Que menina
confusa,
Fala de amor
Mas tem medo
de amar.
- Apagou.
Apertei meus
olhos enquanto Connor se movimentava em cima de mim. A dor que eles traziam
ficava mais intensa a cada minuto, meus lábios eram judiados pelos meus dentes.
A mão do meu marido fora em direção ao meu cabelo, puxando-o para trás,
deixando o meu pescoço exposto para que a sua boca explorasse o local.
Contei os
segundos para que aquela tortura acabasse. Eu não entendia o que estava
acontecendo, a vida inteira vi que algumas pessoas faziam qualquer coisa por
uma noite de sexo, por que comigo era tão diferente?
Levei dois
dedos à minha boca, mordendo-os e abafando um gemido sôfrego. Eu suava frio,
sentindo a minha pele arder nos locais onde as unhas curtas de Connor me
apertavam. Finalmente senti-o sair de dentro de mim, respirei fundo,
sentindo-me repentinamente aliviada. Virei-me de lado, olhando para as malas no
chão.
Meu marido
viajaria para a França dali algumas horas. Senti a cama afundar e soube que
Connor estava de volta, seus braços passaram ao meu redor, puxando-me para o
seu abraço. Me senti enjoada, querendo sair dali a qualquer custo.
Mantive
distância assim que ele me soltou, e acabei adormecendo. Fui acordada pouco
tempo depois por ele. A barba estava bem feita e ele vestia uma roupa social.
Reparei que meu corpo ainda estava nu levantei-me, então, enrolada no lençol,
fazendo Connor gargalhar.
- Não
precisa se esconder de mim.
Sorri
amarelo em resposta, sentindo meu corpo todo doer com os movimentos que eu
fazia para chegar ao banheiro. Olhei meu estado desprezível no espelho; meu
cabelo estava bagunçado, minhas olheiras estavam ainda mais aparentes, e os
meus lábios completamente machucados.
Tomei um
banho rápido, tomando cuidado com os meus movimentos. Agradeci mentalmente por
Connor ter deixado o quarto, para que eu pudesse me trocar em paz. Era difícil
ignorar a dor que eu estava sentindo, mas convenci-me que logo passaria.
Meu celular
vibrou em cima da cômoda, um sorriso largo abriu-se em meu rosto. Só havia uma
pessoa que me mandava mensagens. Certifiquei-me de que meu marido não pretendia
voltar para o quarto, e abri a mensagem.
“Bom dia! O
que acha de tomarmos um café? xxHarry”
Meu sorriso
se aumentou, respondi rapidamente pedindo que Harry me encontrasse na única
cafeteria que eu conhecia dali quarenta minutos. Desliguei o meu celular para
que, caso mais mensagens chegassem, Connor não desconfiasse.
De certa
forma eu me sentia uma adolescente rebelde mentindo para os pais pela primeira
vez. Harry me fazia sentir e ser esse tipo de coisa, talvez fosse por isso que
desde que o conheço ele tenha sido meu ponto de fuga.
Levei Connor
até o aeroporto, onde ele insistiu em me tratar como se eu fosse morrer de
saudades suas. Não me leve a mal, ele não era um homem ruim, mas também não era
o homem que eu queria para mim.
Assim que o
avião decolou eu soltei a respiração que não percebi que havia segurado. Um
sorriso levemente aliviado abriu-se em meu rosto. Caminhei imediatamente até o
carro, me dirigindo para a cafeteria onde eu esperaria Harry.
Estacionei
há algumas quadras de onde eu deveria entrar. Minhas mãos soavam frio enquanto
eu tentava inutilmente aquece-las dentro do meu sobretudo. Entrei na cafeteria,
passando meus olhos por todos os lugares até que parassem em um homem de
cabelos cacheados e compridos com uma criança do lado. Franzi meu cenho, me
aproximando devagar.
