando ela me deixou sozinho eu peguei minha agenda e risquei o item 1 que era ir ao jogo com o meu pai. Quando eu tinha nove anos meu pai voltou. E ele me ensinou uma coisa muito preciosa, Cath. Duas lições que eu demorei muito tempo para entender: 1) As pessoas erram  e 2) A vida uma peça de improviso. – Segurei suas pequenas mãos entre as minhas, observando seus olhos em mim. – Lembra de quando você disse que sabia quem eu era? – Ela assentiu. – Você estava certa, eu namorei sua mãe. Nós nos conhecemos quando tínhamos 16 anos. Você precisava ver, sua mãe era tudo o que eu não queria. E eu tenho certeza de que ela se sentia dessa forma também. Eu era o filhinho da mamãe, meu cabelo estava sempre perfeitamente penteado para trás com um gel. E ela era.... Ela era única Cath. Ela não tinha medo. Ela me contou que nunca planejou nada, que sempre aceitou tudo o que veio. E sabe isso me assustava muito, mas nós nos apaixonamos. E durante nosso namoro nós erramos muitas vezes.
- Tio... – ela começou baixinho, mas eu não deixei que continuasse.
- Eu não esperava ficar com ela para sempre. Ela era uma das pessoas que sempre me decepcionavam porque ela não seguia o roteiro que eu tinha feito para a minha vida. E ela me ensinou a lição mais importante de todas: o perdão. – Eu sorri. – Ela sempre me decepcionava e eu sempre a perdoava. Mas o que eu não sabia é que isso a assustava muito, o fato de sempre me decepcionar... Quando eu tinha 18 anos eu comecei a planejar e a notar que ela não estava em nenhum dos meus planos. Eu passei em medicina e a deixei como se... Como se ela nunca tivesse significado nada. Eu fui para a faculdade e terminei nosso namoro por uma carta. Eu não a vi nunca mais depois disso... até agora. – Sorri. – Quando nos reencontramos ela estava diferente e eu também. Nós conversamos. – Mordi meu lábio. – No dia que eu me despedi dela, eu me lembro exatamente de ver uma expressão de pura tristeza nela, eu nunca tinha visto uma tristeza igual àquela. Mas ela não falava por medo, por medo de me decepcionar de novo. Ela disse que tinha algo para me contar, mas eu não deixei Cath. – Eu senti meus olhos se encherem. – Eu era tão egoísta Cath, eu não sei como uma pessoa tão bondosa como a sua mãe conseguiu me amar, porque eu só pensava em mim, na minha felicidade perfeitamente planejada. Mas é como meu pai disse: a vida é uma peça de improviso. Depois de muitos anos eu soube o que a magoava daquele jeito, minha pequena. – Sorri triste para ela. – Naquele dia, quando eu a deixei, ela tinha algo muito sério para me contar e eu não me importei. E por todos esses anos eu não tenho me importado. E eu vi que o grande erro da minha vida fora esse: perder tanto tempo planejando tudo e ficar cego para o que realmente estava acontecendo, porque para mim a minha faculdade de medicina era mais importante que a tristeza da única mulher capaz de me amar na vida. Naquele dia Cath, ela estava com uma bolsinha, e naquela bolsinha estava um teste de gravidez. – Cath me olhou apavorada, seus olhos estavam me analisando assim como os meus. – Eu sinto muito Cath – senti meus olhos transbordarem. - eu queria que você tivesse tido algo melhor todo esse tempo, porque você merecesse algo muito além disso... – Ela abriu a boca para falar mas eu a interrompi. – Eu sou seu pai Cath.

Lágrimas escorrem pelos seus olhos
Quando você perde algo que não pode ser substituído.

Lágrimas escorrem pelos seus olhos
E eu te prometo que aprenderei com os meus erros.

Fechei meus olhos. Minha respiração estava audível. Eu esperava que Cath me abraçasse e me disse que estava tudo bem e que ela estava feliz. Mas eu senti suas mãos pequenas escorregarem das minhas. Ela se levantou do banco e ficou a minha frente. Abri meus olhos.
- Você acha que eu não deveria ter nascido. Logo você. – Ela sussurrou em prantos e eu tentei me explicar.
- Não Cath, eu te disse que eu era egoísta. Eu errei...- Mas ela negava tudo o que eu dizia. – Cath por favor, não faz isso comigo. Eu te amo. 
Ela chorou audivelmente e a última coisa que eu vi foi minha pequena correndo para longe de mim.
- Cath, por favor. – Tentei chama-la mas foi completamente em vão.


(N/A):  Sei que demorei mas ai está, espero que gostem. O final completo já está escrito, mas como ficou bem longo eu tive que dividir para não ficar muito cansativo. Deixem nos comentários o que vocês acharam. E de acordo com alguns pedidos eu decidi terminar todos os imagines que ficaram pendentes antes de postar algo novo. Eu vou tentar postar uma continuação todo domingo até que todos estejam finalizados. Para quem se pergunta sobre Blue: foi enviada para o espaço criativo (antigo all time fics) e vai ser hospedada lá, mas quando ela entrar definitivamente eu aviso vocês e mando o Link. Não se esqueçam de comentar porque me ajuda muito. Boa leitura!!


Volta

E aí, todo mundo sobreviveu por aqui?
Dei um sumiço legal, eu sei, não precisam me xingar. O fato é que, eu trouxe duas boas novidades:
1) eu passei em duas faculdades (yeah)
2) eu já voltei a escrever.
Eu estou tão louca pra voltar quanto vocês, acreditem. O problema é que isso não depende só de mim (acreditem também).
Anyway em breve eu estarei aqui com MUITAS novidades, todos os imagines reescritos e tudo mais. Eu vou continuar todos que devem ser continuados, não se preocupem. E volto a dizer que Blue virou fanfic e não será mais postada neste site, e sim no Fanfic Obsession. Então, o que eu peço é só mais um pouquinho de paciência.
Xoxo

Writrouble - parte dois.





Ele desceu da cama após confirmar que a mulher estava dormindo. Ela ficava linda com sua camisa grudada em seu corpo, tinha que admitir. Olhou-se no espelho do banheiro e suspirou sentindo o peso em suas costas. Ele sempre se arrependia depois. Ela não merece isso, mas já não havia mais volta.
Ela estava grávida.

A manhã chegou silenciosa, como um vento frio. Havia uma tempestade de neve lá fora, e mamãe estava preocupada com seus planos para a ceia de natal. O resto da família chegou bem cedo: duas tias, seus maridos e filhos. Admito que os adorava, eu era mimado por elas.
Logo que acordei confesso que fiquei um tanto decepcionado por me lembrar da noite anterior. Não confunda, eu não me arrependo, mas eu sei que (S-N) sim. A decepção passou logo, não era como se eu esperasse acordar com ela me olhando, sorrindo e dizendo que me amava. Mas esperava que, no mínimo, ela falasse comigo.
Encontrei-a perto das oito da manhã, estava no celeiro. Eu devia matá-la por estar alimentando meus cavalos com coisas que certamente não eram rações, mas ela parecia um pouco relaxada fazendo aquilo, enquanto conversava com o Thor, cavalo que ela montou no dia anterior.
Certamente não era um dia muito feliz para ela. Era véspera de natal e ela estava longe de tudo o que conhecia e amava. Robin me disse que encontrou-a chorando na cozinha durante a madrugada. Senti-me culpado, mas nada podia fazer.
Durante o almoço, ela ficou em silêncio. Respondia uma ou duas perguntas que lhe eram feitas. No começo, algumas tias acharam que eu finalmente tinha encontrado uma namorada e a questionaram sobre o nosso relacionamento. Enquanto ela tentava vergonhosamente dizer que não tínhamos nada, eu apenas ria.
Passamos a tarde toda decorando a casa para a ceia. Ela estava e cima de uma cadeira, sozinha na sala, enquanto tentava colocar a estrela no topo da árvore de natal. Sorri de lado, e me aproximei.
- Deixa eu te ajudar.
Falei, pegando-a pelos tornozelos antes mesmo que pudesse me responder com qualquer coisa que me afastaria. Surpresa, ela riu alto, procurando uma forma de se equilibrar no meu colo. Sorri tentando passar algum tipo de confiança para ela.
- Pode me soltar agora. – Ela disse quando colocou a estrela em seu devido lugar. Eu queria ter dito alguma coisa, mas eu imediatamente travei ao vê-la com o rosto inchado. 
Ficamos em silêncio –e afastados- por um tempo enquanto eu tentava entender o porquê de toda aquela decoração. Senti que por vezes ela me encarava, claramente desconfortável com o nosso silêncio.
- Como você está? – Perguntei.
A resposta demorou, e quando chegou, veio como um sussurro.
- Bem e você?
Confirmei com o rosto enquanto ouvia minha mãe gritar com Matthew, meu primo arteiro de cinco anos.
- Não dá pra falar isso de todo mundo. – Indicando os dois com a cabeça. Ela apenas sorriu.
Pouco depois desisti de ter qualquer conversa com ela e segui para cozinha tentando comer qualquer doce que estavam preparando.

Terminei de fechar os botões da minha camisa quando ouvi a porta do meu quarto ser aberta. Minha mãe me encarava com um sorriso no rosto. Olhei-a pelo reflexo do espelho. Ela se aproximou me ajudando com as mangas da camisa.
- A ceia está pronta, querido.
- Já estou indo.
- Não quero que se atrase.
- Mãe... – Olhei-a sugestivamente.

Ela me deixou sozinho e pouco depois eu sai do quarto, percebendo a porta do quarto de (S-N) entreaberta. Olhei para dentro encontrando-a com um moletom, na frente do seu notebook. Seus olhos estavam inchados e a maquiagem borrada. Suspirei sentindo um aperto no coração. 
Olhei ao redor vendo que o andar de cima estava vazio, e entrei no quarto em silêncio, considerando se estava fazendo a coisa certa. Me aproximei devagar, me sentando ao seu lado. Ela me olhou com aquela cara de criança chorona, e de certa forma eu me senti aliviado por saber que ela não me expulsaria.
Fiquei impressionado com o seu estado. Estaria mentindo se dissesse que ela estava bonita. Mordi meu lábio tentando compreender o que estava acontecendo e de onde veio tanta dor. Decidi que esperaria quando ela quisesse me contar. Coloquei uma mecha teimosa do seu cabelo, que insistia em cair nos seus olhos, atrás da orelha. Aproveitando-me pra acariciar um pouco o seu rosto com o polegar. Ela me encarava com aqueles olhos brilhantes e dolorosos. Passei meu dedo pelo seu queixo, sorrindo com a marquinha que ela tinha ali.
Olhei para a penteadeira procurando algo que me ajudasse a limpar aquela maquiagem preta que escorria por toda a sua bochecha. Encontrei um lenço umedecido e não hesitei em limpar suas lágrimas, primeiro com os meus dedos, porque honestamente, acredito que não há nada como um toque para demonstrar a alguém que você está ali. Depois peguei o lenço, passando por cima da maquiagem com delicadeza, como se ela pudesse se desfazer a qualquer momento. Seus olhos agora continham um misto de dor e curiosidade. Era como cuidar de uma criança.
Quando finalmente consegui tirar os resíduos de maquiagem, eu suspirei aliviado. Olhei de volta para o móvel lotado de maquiagens, somente para encara-la de volta depois.
- Eu nunca maquiei alguém antes. Mas se você quiser eu posso... – E pela primeira vez, coube um sorriso em seu rosto em meio a tantas lágrimas. – A ceia está pronta, e nós queremos muito você com a gente.
- Eu posso me virar com isso. – Sua voz saiu baixíssima, e eu duvido que se não estivesse tão perto dela, teria entendido. – Obrigada, Harry.
- Você quer que eu te espere? – Perguntei, e ela negou com o rosto.
Desci com as mãos nos bolsos da minha calça social, sentindo o aquecedor da casa fazer um bom trabalho. Leona me avistou e me puxou para um canto com Gemma, para que pudéssemos beber.
Pouco depois, já na minha terceira ou quarta taça de vinho, vi (S-N) adentrando a sala de jantar, tímida. Usando um vestido rodado, com mangas até os cotovelos, azul marinho com um cinto vermelho e uma meia calça escura. Ela estava linda, apesar do rosto ainda inchado. Sua boca estava naturalmente maior e mais avermelhada. Eu me aproximaria se Robin não a tivesse puxado para que ela conhecesse os vizinhos que vieram jantar conosco.
- Você olha demais para ela. – Ouvi a voz de Leona atrás de mim.
- E qual o problema nisso? – Olhei-a tomando um gole do meu vinho. Ela apenas negou com o rosto enquanto me olhava inteiramente. Revirei os olhos. Foi-se a época que Leona era o suficiente para mim.
Se passava das nove da noite quando finalmente nos reunimos na mesa de jantar para comer. Tudo estava delicioso e eu acabei comendo mais do que deveria.
Quando o relógio marcou meia-noite a troca de presentes começou, e honestamente eu não me interessei muito por isso. Procurei (S-N) com o olhar por todos os lugares, mas Gemma disse que ela não estava se sentindo bem, por isso havia ido para a cama.


(S-N) acordou assustada quando sentiu algo cair em seu rosto. Era um bilhete, percebeu. Coçou os olhos, percebendo pelas frestas da janela que já havia amanhecido. Pegou suas coisas dentro da mala e foi até o banheiro para fazer sua higiene matinal.
A casa estava silenciosa, e não parecia ter alguém acordado. O bilhete era anônimo e pedia para que ela encontrasse o autor atrás do celeiro. Pouco depois, mesmo insegura, ela andava por entre a neve. Encontrou Robin sentado em um pedaço grande de pano, enquanto tirava algumas coisas de uma cesta de palha.
- Robin, você me chamou aqui?
- Ah, bom dia querida. – Ele sorriu. – Sim, fui eu. Sente-se por favor.
Ela se sentou, ainda estranhando o comportamento dele.
- Se divertiu ontem? – ele perguntou sorridente.
- Ah, claro. – Mentiu. – Vamos fazer piquenique?
- É o que parece. – Riu. – Eu quero lhe dar um presente. Na verdade, não é bem “meu” presente.
- Do que está falando?
- Ah, sirva-se primeiro, vamos comer.
(S-N) deixou o corpo se relaxar, enquanto pegava algumas torradas com geleia. Conversaram sobre a festa, e ela teve que dar uma desculpa convincente para explicar o porquê de ter ido dormir tão cedo.
Quando acabaram de comer, Robin tirou do fundo da cesta o pequeno baú de madeira que a mãe de (S-N) havia lhe deixado como herança.
- Você vai me deixar ver o que tem ai? – Ela perguntou com um sorriso estampado no rosto.
- Não seria justo não dividir esse momento com você.
- Obrigada Robin. – Abraçou o homem, daquele jeito que somente ela conseguia.
O baú estava coberto por cartas que Robin e Laura trocavam quando ainda namoravam. Os dois releram e sentiram a mesma nostalgia naquele momento. (S-N) pode conhecer um lado da mãe que somente Robin sabia. Divertiu-se com algumas cartas.  Em um fundo falso, naquele mesmo baú de madeira. Havia um colar que Robin tinha dado para Laura quando a pediu em casamento –este que nunca se realizou- era um coração dourado.
- Posso? – Perguntou Robin, assistindo os olhos grandes da garota brilharem. Ela virou-se de costas para ele, deixando que ele colocasse o pequeno colar em seu pescoço. – É ouro. – Ele sussurrou. – Gastei todas as minha economias para compra-lo e dar para a sua mãe. Ela quis me matar.
(S-N) riu enquanto realizava tudo o que estava acontecendo. Jamais se sentira tão próxima à sua mãe, ou tão acolhida em uma família. Olhou para a cesta observando que quase tudo estava ao seu gosto.
- Como você sabia que eu adoro abacaxi? – Ela perguntou sorrindo. – E como você conseguiu ele?
- Ah – ele riu. – Na verdade, os créditos desta cesta vão todos para o Harry. Ele foi até um mercado de produtos naturais e encontrou.
- Ele fez isso?
- Ele é muito prestativo. É uma ótima pessoa, apesar de tudo. – Deu de ombros.


Durante todo o dia (S-N) se manteve afastada, na maioria das vezes relendo o e-mail que havia feito-a entrar em pânico no da anterior. Uma das poucas coisas que lhe consolavam era o colar que agora era exibido em seu pescoço, e que um dia esteve no pescoço da pessoa que ela mais amou em sua vida.
Não viu Harry, Gemma ou Leona. Eles haviam saído para se divertir de alguma forma na neve, o que ela achava um grande absurdo.
Anne fora vê-la umas três vezes durante o dia, enquanto ela ficava deitada tentando de alguma forma manter-se aquecida naquele dia que parecia muito mais frio.
- Acho que alguém está ficando doente. – Disse Anne, ao tirar o termômetro da menina. (S-N) revirou os olhos torcendo para que aquele fosse só o extinto materno dela falando mais alto. Pouco depois Anne voltou com um xarope com um gosto horrível, obrigando (S-N) a toma-lo.
Durante o jantar, estava mais disposta, mas com uma interminável vontade de se manter na cama.
Entrou em seu e-mail logo depois das onze da noite, vendo que sua agente literária havia lhe mandado novas fotos de um contrato imobiliário que ela jamais havia assinado.


Harry estava entre as cobertas enquanto lia O morro dos ventos uivantes pelo que deveria ser a décima quinta vez quando ouviu a porta do seu quarto ranger. Sem mesmo olhar sabia que era (S-N) que estava ali. Continuou prestando atenção em seu livro, mesmo quando a ouviu fechar e trancar a porta.
Mesmo com toda a tristeza que lhe rondava, (S-N) não se negou a sorrir ao ver Harry com o cabelo grande e enrolado preso em um coque, a camisa branca grudada ao corpo, e o óculos quadrado e preto emoldurando seus olhos.
Aproximou-se devagar, arrastando os pés. Dobrou os joelhos na cama, engatinhando manhosa e até o peito de Harry, deitou-se lá, com as mãos apoiadas no corpo dele. Sentiu a camisola fina subir e expor boa parte da sua calcinha, mas não se importou muito. Olhou para o livro de Harry que de certa forma ainda fingia ignora-la, mesmo que ela tivesse percebido seus braços arrepiados.
Harry sentiu a garota procurando conforto enquanto passava as mãos em torno da cintura dele, e subindo o rosto para mais perto do pescoço dele, escondendo-o ali. Sentiu sua pele molhada pelos cílios dela, e mordeu o lábio, sabendo que mesmo que quisesse muito fingir que não se importava, havia uma necessidade imensa de abraça-la também pela cintura e puxar o corpo quente dela para o dele.
- Você vai me contar o que houve? – Ele sussurrou, ainda com os olhos pregados no livro. Imediatamente ela o apertou mais em seu abraço, procurando carinho, conforto, e algo que lhe aquecesse por dentro.
- O que é amor pra você, Harry? – Ela perguntou em um sussurro frouxo.
Ele fechou o livro, deixando de qualquer modo entre os cobertores, e apertou seu abraço em volta da cintura dela, olhando, sem realmente assistir, a tevê à sua frente.
- Para mim amor é raro. – Ela o encarou curiosa, com aqueles olhos brilhantes e aqueles lábios avermelhados que o faziam ter vontade de beija-la o dia todo. – Não acontece tão frequentemente na nossa vida e geralmente nós confundimos paixão com amor... Eu acho que é como o seu lar. É quando você faz o coração de alguém o seu lar.