As íris
extremamente claras e verdes de Harry se levantaram de encontro para onde eu
estava, seus lábios se curvaram em um sorriso largo. Senti-me aquecida com a
recepção lotada de pequenos gestos que não demonstravam nada além de saudade.
Ah como eu sentia falta de vê-lo todos os dias, de sairmos, de irmos para a
praia, ou só de estarmos juntos no inverno tomando chocolate quente enquanto
ele fazia comentários sobre as pessoas que passavam por nós.
Harry se
levantou sorrindo e abrindo os braços. Abracei-o timidamente após deixar minha
bolsa no sofá que envolvia a mesa. Era novo pra mim ser tão calorosamente
recebida assim. Raramente Connor me abraçava ou fazia qualquer coisa que
demonstrasse amor. Talvez porque não havia amor.
Afundei meu
rosto na curva do pescoço dele, descobrindo ali minha parte favorita de seu
corpo. Seu perfume forte me acolheu como da primeira vez em nos revimos.
Soltei-me relutante enquanto ele me analisava, passou o polegar pelas minhas
bochechas, abrindo um sorriso lindo, atraindo o gesto de mim.
- Que bom
ver você. – Ele sussurrou beijando a minha testa.
- Eu digo o
mesmo. – Respondi sorrindo, olhando na direção da criança.
- Ah, essa é
a Amy, minha amiga. – Sorri para a garota, reconhecendo-a como a mesma que
estava no parque quando reencontrei Harry.
- Olá Amy. –
Estiquei minha mão para ela, que prontamente apertou-a.
- Amy, essa
é a (S-N), amiga do tio.
- Oi (S-N).
– A garotinha respondeu envergonhada.
Estive
confusa quando a vi sentada ao lado de Harry, mas quando Amy levantou o braço
para me cumprimentar vi que ela usava o uniforme do orfanato municipal da
cidade.
Fizemos
nossos pedidos, Harry e eu conversamos um pouco. Ele me contou que pelo menos
uma vez por semana saia com Amy. Que assim que começou a visitar o orfanato se
apegou à criança.
Amy
contou-nos como era a escola do orfanato, contou-nos que, graças à Harry, ela
era a melhor aluna nas aulas de artes. Ela era uma criança adorável. Ali, na
presença dos dois, esqueci-me da dor e de qualquer outra coisa ruim que pudesse
me rondar.
Depois de
tomarmos nosso café, caminhamos pelo centro da cidade. Após voltarmos para o
meu carro, levamos Amy para o ateliê da mãe de Harry.
- Estou
nervosa. – Comentei, rindo em seguida.
- Por que?
- Há tempos
eu não vejo a sua mãe.
- O que é
isso, (S-N). Ela vai adorar rever você. – Garantiu-me ele, pegando em uma das
minhas mãos e beijando-a em seguida.
Nós descemos
do carro, grudei-me em Harry, que gargalhou gostosamente. Amy correu para
dentro do ateliê, deixando-me sozinha com Harry.
- Gemma quer
adota-la. – Ele comentou, me fazendo sorrir.
- Tá ai uma
coisa que eu nunca pensei em ver: Gemma mãe.
– Ele riu.
- Ela e o
marido estão apaixonados por Amy, mas ainda estamos em processo de conhecer a
garota e fazer com que ela se acostume conosco.
Entramos no
ateliê, Harry segurou minha mão, puxando-me em direção ao fundo da loja. Senti
os poros do meu corpo se arrepiarem com o mínimo contato dos nossos dedos.
- Mãe, olhe
quem está aqui... – Ele disse sorrindo.
Anne, mãe de
Harry, colocou os óculos que estavam presos à sua blusa, para então abrir a
boca em surpresa.
- Ah Meu
Deus! – Ela sorriu. – (S-N), como você cresceu!
- Bom... Um
pouco. – Ri.
- Você está
tão bonita, querida. – Abraçou-me verdadeiramente.
Depois de
explicarmos como nos reencontramos, e do meu tempo para contar como minha vida
estava, Harry me levou para que eu visse alguns quadros que ele havia pintado.
Ele tinha um talento para qualquer coisa que fosse relacionada a arte.
Passei meus
olhos por todas as telas, parando em uma ao fundo, encostada na parede com um
pano cobrindo sua metade. Aproximei-me sorrindo, reconhecendo meu rosto mais
jovem.
- Harry... –
Chamei-o.
- É, tudo
bem... Eu deveria ter tirado isso daqui antes de te trazer. – Ele revirou os
olhos, ligeiramente envergonhado.
- Você me
pintou?
- Quando eu
tinha dezesseis anos... Deixa isso pra lá. – Ele riu.
- O que?
Está tão lindo... Por que me pintou?
- Bom...
quando eu soube que você estava indo para a Austrália eu pintei o mais rápido
possível porque queria te entregar antes que você fosse... Mas você já tinha
ido. Eu pensei em te mandar depois, no seu aniversário, mas Liam me disse que
você estava namorando então eu não quis te causar problemas. – Olhei-o
envergonhada e encantada. Com vontade de abraça-lo e pedir que ele me levasse
para longe. Que ele me curasse como fazia com Amy.
Harry tinha
o dom de me deixar feliz, era como se cada pequeno gesto dele trabalhasse
nisso. Desde que nos reencontramos, há duas semanas atrás, meu coração
acelerava sempre que ele me mandava mensagens. Já chegamos a passar a noite
acordados conversando.
- Eu seria a
pessoa mais feliz do mundo se tivesse recebido isso. – Sussurrei olhando nas
íris mais lindas que eu já havia conhecido, tentando mostrar a ele o quão
verdadeira eu estava sendo.
- Isso não
foi a única coisa que eu fiz pra você...
- O que mais?
– Sorri, vendo que Harry havia se arrependido de dizer. Sua mãe, por sorte
dele, nos interrompeu nos chamando para o lanche.
Nos sentamos
a mesa, Harry parecia tenso ao meu lado, talvez não quisesse que eu tivesse
visto sua pintura. Pausei minha mãos em sua coxa, aproveitando-me da distração
de sua mãe com Amy. Ele olhou-me surpreso. Tentei sorrir, mas não consegui,
estávamos conectados, como há muito não fazíamos, conversávamos por olhares.
Abri um sorriso desajeitado, acompanhando seu olhar descer para os meus lábios,
os quais eu umedeci com a língua. Seus olhos se intensificaram em meus lábios
quando fiz meu gesto, ergui meu rosto depositando um beijo em seu rosto.
Infelizmente Amy chamou nossa atenção.
- Eca!
Rimos
envergonhados vendo que os olhos das duas estavam sobre nós. Harry, por baixo
da mesa, segurou minha mão entrelaçando nossos dedos.
Após
comermos insisti para que Harry me deixasse pintar um pouco com ele, precisei
de muitos argumentos para convence-lo.
Sentamo-nos
juntos no cavalete, e ficamos pintando por horas, sem mesmo perceber que elas
estavam passando, até que meu celular tocasse na mesa. Era Maria,
perguntando-me se deveria esperar ela para o almoço. Harry olhou-me sugestivo,
e eu acabei por responder que não almoçaria em casa.
Almoçamos no
ateliê, com a comida caseira e receptiva de Anne, eu no entanto, disse que
precisava voltar para casa assim que terminamos de comer. Harry disse que me
acompanharia até o carro, e o fez.
- Obrigada
pela manhã, Harry. – Eu disse sorrindo largo.
- Eu quem
agradeço... Escuta, no fim de semana, Liam virá para cá com a Camila. Ele está
programando de reunir nossa antiga turma na praia... Eu pensei que talvez nós
pudéssemos ir juntos. Liam pediu que eu conversasse com você já que ele não tem
mais contato contigo... Eu vou entender se o seu marido não quiser e...