Os dois ficaram em silêncio encarando ambos os olhos, enquanto ele subia o abraço para o ombro dela e acariciava o local, estranhando a temperatura mais alta que o normal do corpo da menina. Ela também o acariciava, em seu peito.
- O que aconteceu? – Ele sussurrou. – Quem fez uma mulher tão ensolarada ficar tão nublada?
- Ele me traiu. – Ela silabou. – Ele comprou uma casa para a amante dele. – Harry olhou-a de um modo sugestivo, para que ela continuasse a falar. – Minha empresária estava revisando uns contratos na minha casa quando encontrou um contrato imobiliário dele que não trazia o meu nome. Mas sim o de uma advogada que trabalha com ele. Eu sempre soube que ela tinha uma espécie de amor platônico por ele. Só não sabia que ele correspondia. – Deixou outra lágrima cair.
- Não acho que você deva tirar conclusões apressadas.
- Ah Harry por favor. Não é só isso, é tudo, entende? – Ela se sentou na cama com as pernas cruzadas. – Desde os jantares que nós íamos, ela sempre fazia algo que sugeria que ela queria ele. Ela consegue ser pior que a Leona. – Harry riu.
Ele ficou um tempo em silêncio assimilando as informações. Não discutiria com ela, se ela dizia que tinha certeza, deveria ter seus motivos.
- Você também traiu ele... Comigo. – Olhou-a com um sorriso divertido.
- Isso não é engraçado. E foi diferente Harry. Eu não tive uma vida, uma história com você. E não estou gastando meu dinheiro pra te sustentar. Não é nem a traição física. É a traição moral, entende? Ele me enganou esse tempo todo. Eu achava que eu poderia confiar nele.
- A gente sempre acha. Ele não foi a primeira e não será a última pessoa que te machucou. Você precisa lidar com isso, amor. Se você acha que isso realmente aconteceu, precisa escolher o que vai fazer. Ficar sentada reclamando e chorando não vai te ajudar em nada.
- Sabe o que é pior? – Ela o ignorou. – É que eu me sinto culpada por ter transado com você. – Ele riu, chamando atenção dela.
- Então faça como eu: não sinta culpa. Fez? Tá feito. – Ele percebeu as lágrimas começando a voltar e sabia que ela não estava ouvindo o que ela dizia. Se sentou de frente para ela, colocando suas mãos ao redor do rosto dela. – (S-N), para de chorar. Você é jovem, então cala a boca e aproveita sua vida. Ele fez isso porque quis, você acha que deve ficar chorando e se humilhando desse jeito? – Ela negou com o rosto. – Por favor, não faça isso com você mesma.
Sem qualquer precedente, ela o abraçou pelo pescoço, de um jeito apertado, enquanto afundava seu rosto molhado na pele dele. Era incrível como ele a fazia se sentir uma tola e ao mesmo tempo uma mulher com uma força indescritível. Harry correspondeu seu abraço, deixando um beijo molhado nos cabelos dela.
Os dois se deitaram na cama, enquanto (S-N) tentava se recuperar da notícia. Não sentia tristeza, exatamente (pelo menos não mais). Lembrara que seu noivado com ele estava indo por água a baixo, lembrava também que não tinha toda a moral para dizer que ele era um traidor. Ela só não queria ter que voltar par casa e fingir que tudo estava bem.
Harry voltou a atenção para o seu livro enquanto ela respirava pesadamente em seu peito, e passava as mãos pela região de sua barriga.
- Me ajuda, Harry. – Ela mordeu o lábio. Ele, mais uma vez deixou o livro, para acariciar os cabelos dela. (S-N) ergueu o rosto escarando ele. Harry reparou em como o nariz dela estava avermelhado, e os olhos brilhantes e úmidos. Ela encostou seu nariz com o dele e fechou os olhos, ouvindo-o sussurrar pouco depois:
- Você quer que eu te coma?

N/A: Sei que demorei, mas quem está no grupo sabe a razão (que eu acho desnecessária expor aqui.) De qualquer forma, sobre o imagine: sim, parei ai propositalmente! Aguardem pela próxima parte. 
Para quem ainda pergunta sobre Blue: ela vai ser fanfic, por isso eu NÃO irei continuar aqui no blog. Esperam que tenham gostado. Aguardo seus comentários.


Imagine com Harry Styles - Writrouble.

                                                             









15 de Dezembro, Inglaterra.
Robin abriu os olhos depois do terceiro toque irritante do telefone. Sentiu sua esposa se mover ao seu lado e para não acorda-la pegou o celular indo em direção à sala.
- Pois não? – Perguntou checando as horas no relógio.
- Senhor Twist?
Robin tirou o telefone do rosto ao ouvir o sotaque diferente. Percebeu que o DDD não era de lugar algum do Reino Unido.
- Eu mesmo, em que posso ajudar?
- Meu nome é Hector Torres. Peço desculpas pelo horário da ligação, mas tenho algo a tratar com senhor que pode ser de seu extremo interesse.
- Pois não. – Repetiu.
- Sou advogado, e uma das minhas clientes que faleceu há alguns anos deixou em seu testamento uma herança para o senhor.
- Cliente falecida? Qual cliente?
- A senhora (S-S).
Robin sentiu a garganta se fechar e o fôlego faltar.
- Laura está morta? – Perguntou.
- Há mais de 20 anos, senhor!
- O que? – Arregalou os olhos. – Isso não é possível! Por que não me constataram antes? E como assim ela me deixou uma herança?
- Um dos pedidos do testamento era que o senhor e a filha de Laura só soubessem do testamento assim que a garota completasse 22 anos.
- Isso é loucura.
- Bom, senhor. Eu imagino o quão difícil esteja sendo a notícia. Mas (S-N) não se lembra da mãe. Por isso eu entrei em contato com o senhor: queríamos entregar-lhe a herança pessoalmente.
- E onde nós nos encontraríamos?
- (S-N) gostaria muito de poder visitar a Inglaterra, e talvez o senhor possa oferecer à ela algumas informações sobre Laura.
Robin passou a mão pelo rosto de forma rude, respirando fundo enquanto processava todas as informações que recebera naquela madrugada.
- Eu preciso pensar nas minhas possibilidades. Retorno a ligação em alguns dias.
- Claro senhor Twist, o senhor tem todo o direito.
- Muito bem, vou anotar o seu número.

19 de Dezembro, Inglaterra.

(S-N) entrelaçou sua mão na procura de algum contato que trouxesse algum conforto para si enquanto aguardava sua mala no aeroporto, que não demorou muito para chegar.
Apesar do frio e da neve que cobria a cidade, ela podia ver, pela janela do táxi, todas as paisagens possíveis. Hector riu da atitude infantil da garota e mordeu os lábios ao observar o corpo curvado dela.
- Ansiosa? – Perguntou.
- Eu não consigo esperar mais um segundo. – Ela sorriu.
Para ele era encantador a forma que seu sorriso fazia em seu rosto. Ela esteve tão triste por tanto tempo. Seus olhos ainda continham aquele brilho de tristeza, que não se importava em dividir o espaço de suas orbes com o brilho de alegria, que agora, constantemente aparecia.
Assim que conseguiram chegar ao hotel, descarregaram suas malas e foram para o quarto. Hector olhava para o dedo anelar de (S-N) orgulhoso do anel que ali exibia. Sorriu largamente quando sentiu a cama se afundar ao seu lado, conforme sua noiva se jogou.
- Você está tão feliz, não está? – Deixou seu tronco em cima do dela.
- Mais do que você imagina. – Ela acariciou o rosto do noivo.
- Então eu também estou.
Ela sorriu passando o polegar pela bochecha corada dele.
- Eu nunca sei te responder à altura. – Sussurrou.
- Eu sei como você pode tentar. – Hector abriu um sorriso de lado, levando seus lábios carinhosamente para os de sua noiva.

Hector abriu os olhos devagar, esticando seus braços e pernas enquanto sentia o calor agradável que o aquecedor do quarto fazia. O relógio apitou poucos minutos depois, quando ele se virou para (S-N), beijando-lhe o ombro.
- Ei, está na hora. – Sussurrou recebendo apenas um resmungo como resposta. – Vamos lá, você quer conhecer o Robin, não quer?
Aos poucos (S-N) se virou para ele sussurrando o quão cansada estava. Mas foi respondida com um beijo, que serviu de estímulo para levantar-se e ir se arrumar.
- Quer que eu vá com você? – Perguntou.
- Não me leve à mal. Mas acho que ficarei mais confortável sozinha.
- Tudo bem, eu vou ficar aqui esperando você voltar.
(S-N) sorriu quando viu o bico formado na boca do noivo e beijou-lhe levemente, recebendo um tapa no quadril enquanto ele dizia que ela iria se atrasar.
- Como estou? – Ela apareceu poucos minutos depois dando uma voltinha enquanto ria.
- Nossa. – Hector se sentou na cama. – Tem certeza que não devo ir? Eu vou ficar com ciúmes.
Ele sorriu enquanto ela se jogou em seu colo com aquela gargalhada.
- Boa sorte, amor.
- Obrigado.


Robin entrou no lugar aconchegante e passou os olhos em busca de quem procurava. Suspirou retirado o casaco até encontrar dois pares de olhos curiosos e um sorriso tímido que ele conheceu um dia. Se aproximou devagar com o rosto baixo.
- Senhor Twist? – A garota chamou esperançosa, enquanto se levantava para lhe cumprimentar com um abraço. Gesto que, apesar de muito confortante, era novo para ele.
- Só Robin, por favor.
- Claro, claro. Sente-se por favor.
Robin assentiu, sentando-se em seguida.
- Eu queria agradecer muito por você ter aceitado o nosso convite. Eu nem sei como agradecer, de verdade. – Ela comentou apenas recebendo um aceno com o rosto como resposta. – Bom... Vamos almoçar primeiro, o que acha?
- Tudo bem.
Fizeram seus pedidos enquanto (S-N) sentia a animação desaparecer com o silêncio de Robin.
- Deus, isso é loucura. – Ele comentou enquanto a encarava. – Você é igual à ela. Totalmente.
Finalmente ela abriu um sorriso, que na opinião de Robin era totalmente reconfortante. Era o tipo de sorriso que você deseja profundamente que seja redirecionado para você.
- Como pode não se lembrar dela?
- Ela morreu quando eu tinha dois anos. Mas aos 15 eu sofri um acidente e perdi parte da memória. Eu não me lembro de nada, nada mesmo. Mas ai veio o testamento eu estava proibida de ver até que completasse 22 anos. E quando fiz a leitura do testamento tinha algo para você. Eu estranhei, é claro.
- Eu imagino. Céus, eu namorei a sua mãe há uns 30 anos atrás, eu deveria ter uns 20 anos. Foi muito intenso, nós nos conhecíamos desde adolescentes.
- Ela deve ter te amado muito. Não te deixaria algo se não amasse.
- Eu também amei muito ela. – Disse sério. – Nunca duvide disso.