- Ele está
viajando... – Eu comentei, surpresa e animada com o convite. – E eu com certeza
vou.
Harry sorriu
abertamente, beijando minha testa.
- Se cuida.
– Pediu. Instantaneamente algo em mim quis implorar que ele cuidasse de mim por
mim.
- Você
também. – Respondi assim que entrei no carro.
Ao chegar em
casa, deparei-me com Maria guardando o almoço. Ela sorriu-me sugestiva quando
me ouviu encostar na parede da cozinha e suspirar.
- Se você
não quiser me contar, tudo bem... Mas eu adoraria saber quem é que arranca
suspiros de você... – Ela disse. Sorri largo, Maria era como minha mãe. Ela
jamais apoiara meu casamento com Connor, porque sabia que eu não seria feliz
com ele.
- Eu revi um
amigo de infância. – Eu disse sorrindo.
- Esse amigo
deve ser muito bom mesmo. Nunca a vi assim...
- Maria! – A
repreendi, rindo. – Eu vou subir e dormir um pouco.
- Vá, vá
mesmo.
Deitei-me na
cama, observando algumas marcas da noite anterior pelo meu corpo, pensei se
todo homem fazia esse tipo de coisa. Como as mulheres se submetiam à isso? Era
doloroso demais.
Me peguei pensando como seria Harry fazendo amor, mordi meus lábios repreendendo a mim mesma por
pensar aquilo dele, por menos amor que tivesse por Connor, devia respeita-lo.
Pensei, por outro lado, que Connor jamais saberia o que se passava em minha mente.
Perguntei-me se Harry era carinhoso, se seria amoroso se estivesse transando comigo. Mordi os lábios, fechando os olhos aos poucos, imaginando como seria. Um sorriso
pequeno se abriu em meu rosto. Meus olhos se arregalaram imediatamente.
- Eu só
posso estar enlouquecendo. – Sussurrei para mim mesma.
Harry’s pov.
Fiquei na
calçada até que o carro de (S-N) desaparecesse pela rua. Ela estava tão linda.
Céus, se eu fosse o babaca do marido dela, jamais a deixaria ser tão
melancólica como ela era. Se negava, mas (S-A) era completamente infeliz
naquele casamento, qualquer um poderia ver isso.
Voltei para
o ateliê, vendo que algumas crianças haviam chegado para a aula de desenho que
minha mãe dava. Sentei-me em uma mesa ao centro, observando as crianças
desenharem. Minha mãe se sentou à minha frente, segurando minha mão.
- Vocês
parecem muito próximos...
- Ela é linda,
não é? – Perguntei, sentindo-me idiota.
- Alguém
parece apaixonado.
- Eu nunca
deixei de estar... – Sussurrei mais para mim que para ela. – Mas ela é casada.
- E desde
quando isso é impedimento?
Olhei
incrédulo para a minha mãe, que riu apertando minhas mãos.
- Não há mal
que impeça duas pessoas de se amarem Harry. Existem algumas coisas na vida que
não podem ser evitadas ou escondidas por muito tempo: a dor, a verdade e o
amor. – Ela suspirou. – Demonstre seu amor por ela, e ela escolherá quem é o
homem certo.
Minha mãe me
deixou sozinho novamente, olhei para Amy que estava sentada em frente a um dos
cavaletes. Deveria eu mostrar meu amor por (S-N)? Eu não tinha a menor chance
de competir contra Connor.
Voltei para
casa, indo direto para o quarto escuro onde minhas fotos estavam guardadas. A
maioria delas era de (S-N) no dia do parque, sorrindo e parecendo uma criança.
Minha mente trabalhou em me mostrar o quanto eu ainda queria aquela mulher. É
claro que eu queria, caso contrário não teria ido atrás dela, não teria a
convidado para sair, não teria mandado mensagens a semana toda. Se eu não a
quisesse mais meu coração não iria acelerar ao mínimo toque dela.