Os dois saíram em direção à uma praça no centro enquanto Robin contava à (S-N) tudo o que ele se lembrava sobre o primeiro amor da sua vida. Sobre os planos dos dois de se casarem, que acabou quando ela foi morar no Brasil e eles nunca mais tiveram contato. (S-N) entregou um baú com desenhos em dourado para ele, que resolveu que abriria quando estivesse sozinho.
Andaram por algum tempo até que o sol estivesse se pondo e a mulher avisasse que deveria voltar para o hotel.
- Escute, por que você e o seu noivo não jantam conosco?
- Não quero trazer problemas, Robin.
- Não. –Ele riu. – Isso não é um problema. Nós adoraríamos ter vocês em nossa casa.
- Ah, tudo bem.
Pouco depois de terem telefones e endereços trocados, (S-N) voltou para o hotel contando à Hector tudo o que havia acontecido.
-... Ele nos chamou para jantar com a família.
- E você se sente confortável com isso?
- Não sei. – Ela sorriu. – E vou continuar sem saber se não formos.
- Então nós vamos. Eu já tinha feito uma reserva em um restaurante, mas fica para outro dia. – Beijou os cabelos da noiva.


Anne olhou a mesa posta em sua sala de jantar, enquanto Gemma colocava os últimos talheres.
- Está tudo bem para você, mãe? Não deve ser fácil ter a filha da ex do seu marido aqui.
Anne riu revirando os olhos.
- Não é como se não me afetasse, eu não sei como me sentir sobre isso. Mas ele disse que ela é uma boa garota que só quer algumas respostas e um pouco de familiaridade, podemos oferecer isso à ela. Então por que não?
Gemma deu de ombros indo para a cozinha. Robin desceu as escadas ajeitando o suéter que usava.
- Harry não quer descer.
- Por que não?
- Ele simplesmente acha que isso é uma forma de humilhação para você.
- Mas não é.
- Eu não sei mais o que dizer à ele, Anne. – Robin suspirou.
Anne deixou os pratos em cima da mesa e subiu o caminho há pouco feito pelo marido.
- Não está um pouco velho para birras, Harry?
- Não é birra mãe. Nem sei por que você aceita isso. É a filha da ex dele. – Apontou para a porta. – É uma enteada.
- Harry, ele namorou a mulher quando tinha 20 anos, isso não significa nada. E você deve respeito à ela. Todos nós devemos. – Harry revirou os olhos.

Gemma abriu à porta ao toque da campainha e seu sorriso se iluminou ao ver quem ali estava.
- Você deve ser a (S-N), entrem, por favor.
Com pouca formalidade cumprimentaram à todos que estavam na casa. Os olhos de (S-N) foram atraídas para dois globos verdes que brilhavam no canto da sala de jantar. Harry a encarava dos pés à cabeça de forma invasiva e irritada.
Sentaram-se à mesa. (S-N) em frente à Harry que apoiou-se no encosto da cadeira com os braços cruzados. Hector sorria alinhadamente enquanto contava como havia sido a viagem.
- A mesa está linda, senhora Twist.
- Me chame de Anne. – Sorriu. – Receio que não tenha conhecido meu filho mais novo: Harry. – Passou as mãos pelo cabelo grande e cacheado do menino.
- É um prazer Harry. – Ela disse com o sorriso que derreteria qualquer coração, até o dele, se o seu orgulho deixasse.
- É claro que é.
Anne prontamente impediu que saísse qualquer outra coisa de má educação da boca de Harry.
- Então, com o que você trabalha, querida?
- Eu sou escritora. Tenho quatro livros publicados.
- How you give me hope. – Gemma disse alto, se envergonhando logo em seguida. – É um livro lindo. É um dos meus preferidos.
- Obrigada. – (S-N) sorriu.
A conversa se estendeu por longos minutos enquanto Anne e Gemma levavam o jantar para a mesa. E quando se sentaram o assunto se virou para o casal novo na sala.
- Vocês tem algum tipo de relacionamento afetivo?
- Vamos nos casar. – Hector respondeu beijando a mão de (S-N). – Em sete meses.
- Isso é maravilhoso. – Anne sorriu.
- Eu até gostaria de ver uns vestidos aqui mas eu não sei se vou ter tempo.
- Quando vocês vão embora?
- Na sexta.
- Mas no sábado é natal. – Gemma disse.
- É, eu sei.
Horas de conversa se passavam enquanto (S-N) percebia o olhar intacto de Harry sobre ela. Agora, tinha um misto naquele brilho, algo tênue entre a curiosidade e a irritação.
Quando o casal se moveu em direção à saída da casa, Harry se levantou e foi em direção à cozinha pegando a jarra de água de dentro da geladeira. Ao se virar se deparou com a mulher com a boca aberta.
- Caralho garota. – Harry levou a jarra em direção à bancada enquanto pousava a mão sobre o coração. – Você é muito silenciosa quando quer, sabia?
- Eu não queria assustar. – Ela riu deixando o garoto indignado. Como ela podia ser simpática depois de tê-la ignorado a noite toda?
- Se você não percebeu, eu não gosto da sua presença.
- Eu percebi Harry. Só quero um pouco de água. – Apontou à jarra.
Mesmo relutante ele colocou água no copo que ela segurava firmemente. Era irritante ouvir ela rir quando um pouco de água caía em seus dedos.
- Está gelada. – Ela riu.
- Seria estranho se não estivesse.
- Você é engraçado irritado. – Ela riu e não percebeu quando ele abriu um sorrisinho mínimo.
- Não acho graça. – Se virou de costas para ela.
- Tudo bem... – Se interrompeu enquanto dava goles altos. – Só queria que você soubesse que a minha intenção não era te deixar bravo ou desconfortável na sua própria casa. Eu não burra, Harry. Sei o que está acontecendo.
- Se você quer evitar que eu fique bravo é melhor ir embora com o seu noivo boa índole, não é?
- Certo. – Ela sorriu. – Boa noite pra você também.


20 de Dezembro, Inglaterra.
- O que está fazendo? – Hector perguntou depois de terminar uma ligação.
- Estou escrevendo, esse lugar é inspirador!
- Isso é bom! Vou poder ler algum coisa?
- Quando o primeiro capítulo estiver pronto, talvez. – Ele sorriu sabendo que ela com certeza pediria sua opinião algumas páginas depois.
- Quem ligou? – Ela desviou os olhos do computador.
- Ah, bem... Foi a Ana. – Ele tossiu.
- Tem algo que eu deva saber?
- Preciso voltar amanhã. – Hector respondeu de uma vez.
- O que? Hector você disse que iríamos passar a semana aqui.
- Mas você vai. Eu só preciso voltar amanhã, na quinta eu volto.
- Você volta na quinta, para na sexta irmos embora? – Murmurou irritada.
- Nós podemos passar o natal aqui. Não seria maravilhoso?
- Sua mãe nos odiaria por faltarmos no evento da família.
- Eu converso com ela enquanto estiver lá. Escute, deixo o hotel pago e volto na quinta e nós passamos a semana do natal aqui, o que acha?
Ela queria batê-lo, enumerar quanta falta de responsabilidade e compromisso era aquela atitude. Mas ela simplesmente não conseguia ficar brava com ele. Não quando os olhos escuros dele brilhavam em direção aos dela.
- Tudo bem.
Hector mordeu o lábio, sabia que não estava realmente tudo bem, mas logo ela deixaria de estar brava.
Naquela noite os dois jantaram em um restaurante tipicamente italiano à beira do Rio Tâmisa. Mas a noite de despedida não foi exatamente como Hector imaginava que seria.
21 de Dezembro, Inglaterra.
Anne passava os olhos pelas prateleiras procurando a marca certa de qual macarrão levaria para o jantar quando um perfume conhecido lhe chamou atenção.
- (S-N)?
- Anne? – A garota sorriu. – Oi.
- Que bom ver você! Onde está o seu noivo?
- Ele teve que voltar ao Brasil para resolver alguns problemas.
- Então você está sozinha?
- É, exatamente. – (S-N) sorriu sem graça.
- Oh, porque não vem nos visitar?
- Eu adoraria, mas estou louca procurando por um hotel. Tínhamos apenas duas diárias, e o hotel não quer estendê-las porque nosso quarto já está alugado para outra pessoa. E está difícil porque Londres fica lotada de turistas no natal.
- Você pode ficar na nossa casa, pelo menos até encontrar um lugar para ficar.
- Ah, Anne, é muita bondade mas eu não quero atrapalhar.
- Não vai atrapalhar, temos um quarto de hóspedes que não está ocupado. Bom, se decidir alguma coisa, tem meu telefone.



(S-N) tentou ligar para Hector pela quarta vez para informa-lo do problema com o quarto de hotel e a falta de vaga em outros hotéis espalhados pelo centro da cidade. Desligou o telefone, cansada com a cobrança da administração, e já com as malas feitas. Abriu a gaveta, puxando de lá o telefone de Robin a deu na primeira vez que se viram.
Explicou para Anne sua situação, e a mulher concordou prontamente que a garota ficasse um período curto em sua casa.
- Me desculpe por isso Anne, de verdade, eu vou procurar um voo na quinta mesmo para voltar.
- Ah querida, não se preocupe. É ótimo ter você, que aliás, é uma ótima companhia quando meu marido e meus filhos me deixam para ir à estádios assistir aos jogos. – (S-N) riu, repentinamente imaginando qual seria a reação de Harry ao encontra-la lá.
- Me conta mais sobre eles. – Pediu.
- Bom... A gemma é estudiosa e uma grande fã sua. – (S-N) sorriu. – E o Harry... Bem, ele é meio temperamental, mas tem um coração tão grande que eu desconfio que não cabe no peito.
- Ele não pareceu muito à vontade com a minha presença.
- Ele vai se acostumar. Não se preocupe.