Eu a
mostraria como a amava, como eu, mesmo não parecendo, era melhor que Connor. E
eu sabia por onde começar!
(S-N) pov.
Encarei meu
reflexo no espelho pela terceira vez em menos de cinco minutos. Eu queria
parecer o melhor possível, queria que meu antigo melhor amigo e Harry me
olhassem com outros olhos, que pensassem que eu era a mesma.
Maria estava
na porta do quarto, deixei meu corpo cair na cama e suspirei alto.
- Você está
tão bonita... – Ela disse, sorrindo abertamente.
- Eu me
sinto como uma adolescente.
- Isso é
bom. – Sentou-se ao meu lado. – Já que essa parte da sua vida foi arrancada de
você com um casamento planejado.
- Nem me
lembre.
Maria estava
pronta para me consolar com algumas palavras bonitas quando ouvimos a campainha
tocar insistentemente.
- Ah Meu
Deus, é ele. – Levantei-me em um pulo. – Eu estou um caco... Maria assim não
dá.
- Deixa de
ser mimada menina. Vá atender o garoto. – Ela revirou os olhos, me deixando
sozinha.
Peguei uma
bolsa pequena, correndo em direção à porta. Harry estava encostado no carro,
com as mãos enfiadas em seus bolsos. Sorriu para mim assim que me viu parada.
Como de
costume, me abraçou apertado, murmurando o quanto eu estava bonita. Entramos em
seu carro e eu percebi que ele estava levando um violão. Minhas mãos estavam
soando frio enquanto eu as mexia nervosamente sobre o meu colo.
- Ansiosa? –
Perguntou.
- Um pouco,
eu estou morrendo de vontade de ver Liam.
- Eu acho
que ele não está muito diferente. – Riu.
Fiquei
olhando para o perfil de Harry, como ele podia ser tão proporcional? Eu estava
encantada com os detalhes de seu rosto que eu nunca havia, realmente, parado
para observar. Seu cabelo sempre fora cacheado, mas agora, estando cumprido,
ele parecia liso. Os olhos estavam alguns tons puxados para o azul. Sem prestar
muita atenção no que fazia, e tomada pelo costume de alguns anos atrás, ajeitei
uma mecha do cabelo bagunçado, fazendo-o rir e me olhar com uma sobrancelha
erguida. Estávamos parados em um sinal vermelho.
- Desculpe. –Sussurrei
tímida.
- Tudo
bem...
Harry abriu
um sorriso lindo fazendo um gesto de negação com o rosto, voltando sua atenção
para o transito. Em alguns minutos o carro estava estacionando na praia, mordi
meu lábio nervosa. Harry pegou em minha mão assim que descemos do carro,
fazendo com que alguns espasmos percorressem meu corpo em ansiedade.
Andamos por
algumas barracas de acampamento até uma fogueira grande que estavam fazendo.
Liam estava abaixado tentando colocar mais fogo.
- Liam... –
Harry chamou. Liam rapidamente se virou para nós com um sorriso gigante. Ele
estava completamente mudado, estava mais forte, com barba e cabelo curto. Sorri
em sua direção, não me controlando e abraçando ele.
Liam havia
sido meu irmão por tanto tempo, e por uma bobeira perdemos o contato assim que
eu me mudei para a Austrália.
- Você está
tão bonita, céus. – Sussurrou.
- Não me
trate como uma criança, Liam! – Rimos. – Eu estava morrendo de saudades.
- Eu também!
Em meio aos
nossos sussurros ouvimos Harry pigarreando, nos fazendo rir.
- Onde está
Camila?
- Procurando
alguma coisa para beber. – Assenti em busca da garota que fora namorada de Liam
durante toda a vida.
Harry’s pov.
(S-N) foi em
direção da namorada de Liam enquanto eu o cumprimentava.
- Ih, olha
só essa cara de apaixonado. – Me zoou, rindo.
-
Engraçadinho. – Bati em sua cabeça. – Ela é demais cara.