Pouco depois, quando o jantar ficou pronto, Robin chegou com os enteados. (S-N) se preparou para um discussão grande que a deixasse irritada a ponto de sair da casa. Mas Harry, ao vê-la, simplesmente ignorou sua presença.
(S-N) não havia pregado os olhos desde que se deitara na cama do quarto de hóspedes. Não havia nada de errado com o lugar, só não era familiar. Pegou o celular e foi até a sacada, tendo uma bonita vista do jardim bem cuidado que Anne fazia questão de se gabar.
Discou os números de Hector sem se importar muito com o horário que era no Brasil. Mas mais uma vez sua ligação foi rejeitada. Suspirou alto, apoiando-se no parapeito da sacada.
- Não consegue falar com o seu noivo? – Ouviu a voz rouca de Harry perto, e ao olhar para o lado o encontrou vestindo uma calça jeans escura, também encostado no parapeito da sacada do quarto dele.
- Ele não me atende...
- Talvez ele esteja fazendo algo mais importante. Ou esteja com alguém mais importante. – Ele riu, mas ela não fez o mesmo.
- Obrigado. – Ela se virou para entrar no quarto quando ele chamou sua atenção mais uma vez.
- Viu como não é engraçado?
- O que?
- Ficar irritado. Se sentir inseguro.
- Não sei porque eu causo inseguranças em você, Harry.
- Porque você está obrigando Robin a reviver algo que ficou no passado. Você quer que ele volte a viver aquilo. Você acha que isso pode te aproximar da sua mãe, mas não pode.
Por mais duras que fossem suas palavras, ele não se importava realmente se iria magoá-la. Harry queria mostrar à ela que reviver o passado não era a melhor forma de conhecer a própria mãe.
- Eu sinto muito se você acha que eu estou aqui porque acho que o Robin pertence ao que um dia foi a minha família. Eu entendo o seu ciúmes. E eu sinto muito, mesmo.
- Não faça isso. – Ele pediu.
- Isso o quê?
- Não tente fazer com que eu me sinta culpado.
- Não Harry, não estou. De verdade. Eu entendo você. Eu ficaria assim também, talvez até pior. Eu só realmente não quero que você me odeie.
- Merda garota. Como você pode ser tão bonita por dentro? – Ela riu. – Você não sente raiva não?
- Eu prefiro não sentir.
Os dois permaneceram em silêncio, Harry aproveitou-se disso para observa-la com um pouco mais de cuidado. Ela tinha uma inocência transparecida no sorriso, e um brilho divertido nos olhos. Ela era baixa e os braços eram mais grossos que o normal, o cabelo estava preso de um jeito feio, em um coque que realmente não valorizou os seus traços. As olheiras fundas indicando noites mal dormidas.
- Você deveria ir dormir. – Ele disse.
- Quantos anos você tem?
- 19.
- Eu tenho 22. Não me dê ordens, Harry.
Foi a primeira vez que ele riu na companhia dela, e o som vibrante não passou despercebido por ela.
- Então é melhor que eu vá dormir, não acha, senhora?
(S-N) mordeu o lábio ao sentir a pergunta que queria fazer presa em sua garganta.
- Harry?
- Hum?
- Você acha mesmo que ele pode estar com outra pessoa agora? – Harry riu baixo.
- Ele é um grande idiota se estiver. – Bateu a mão na grade. – A propósito, você fica muito gostosa com esse pijama, dá pra ver os seus peitos. – Riu. – Boa noite.


- Droga. - Sussurrou baixinho ao abrir os olhos e sentir o frio se acomodando pelo quarto. Ouviu três batidas na porta. - Sim?
- Ah (S-N) – ouviu a voz de Gemma. – O café da manhã está pronto.
- Tudo bem, eu já vou descer.

Tomou um banho quente após juntar forças para levantar da cama. Desceu as escadas com dificuldade e encontrou a família reunida ao redor da mesa. Sentou-se tímida.
-Dormiu bem? – Perguntou Robin.
- Muito bem, obrigado.
- Conseguiu falar com o seu noivo? – (S-N) sentiu um nó se formar em sua garganta.
- Ainda não. – Harry abaixou o jornal no mesmo momento, atraindo o olhar dela para si. Ele era tão bonito, na opinião de (S-N), quando se permitia sorrir era como se algo novo acontecesse.
- Fiz panquecas. –Anne sorriu. – Espero que goste!
- Ah sim, claro.
Pouco depois da primeira garfada (S-N) levantou os olhos e percebeu as grandes orbes verdes grudadas em si. Sorriu disfarçada.



Harry chamou o nome da garota pelo que deveria ser a quinta vez. Mas (S-N) nem sequer chegava a se mover. Revirou os olhos, ficando de joelhos na cama fofa dela.
- Merda, garota. – Empurrou-a. – (S-N), acorda.
- Hum?
- Desliga esse celular, pelo amor de Deus.
Ela levantou depressa, deixando o garoto assustado. Harry não aguentou e riu ao ver o estado cômico da menina: pijama desengonçado, o cabelo bagunçado e a cara de sono. Nada que a diferenciasse muito dele.
- Oi? – Ela disse em um idioma diferente.
- (S-N)? Amor? – Ouviu a voz de Hector e rapidamente corrigiu sua postura, deixando transparecer a sua irritação. – Ah querida, eu sinto muito. Eu tive uma reunião o dia todo ontem, e quando voltei para casa descobri que deixei meu carregador com você. Eu sinto muito mesmo.
- Sentir muito não muda nada. – Passou a mão pela testa, lembrando que Harry ainda estava ali, deitado em sua cama. – Eu precisa muito falar com você, não era bobagem.
- Tudo bem, não está brava, está?
- Estou! Mas não tenho tempo para isso. Me tiraram do hotel.
- O que?
- O quarto estava reservado, não poderia ficar de qualquer forma.
- E onde você está?
- Bem... Na casa do Robin.
- Ah meu Deus, você não conseguiu outro hotel?
- Não...
- Tudo bem, amanhã eu chego ai e nós vemos...
- Não! Eu não quero que você venha. Eu vou embora amanhã.
- Pensei que passaríamos o natal ai!
- Isso foi antes de eu ter sido abandonada.
- Eu já pedi desculpas por isso...
- Isso não importa, não ficaremos aqui.
- Tudo bem, tudo bem. Eu vou comprar a sua passagem e te envio.
- Eu mesma compro, não se preocupe.
- (S-N) não fica assim comigo...
- Está tudo bem, Hector. Só estou dizendo que eu mesma posso fazer isso. De qualquer forma eu tenho que ir agora.
- Tudo bem. – Suspirou. – Eu te amo, tá?
- Também te amo.
 (S-N) jogou o corpo no colchão, ao lado do de Harry e suspirou profundamente, sentindo o cheiro amadeirado dele entrar suas narinas.
- Problemas? – Ele perguntou.
- Acho que o problema sou eu.
- Pensei que vocês mulheres odiassem essa desculpa.  – Ele riu. – Você está tão irritada com ele que não quer mais o ver?
- Eu nem estou tão irritada assim... mas não é a primeira vez que eu sou abandonada por ele, acredita que uma vez...
- Ei, ei, ei. – Harry a encarou. – Se eu quisesse saber sobre a sua vida compraria seus livros.
(S-N) abriu a boca algumas vezes sem deixar que algum som realmente saísse dela. Estava chateada com o comportamento de Harry, sentia que precisava falar com alguém, como o seu noivado com Hector estava indo de mal à pior. Pelo menos em sua mente.
- Meus livros não falam sobre mim...
- E se falassem ninguém compraria e você não teria metade do dinheiro que tem.
- O que? – Perguntou irritada, se virando para ele.
- Ah, qual é (S-N). Diga-me o que tem de interessante na vida de uma mimada? O seu noivado maravilhoso? A sua vida financeiramente estável? As suas viagens para divulgação do seu livro? Legal. Mas e as suas aventuras? O que você faz de novo? De perigoso? – Harry aproximou seu corpo do dela lentamente, sem a deixar perceber o que estava fazendo. – Diga-me, (S-N), quando foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez?
Harry ergueu as sobrancelhas esperando por uma resposta que sabia que não viria. Mas, lá no fundo, esperava que o seu discurso ridículo a afetasse de alguma forma. Levantou-se de cama, sem se importar com a calça jeans que estava caindo e deixando sua boxer cinza aparecer.
- Aliás. – Parou no batente da porta. – Meus pais saíram, disseram que vão voltar só de madrugada. Se estiver com fome, levanta essa bunda grande da cama e faça algo para si. Ah, e se fizer, faça pra mim também.
- Bunda grande? – Perguntou olhando para o teto. – Você é bem observador, senhor Styles.
Harry riu.
- Você ainda não viu nada, senhora calcinha de pandas.
(S-N) murmurou um palavrão baixo antes de certificar que Harry já havia deixado o quarto, abaixou um pouco o short do pijama vendo que a calcinha que usava era compatível com a descrição de Harry.
- Ele é bom. – Deu de ombros.

Assim que sentiu o estômago revirar, (S-N) desceu as escadas para procurar algo que pudesse fazer para ela, Gemma e talvez Harry. Mas ao chegar na cozinha encontrou uma cena que nem em um milhão de anos ela pensou que presenciaria: Harry com um avental de flores enquanto tentava inutilmente cozinhar alguma coisa. Ela riu alto, fazendo o garoto se assustar e queimar o dedo.
- Droga, (S-N).  O que tá fazendo aqui? – Harry tirou rápido o avental.
- Eu ia cozinhar, já que você não pode fazer isso.
Harry experimentou o molho e fez uma careta em seguida.
- Eu desisto. – Jogou as mãos para o alto. – Esse tal de molho barbecue não é pra mim!
- Por que não fez algo mais simples, Harry? – Ela chegou ao seu lado, olhando o caderno de receitas.
- Pensei que estivesse com fome. – Respondeu.
- Está tentando me impressionar, Styles?
Ele riu, se aproximando.
- Não é por nada não, moça. Mas meu sobrenome fica muito sexy saindo da sua voz.
- Sai Harry. – Ela empurrou ele, sorrindo.
Por sua vez, Harry empurrou-a com o quadril. Fazendo-a gargalhar.
- Vamos, eu vou te ajudar. – Ela começou a pegar ingredientes para começar o molho do zero.
- Então você sabe cozinhar?
- O básico.
Harry parou de cortar a cenoura quando ouviu a garota distraída, cantando alguma música baixinho, em outra língua que ele deduziu ser em português. Por mais que nunca fosse admitir, gostava do som da voz dela. E do sorriso.
- Traduz? – Ele pediu, baixinho com um sorrisinho que marcava suas covinhas.
- Ás vezes no silêncio da noite... – Ela começou, sem vergonha. – eu fico imaginando nós dois. Eu fico ali sonhando acordado, juntando o antes, o agora e o depois. Por que você me deixa tão solto? Por que você não cola em mim?
Harry sorriu mais uma vez, e se não estivesse tão envolvido pelo clima calmo da cozinha teria se repreendido por sorrir tantas vezes na presença dela.
- Tô me sentindo muito sozinho. Não sou nem quero ser o seu dono, é que um carinho as vezes cai bem. – Ela sorriu, encarando-o. – Eu tenho os meus segredos e planos secretos, só abro pra você e mais ninguém. Por que você me esquece e some? E se eu me interessar por alguém? E se ela de repente me ganha?
Harry levantou o rosto, encarando o nada. Deixou ser levado para dentro da mente dela, pensou que talvez ela já não estivesse só cantando.
- Quando a gente gosta é claro que a gente cuida. Fala que me ama só que é da boca pra fora, ou você me engana ou não está madura. Onde está você agora?
(S-N) terminou e deu um sorriso triste para Harry e ele quase sentiu vontade de se bater por tê-la feito parar de sorrir daquele jeito encantador.
- Essa foi a última vez. – Ela disse, concentrada na receita.
- O que?
- Foi a última vez que eu fiz algo pela primeira vez. Eu nunca cantei para ninguém. Pelo menos... Não para alguém que me escutasse sem me interromper dizendo que eu sou uma péssima cantora. – Riu.
- Eu gosto da sua voz. – Ele disse.
- Eu gosto das suas covinhas. – Harry riu.
- Bem, isso já é alguma coisa!
Os dois passaram um tempo em silêncio enquanto terminavam de cozinhar. Harry sentia-se leve ao lado dela, era como se ela fosse capaz de tirar todas as suas preocupações da sua cabeça. Nos tempos ao lado dela ele conseguia simplesmente estar ali. Não havia aquela sensação de estar rodeado de pessoas, e ainda assim se sentir sozinho. Ele não viajava, não se perdia no próprio mundo, simplesmente porque ele queria estar ali com ela. Ela fazia ele querer.
- Onde está a Gemma?
- Foi dormir na casa de uma amiga da faculdade.
- Ah claro.
- Você faz faculdade, Harry? – Ele riu.
- Biologia.
- Gosta de animais?
- É bem mais fácil lidar com eles.


- Estou ficando cansada, Harry. – (S-N) disse sonolenta na sétima partida de cartas.
- O que você acha de jogarmos uma coisa nova?
- Tipo o que?
- Já ouviu falar de strip pôquer?
- Ei! – Ela murmurou alto. – Olha o respeito. Eu não vou jogar strip pôquer com você. Aliás, eu nem sei jogar pôquer.
- Então podemos pular para a parte que você fica nua para mim. – Ele disse com a voz carregada de malícia.
- Você não presta.
- Você deveria me agradecer. – Harry voltou a atenção para as cartas.
- Ah é? E por que?
- Por estar tentando tirar você dessa sua vidinha monótona. Aposto que você e o Hector só conhecem papai e mamãe.
- Você está enganado! – Ela disse mais alto que o normal. – Não sei o que te leva a pensar que eu sou sexualmente frustrada.
- Está escrito na sua testa, (S-N).
- Harry...
- Aposto que você nunca gozou de verdade.
- Senhor! Você é uma criança, o que sabe sobre isso?
- Muito mais que o seu noivo! – Ele disse irritado.
- Acho que essa sua implicância com o Hector não passa de inveja. – (S-N) engatinhou até Harry, que não lutou para não desviar o olhar para a bunda da mulher. – Ou talvez ciúmes. Você queria ser como ele, Harry?
Harry riu ironicamente, empurrando ela com força contra o sofá, deixando-a presa entre suas pernas.
- Não, eu não gosto de comer uma megerazinha irritante como você. – Desceu os olhos pelo rosto dela, enquanto sua mão fazia o caminho inverso, subindo pela curva do seu seio. – Olha só pra você. Eu mal te toquei e você está toda arrepiada! Está molhada também, (S-N)?
- Se você acha que surte algum tipo de efeito sobre mim...
- E não? – Harry levou sua mão para a parte interna da coxa da menina de forma rude, enquanto seu rosto se escondeu na curva do pescoço dela. – Eu posso sentir a sua vontade daqui.
- Eu não quero. – Ela disse em um sussurro enquanto sentia um leve contato entre os lábios dele e sua pele.
- Não? Não me quer?
Harry subiu a mão em direção à intimidade dela, apertando-a devagar, sentindo os dedos, mesmo que impedidos pela calça, deslizando facilmente.
- Parece que eu estava certo de novo, (S-N). – Apertou a intimidade da mulher mais uma vez, prestando toda atenção para ouvir o gemido baixo que ela deixou escapar por entre os lábios entreabertos. – Você gosta disso, não gosta? Gosta que eu te toque assim!
Imediatamente ele soube que havia ido longe demais, seu plano era fazê-la correr atrás dele. De um modo tão desesperado que ela se sentiria aliviada e não arrependida no dia seguinte. Ele, então, parou com qualquer toque sobre a pele macia e cheirosa da mulher, se afastando repentinamente até o seu quarto.
Por mais que o volume recém formado em sua calça o deixasse totalmente irritado e frustrado, Harry fora dormir com um sorriso no rosto. Infelizmente, o toque da pele quente dela ainda estava vivo no seu corpo, e ele passou horas pensando em como queria aquilo. Queria de verdade. Queria as mãos delas enroscadas em seu cabelo enquanto ele a apertava, ou a beijava. Queria sentir o suor da pele dela se misturando com o seu. Queria que ela gemesse daquele jeito, baixinho, no ouvido dele. Mostrando que ela estava sentindo tudo aquilo unicamente por culpa dele. Ah, só ele sabia o quanto ele queria que ela esquecesse a porra do noivo e se entregasse de corpo e alma para ele.

- Bom dia, querida. – Anne falou animada ao ver a garota descendo as escadas com os olhos inchados e o cabelo bagunçado. Harry fez uma careta ao vê-la.
- Bom dia. – Ela sorriu. – O que é tudo isso? – Apontou as malas com o rosto.
- Ah, bem. Faltam dois dias para o natal. Nós passamos todos os natais na fazenda. Todos os nossos familiares se reúnem lá.
(S-N) sentou-se ao pedido mudo de Anne, que lhe serviu um pouco de café, que instantaneamente a garota misturou com leite.
- Seria um honra se você viesse conosco.
- Oh Anne, eu adoraria, mas tenho que voltar para casa. Comemoramos o natal com a família do meu noivo, ele detestaria se eu não estivesse lá e...
- Na verdade, ele parece não se importar. Caso contrário, já teria te ligado convidando, não acha? – Harry respondeu, recebendo um olhar repreendedor de Anne. Ela tinha um daqueles olhares que, independente da sua idade, faria você se calar.
- Não ouça o que ele diz. – Disse Robin, sorrindo enquanto virava a página do jornal.
- Bom, de qualquer forma. Se mudar de ideia iremos hoje de noite.
- Tudo bem.
(S-N) terminou o seu café em silêncio, fazendo o máximo para não levantar os olhos para Harry que conversava animadamente com Gemma. Era tão estranho estar tão perto e tão afastada dele. Era como se o seu toque ainda estivesse gravado em sua pele.
Subiu silenciosamente para o quarto de hóspedes tentando novamente ligar para Hector e contar sobre o pedido de Anne, mas, pelo que deveria ser a décima vez sua ligação foi ignorada. Sabia que o noivo era extremamente ocupado, principalmente naquele horário, mas era decepcionante querer conversar com ele e saber que há outras coisas que serão priorizadas. Coisas que não são você.
Desceu as escadas, levemente irritada, e encontrou a família sentada no sofá e discutindo qual seria a ceia de natal este ano. O olhar de todos, menos de Harry, pararam surpresos na menina.
- Eu aceito passar o natal com vocês, se não for incomodo, é claro.
Robin sorriu grandioso e de um jeito, diria ela, paternal. Anne levantou-se e insistiu em ajuda-la com sua mala. Mas (S-N) se sentiu incomodada ao deixar outra pessoa mexer em coisas pessoais.
Pouco depois do almoço (S-N) saiu apenas com a sua bolsa, dizendo que voltaria logo. Harry saíra pouco depois, com Joe e Ashton.