- Eu sei que
é. – Revirou os olhos. – Mas ela também é casada.
- Você sabe
que ela não gosta realmente dele.
- Eu sei,
mas ela não sabe que nós sabemos. – Levantou-se me entregando uma cerveja. –
Vai com calma, tá?
Apenas
revirei meus olhos, cumprimentando outras pessoas. (S-N) já estava
completamente sociável com todo mundo, não havia se desgrudado de Camila um
segundo se quer. Nós todos sentamos em volta da grande fogueira, mas ela estava
a minha frente, extremamente longe de mim.
Ás vezes ela
trocava um olhar cúmplice comigo, sorrindo abertamente, quase como se me
agradecesse por tira-la da vida monótona que ela levava.
Estava
quieto no meu canto, bebendo o que deveria ser minha terceira garrafa de
cerveja quando senti alguém sentar do meu lado.
- Vamos
relembrar os velhos tempos e tocar um pouco? – Perguntou-me Liam, me entregando
um papel amarelo e velho.
No papel
tinha uma canção que eu havia escrito assim que coloquei meus olhos em (S-N),
quando tínhamos 15 anos e eu não passava de um virgem apaixonado. Reli a música
rindo.
- Como eu
pude ser tão babaca?
- Você
queria conquistar ela, apaixonados fazem isso. – Liam riu. – Aliás você tinha
mais chances de conquista-la aos 15 do que aos 16 quando você era metido a
besta. – Rimos juntos.
- Quer
saber, talvez seja uma ótima ideia tocar isso.
Liam tratou
de reunir todo mundo em volta da fogueira bem acesa, (S-N) ainda estava
exatamente à minha frente, tentando tostar uns marshmallows que ela sempre
queimava.
Percebi que
(S-N) estava com a atenção presa em mim quando peguei o violão.
- Essa
música... – Comecei dizendo à todos presentes. – É tão real... Eu não sei
explicar mas tem muito do que eu não consigo falar nela.
Algumas
meninas fizeram múrmuros e assobiaram enquanto eu revirava os olhos. Dei a
primeira nota no violão, sendo acompanhado por Liam.
Jane Doe eu nem te conheço
Mas eu sei com certeza
Que você é linda
Então, querida, me deixe saber o seu
nome.
Não desviei
meus olhos de (S-N) por um segundo sequer, ela estava sorrindo abertamente,
aquecendo os ânimos que se agitavam dentro de mim. Eu esperava que ela
entendesse o que eu queria dizer.
Droga, qual é o nome dela?
Porque eu estou muito atraído
E terrivelmente convencido
De que ela poderia ser a minha
princesa
E eu o seu príncipe
E eu me sinto assim desde que vi Jane
Doe.
Olhei-a
sugestivamente, vendo que Camila sussurrou algo ao seu ouvido, mas ela negou
prontamente. Meu coração acelerou e eu me senti repentinamente enjoado. As duas
estavam em uma pequena discussão e eu ansiava saber sobre o que.
Jane Doe
Eu acho que não te conheço
Mas eu sei com certeza
Que poderia conhecer se você me
deixar saber o seu nome
(S-N) mal
piscava, talvez estivesse começando a entender o que se passava. Camila
cutucou-a com o cotovelo, murmurando um “eu te avisei”. Mordi meu lábio,
voltando a cantar com os meus olhos grudados nela.
Ela é tudo o que eu quero e mais
Ela é tudo o que eu quero, com
certeza
Ela é tudo o que eu quero adorar
Bom querida, eu estou muito atraído
E terrivelmente convencido
De você poderia ser a minha namorada
Mas eu acho que perdi minha chance
Oh minha Jane Doe.
(S-N) mordeu
os lábios, os olhos cheios de lágrimas. Abri meus olhos em surpresa, jamais
pensei que essa seria a reação dela, ela estava chateada. Talvez eu tivesse
passado um limite não permitido por ela. Talvez tivesse ido longe demais
pensando que era retribuído.