Harry andava pela cidade enquanto ouvia vagamente os amigos conversarem sobre a festa que iriam logo após a comemoração do natal com a família. Não que ele não estivesse desinteressado, até estava, mesmo que não fosse participar da tal festa. Mas algo lhe chamou a atenção enquanto eles passavam pela calçada de uma loja de noivas. Pela grande janela de vidro ele pôde ver (S-N) com um longo vestido de alcinha, olhava para o espelho à sua frente com um rosto iluminado. Enquanto para ele nada daquilo fazia sentido, para ela, parecia que as coisas estavam se esclarecendo.
Na opinião dele, ela era tão nova para se comprometer com um babaca que era capaz de negar uma viagem cheia de passeios e tardes de sexo com ela, só para passar o tempo resolvendo o problema dos outros. Aos olhos de Harry ela parecia incrivelmente solitária ali sozinha. Bateu com dois dedos no vidro, chamando a atenção dela, que imediatamente corou ao vê-lo ali. Harry sorriu pequeno, ignorando os chamados dos amigos. Entrou na boutique sobre o olhar curioso de algumas vendedoras elegantemente vestidas e seguiu até a sala onde a mulher estava.
Apoiou seu corpo no batente da porta enquanto a observava desajeitada com o vestido longo, procurando um véu que combinasse.
- Seus peitos ficaram legais nele. – Murmurou, assustando-a.
- O que está fazendo aqui?
- Não faço ideia, mas pensei que talvez você quisesse dividir esse momento com alguém.
- Eu até queria, com alguém que não fosse totalmente ignorante.
- Eu não sou ignorante. Só porque eu acho que esse casamento é a maior burrada da sua vida e que o seu noivo não passa de um babaca que não consegue, ao menos, te satisfeita?
Ela suspirou irritada, fechou os olhos, contando até dez.
- Você não sabe de nada da minha vida, Harry. Se for pra me deixar assim, vá embora. Prefiro ficar sozinha.
Ela disse enquanto o encarava seriamente pelo espelho. Harry sentiu-se culpado enquanto encarava os olhos aborrecidos. Sabia que a tristeza não era de todo culpa dele, era também de Hector, que simplesmente a ignorava tantas vezes.
Ficaram um tempo em silêncio, até que ouviu a voz chorosa de (S-N) se dirigir à vendedora.
- Eu estou horrível. – Tirou o véu. – Pode me dar um tempo para pensar? – Pediu. A vendedora assentiu calada e deixou a sala com somente os dois dentro.
Harry a analisou de corpo inteiro, era diferente e estranho vê-la dentro de uma roupa tão formal, mas não podia deixar que ela tivesse um pensamento tão negativo sobre si.
- Você está muito bonita. – Sussurrou, esfregando uma mão na outra. – Acho que nunca vi uma noiva tão bonita quanto você.
Ela olhou-o mascarando sua surpresa. Ele estava sério, até demais. Soube então que poderiam conversar civilizadamente.
- Não que eu tenha visto muitas noivas. – Ele riu, fazendo-a sorrir.
- A mãe de Hector quer que eu use um vestido repleto de pedrarias. – Disse. – Mas eu gosto dos simples.
- Quem vai se importar com qualquer outra coisa que você esteja vestindo? Todos vão olhar para você, para o seu rosto, e ver como você é bonita naturalmente. – Ele disse sem jeito.
- Foi a coisa mais doce que você já me disse, Harry.
- Não se acostuma. – Ele riu. – Agora vamos, minha mãe vai nos matar se não chegarmos a tempo em casa.


- Gemma, vire à esquerda. – (S-N) disse enquanto tentava se encontrar naquele mapa.
- Nem pensar, eu sempre viro à direita.
- Mas Gemma o mapa está dizendo que...
- Não sei por que minha mãe te deu um mapa, sério, eu conheço o caminho. – Teimou.
As duas rodaram por uma hora e meia até encontrar um posto de gasolina. Gemma pareceu um tanto quanto nervosa quando atravessou o posto.
- Não estamos no caminho certo, não é?
- Bem, este posto não estava ai antes...
- Certo, Gem. Estamos encrencadas, vamos até o posto e perguntamos onde fica a estrada certa.
- Nem pensar! – Ela disse alto, observando enquanto (S-N) a olhava curiosa. – Uma vez assisti um filme em que uma mulher pedia informações no posto, e no dia seguinte ela era estuprada pelos homens que lhe deram a informação.
(S-N) riu alto:
- Ai meu Deus, Gem. Tudo bem, eu pergunto, você pode até se esconder para que eles não te vejam. – Revirou os olhos.
Depois e pedirem informações sobre o caminho, descobriram que Gemma deveria ter virado para a esquerda. Em poucos minutos a estrada de terra e a porteira apareceu no campo de visão das duas. Gemma suspirou em alívio.
Depois de explicar o que houve e de cumprimentar os parentes da família, alguns destes que a olharam feio, (S-N) foi até o quarto que dividiria com Gemma e suas primas e trocou de roupa.
Ao descer começou a andar pela fazenda, observou o lago, quase congelado. O campo, as florestas ao redor, com os galhos cobertos por neve. O único lugar onde eles se esforçavam para tirar a neve era onde ficavam os cavalos. Andou até o estábulo. Observando adoravelmente os quatro cavalos que estavam ali. Aproximou-se de um cavalo marrom com a crina incrivelmente bonita e penteada. Mas ele se afastou vagarosamente, assustando-a.
- Ele vai te odiar se você se aproximar assim de novo. – Ouviu a voz rouca de Harry atrás de si.
- Ah... – Observou enquanto Harry se aproximava com um cavalo. Observou que ele estava sem roupas adequadas para a temperatura que fazia lá fora.
- Não está com frio?
- Eu estava cavalgando até agora, acredite ou não, isso me dá um calor. – Ele riu.
- Cavalos bonitos.
- Eu sei. Você quer cavalgar?
- Eu não sei fazer isso. – Ela riu.
- Você vem comigo, ué.
(S-N) parou para pensar, mas era algo totalmente novo para ela. Despertou sua curiosidade.
- Escolhe um cavalo. – Ele disse.
Ela sorriu travessa e apontou para o cavalo marrom, o qual a rejeitara. Harry riu.
- Você é corajosa. – Abriu a pequena porteira, deixando que o cavalo saísse lentamente. – Thor, amigão, essa é a (S-N). Ela é meio estranha assim mesmo, mas você tem que ser um bom garoto, e não quebrar o braço dela, certo? – Sussurrou, fazendo-a revirar os olhos. – (S-N), esse é o Thor.
(S-N) acenou com a cabeça, enquanto Harry negava com o rosto e murmurava “começou bem”.
Saíram pelo campo, onde havia uma cerca de madeira que os impediam de ir muito longe. A neve era baixa e Harry garantiu que o cavalo tinha perfeitas condições de caminhar naquele local.
(S-N) se posicionou para subir no cavalo e ao colocar um pé na corrente da sela, deu impulso –insuficiente- tentando subir no animal. Seu impulso, porém, apenas serviu para joga-la para trás. Harry a segurou, impedindo que ela caísse na neve, e riu ao ver o quão desajeitada ela podia ser. A segunda tentativa melhorou seu desempenho, mas somente na terceira ela conseguiu subir em cima do cavalo. Harry subiu logo atrás dela, passando suas mãos ao redor dela e segurando em uma espécie de corda que ele garantiu ser seguro.
Com os primeiros passos do cavalo ela sentiu seu corpo sofrendo um impulso para trás, de encontro com o de Harry. Que, imediatamente, deixou a coluna ereta, e os músculos rígidos. Ele era confortavelmente quente e macio. Aquela pessoa que você poderia abraçar na hora de dormir sem se cansar.
O passeio foi curto, mas ela quase não prestou atenção na sensação de andar de cavalo, o que a tomava era o torpor do peito de Harry se encostando em suas costas, os braços ao seu redor, como se oferecessem algum tipo de proteção. Harry, disfarçadamente, afundou o nariz entre os cabelos dela, inspirando o cheiro de flores e frutas que ela tinha. Harry deixou que ela andasse uma segunda vez, mas sozinha, enquanto ele segurava e guiava o cavalo. Até que Anne aparecesse avisando que o chá da tarde estava pronto.
Ao entrarem, uma garota de longos cabelos loiros se atirou em cima de Harry com uma risada escandalosa. Harry riu também, a abraçando de volta. (S-N) franziu o cenho, cruzando os braços. Gemma sussurrou em seu ouvido “Leona. Não ligue para ela.”
Leona sequer notou a presença de (S-N) ali, puxou Harry para qualquer canto. Foram apresentadas horas depois, quando a hora do jantar se aproximava. Leona e sua irmã mais velha, Flora, dormiriam no mesmo quarto que (S-N) e Gemma.
(S-N) estava adormecida quando ouviu murmúrios das duas irmãs, deixou os olhos pesados, apenas prestando atenção na conversa.
- Gemma disse que eles não namoram. – Murmurou Leona. – Você acha que ela está realmente dormindo?
- Ela está desmaiada aí há horas. Por que?
- Eu estava morrendo de saudades do Harry. –
Flora riu:
- O que vai fazer, seduzir ele até que ele te queira novamente?
- Eu não perder um homem como o Harry!
- Leona, acorda. Ele não tem olhos para você.
- Não foi o que pareceu da última vez.
- Ele estava bêbado.
- Não estava não! Isso foi só a desculpa que ele usou para não contar que me queria realmente.

Durante o jantar (S-N) percebeu indiretas da parte de Leona. Sentiu-se enjoada, ao olhar para o colo de Harry e var a perna da garota provocando as deles, enquanto ele ria de lado e negava com o rosto.
Após o jantar em família, (S-N) tentou mais uma vez ligar para Hector, que aparentemente decidiu ignora-la completamente, apenas mandando uma mensagem com “você poderia ter me avisado que agora tem uma nova família”. Ela simplesmente não suportava a ideia de ter Hector bravo com ela.
Tomou um banho quente em uma das duchas enquanto a família comia doces e conversavam alto na sala de jantar. Ouviu a porta ser aberta vagarosamente e assustou-se abrindo o box enquanto escondia o corpo em uma toalha. Harry entrou e ao vê-la em seu desespero, riu, fechando a porta atrás de si.
- Harry, eu estou ocupada, saia por favor.
- Qual é (S-N), você não tem nada que eu já não tenha visto antes.
- Ai meu Deus. Quem foi que te deu essa privacidade toda?
- Só vou escovar meus dentes, não vou te atacar, termine seu banho aí, vai. – Sussurrou em seguida. – Não vou te atacar, a não ser que você queira.
- Harry! – Repreendeu.
- Tudo bem! – Ergueu as mãos em redenção. – Só estava sugerindo.
(S-N) mordeu o lábio enquanto olhava para Harry, que escovava os dentes distraído. Olhou-a por um momento, percebendo o quanto estava quieta. Revirou os olhos.
- Você está chateada e quer alguém para desabafar, não é?
- Você me conhece tão bem. – Ela sorriu, enquanto ele fazia uma careta.
- O babaca do seu noivo não te deu bola de novo?
- Estou começando a acreditar que eu não faço muita diferença.
- (S-N), para de ser idiota. Ele está lá, curtindo a vida e você ai igual uma boba querendo que ele se importe. – suspirou. – Por que você dá mais valor para quem realmente se importa? - (S-N) abriu a boca, mas sabia que nada do que dissesse tiraria as verdades das palavras dele. Harry deixou-a sozinha para que terminasse seu banho, o que ela fez rapidamente.
Durante a madrugada, (S-N) não havia pregado os olhos, levantou devagar, sem deixar que as outras garotas percebessem. Contou os passos até a porta de madeira branca que estava fechada, mas não trancada. Abriu devagar, rindo com o fato de que Harry sentia-se sortudo por ser um dos únicos homens da família e por isso tinha um quarto só para ele.
Aproximou-se da cama vazia estranhando o fato. Estranhou mais ainda quando sentou-se nela e simplesmente pôs-se a esperar por ele, que talvez tivesse descido para tomar água. Era estranho como ela sentia que queria procurar ele quando estava magoada. No começo, as palavras duras de Harry a afetavam mais do que o próprio abandono de Hector, mas era como se agora ela achasse adorável a forma como ele a repreendia na intenção de mostra-la a verdade.
Harry era uma das poucas pessoas que eram sinceras com ela. E ela gostava disso, mesmo que na maior parte das vezes, a sinceridade doesse.
Deitou-se na cama com o rosto afundado no travesseiro dele, sentindo aquele cheiro confortável da pele dele. Algo vindo do banheiro do quarto a distraiu, fora um soluço baixo. Cuidadosa, ela se levantou e colou os ouvidos na porta.  Ouviu um suspiro, seguido de um barulho diferente, que ela conhecia de algum lugar. Outro suspiro, seguido de um gemido.
Ai meu Deus. Pensou.
Harry estava se masturbando? Colocou as mãos na boca para não fazer barulho algum, sorriu e voltou a ouvir os gemidos baixos que ele soltava. Céus, como era bom ouvir os sons que saiam de sua boca. Mordeu o lábio, roçando uma perna na outra. Ouviu um gemido mais alto, fechando os olhos e imaginando o que exatamente estava acontecendo naquele momento. Logo depois, um suspiro de alívio. Parte dela sentia-se perversa e intrusa, parte dela excitada. Os movimentos voltavam e ela sorriu ao pensar que ele não havia desistido.
O mundo parou quando ela ouviu seu nome sendo sussurrado em um pedido sôfrego de alívio. Ela mesma suspirou, afastando-se em seguida com medo de ter sido pega. Ponderou por vezes o que faria. Não iria simplesmente conseguir olha-lo no dia seguinte sabendo que ele estava pensando nela enquanto se masturbava. Sua excitação estava em níveis altos, mordeu os lábios sabendo que não podia simplesmente voltar para o quarto das meninas e tentar se aliviar também.
(S-N)? – Ouviu a voz dele, bem mais rouca que o normal, e fechou os olhos deliciando-se com a voz “pós-sexo” dele. Seu devaneio logo passou quando ela percebeu que havia sido pega. Harry estava soado, com as bochechas coradas e a respiração ofegante. Não parecia envergonhado. Talvez a possibilidade de ter sido pego não tivera passado por sua mente.
Em um ato de coragem e insanidade, (S-N) andou até ele, segurando seu rosto entre as mãos e grudando os lábios aos dele ferozmente. Harry sabia que era cedo demais, queria a mulher completamente louca por ele. Mas simplesmente não podia nega-la quando ela vinha tão cheia desejo daquela forma.
Harry deixou a toalha que segurava cair no chão e agarrou a cintura da garota, prensando-a contra a parede, sua mão subiu até o cabelo dela, puxando-o fortemente, lhe causando alguma dor extremamente prazerosa. Os lábios travavam uma guerra por poder, enquanto as línguas se entrelaçavam, causando uma euforia desconhecida nos dois. Ela era tão deliciosamente excitante que Harry simplesmente não conseguia controlar os instintos selvagens que se apoderava dele. Ela, no entanto, não estava tão diferente. Precisava imensamente daquilo, precisava daquela rigidez. Queria ouvi-lo xingar ela de nomes sujos, e sussurrar sacanagens em seu ouvido, como ela sabia que ele fazia.
Separaram os lábios quando o ar faltou, e Harry desceu sua boca pelo pescoço dela, abaixando rudemente o decote do pijama dela, sentindo, sem querer, o mamilo dela contra a sua mão. Suspirou com raiva quando percebeu que ela não usava sutiã para dormir. E aquilo, para ele, era excitante.
Harry sentia que podia explodir enquanto apertava o peito dela entre sua mão grande, e ouvia o gemido baixinho dela soar inocente em seu ouvido. Suspirou duas vezes contra o pescoço dela, puxando sua cintura e a atirando contra a cama. (S-N) sorriu de lado.
- Droga. – Ele sussurrou. – O que você está fazendo?
Ela sorriu antes de responder com uma voz absurdamente sensual:
- Eu gosto, Harry. De quando me toca assim. Eu fico molhada só de te ver por perto. – Sussurrou de volta, usando as palavras dele, contra ele.
Harry rugiu baixo, segurando os braços da garota ao lado da cabeça dela, assistindo-a ficar totalmente submissa em baixo do seu corpo.
Suspirou com os olhos apertados enquanto ela se deliciava sentindo o volume dele pressionado contra a sua barriga.
- Não faz assim. – Ele sussurrou. – Eu não quero me decepcionar ao te ver arrependida amanhã.
- Eu não vou Harry. Eu quero.
Não bastou muito mais que algumas palavras de incentivo para que Harry voltasse seus lábios com agressividade para o dela. Levantou o olhar, vendo o conjunto de pijama dela e sorriu de lado, sussurrando um “tire para mim”. Levantou-a, empurrando até a frente da cama, onde ela, sensualmente, levantou a blusa do pijama descobrindo cada pequena parte do seu busto. Abaixou o short enquanto movimentava o quadril, e ria pelo estado desesperado dele, tanto quando o dela.
Harry não pode deixar de reparar na pequena tatuagem que ela tinha abaixo do seio. Mas não se importou muito com o seu significado enquanto passava a língua nele. Passou a língua por cada palavra da tatuagem, mostrando que logo depois que terminassem ele adoraria saber o que significava.
Desceu a língua assustadoramente gostosa –na opinião dela- por toda a barriga da menina, até o quadril, onde pegou-a de surpresa. (S-N) instintivamente fechou as pernas, abrindo os olhos assustada, assustando-o também.
- Harry, o quê...
- Você não gosta? – Ele perguntou.
- Eu nunca... – Ela respondeu envergonhada ao ver o entendimento passando pelo semblante dele.
- Você está brincando que nunca recebeu um oral? – ela negou, ainda com as pernas fechadas. – Você vai gostar! É só um carinho.
Harry afastou as coxas dela com sua palma, e admirou a intimidade da garota. (S-N) sentiu-se como uma adolescente ao ser tão apreciada como da forma que Harry fazia.
- Fecha os olhos, apenas sinta. – Ele sussurrou, já com as palavras batendo no órgão da garota. Sua língua percorreu todo o caminho da intimidade dela, deixando um rastro molhado. Viu os dedos do pé dela se curvarem e a pele se arrepiar e continuou o carinho. Ela tinha um gosto absurdamente bom, na opinião dele. (S-N) podia ouvi-lo engolir a saliva a cada vez que a língua ou os lábios dele exploravam sua intimidade.
Harry não teve muita paciência, mas controlou-se para a deixar sentir tudo o que deveria. Pouco depois os corpos estavam unidos em um só. Harry segurava a cintura dela, beijando toda e qualquer parte de pele que encontrasse. Ela era incrivelmente apertada, de uma forma que refletia em seu membro, que pulsava dentro das paredes dela. Ela gemia baixo, de um jeito que ele nunca havia escutado antes. Era sensual, inocente, era como se pedisse por mais discretamente.
Os corpos estavam cobertos por uma fina camada de suor, os cabelos de compridos de Harry se enrolavam nos dedos dela. Ele a puxou para o seu colo, deixando que ela fizesse o trabalho por si só, se deliciando com a visão dela se movendo sobre ele.
Quando sentiu a intimidade dela se contraindo com mais força, segurou-a pela cintura, dobrando as pernas e movimentando seu membro com mais força para dentro dela. As pernas de (S-N) se apertaram na cintura dela, enquanto seu corpo todo se contraia, e ela mordia o ombro de Harry para não gemer alto demais. Ele, aos poucos, sentiu o líquido dela escorrendo por seu membro.

Harry caiu sobre (S-N) completamente exausto, sem se importar muito se esmagaria ela com o seu peso. Os dois haviam transado na cama, no pequeno colchão que ficava na janela, na pia do banheiro, e no box, quando os dois tinham a intenção de apenas tomar banho.
Ela o abraçou pela cintura, descendo uma mão para a bunda dela, enquanto o ouvia rir sem força alguma. O peso quente ele era confortável quando jogado sobre o seu. Harry beijou seu ombro algumas vezes, para depois se jogar ao lado dela na cama.
(S-N) imediatamente abraçou o corpo de Harry, acariciando-o por toda parte. E Harry riu ao descobrir o que não imaginava: ela ficava extremamente romântica e carinhosa depois do orgasmo. Era adorável como ela se enroscou nele, que por sua vez a abraçou de volta. Fechou os olhos aproveitando a sensação, quando ouviu o sussurro o longe, sem ao menos perceber que ela já não estava mais agarrada à ele.
“- Eu sinto muito.”
E depois, somente o barulho da porta sendo fechada e o torpor do sono tomando conta de si.

(N-A): Olá, depois de muito tempo! Espero que gostem desta primeira parte. Estou com novidades para o blog que pode virar um site. Ficou curioso? É só entrar no grupo e ler mais sobre isso. Beijos, até o próximo.