As conversas
ao nosso redor voltaram, mas nosso contato visual não fora quebrado. Ela
sussurrou um “eu sinto muito”. Meu coração caiu naquele momento, senti-me
completamente vazio. Senti-me um idiota. Assenti com o rosto, tentando inutilmente
sorrir. Levantei-me repentinamente, me afastando do grupo de pessoas.
Andei alguns
metros, sentando-me em algumas pedras. Os gritos e as novas músicas que foram
começadas por Liam e cantada por todos estavam longe. Onde eu estava com a
cabeça quando decidi me aproximar de (S-N) daquela forma? Onde eu estava com a
cabeça quando decidi que tentar voltar ao passado seria uma boa forma de
mostrar para ela que eu era o cara certo.
Joguei uma
pedra no mar, assistindo-a se afundar rapidamente.
- A pedra
não havia feito nada à você. – Ouvi a doce voz dela atrás de mim.
- Eu não
gostava daquela companhia. – Comentei.
- Você vai
gostar da minha? – Apenas dei de ombros, sem saber exatamente como agir com
ela. – A música é linda.
- É
infantil...
- Não, não é
não... – Ela se sentou ao meu lado, ligeiramente nervosa. – Você me chamava de
Jane...
- Combinava
bem mais. – Tentei cortar o clima tenso, mas ela não pareceu disposta a mudar o
rumo a conversa.
- Por isso ‘Jane
Doe’?
- Por que me
pergunta se sabe a resposta?
- Porque eu
quero ouvir você dizendo.
- O que você
quer que eu diga?
- Tudo o que
você quiser dizer. – Revirei meus olhos, pensando se deveria realmente fazer
aquilo.
- Isso não
vai mudar nada.
- Isso vai
mudar tudo.
- Você é tão
contraditória...
- Harry... –
Me repreendeu, me fazendo sorrir.
- Todo esse
tempo... – Comecei com os olhos grudados no mar à nossa frente. – Eu quis que
você soubesse que eu odiava quando você chegava e me contava dos caras com quem
havia ficado. Talvez fosse por isso que eu não dava bola. Eu quis que você
prestasse atenção em mim, tentei até mudar quem eu era só pra que você visse
que eu era certo pra você, cheguei ao ponto de deixar você cortar meu cabelo. –
Ela sorriu. – Eu queria que você entendesse que eu estava ali então você não
precisava de mais ninguém. Que ninguém ama alguém igual a você, e é por isso
que mesmo tão diferentes nós erámos os melhores um pro outro. Você trazia o que
havia de melhor em mim. Eu tentei, da forma errada, te mostrar que eu estava
disposto a ficar com você 24 horas por dia se você precisasse, que eu
enfrentaria o mundo por você e tomaria todas as suas dores. Que eu me afastaria
quando você quisesse, e chegaria correndo todos os dias quando você me
chamasse. Eu teria te amado muito bem, mesmo que você sempre tenha pertencido à
outra pessoa.
(S-N) se manteve
em silêncio até então, eu não me atrevi a olha-la mas esperava que ainda
estivesse viva e não me odiasse. Mordi meu lábio, abaixando meu rosto. Fechei
os olhos aliviado quando senti seu rosto se encostar no meu ombro. Passei a mão
por sua cintura, puxando-a mais para perto.
- Olhe pra
mim. – Pediu-me. Suspirei antes de fazê-lo, somente para me surpreender com
seus lábios levemente molhados em cima dos meus, seus olhos estavam apertados.
Direcionei uma mão para a sua nuca, subindo um pouco até o seu cabelo. Mordi
seu lábio inferior, acariciando-o com a minha língua, antes de solta-lo para
enfim, beija-la de verdade. Sua mão estava pousada em minha coxa, levemente
insegura. Beija-a com mais vontade, tentando mostrar à ela que estava tudo bem.
Me separei
dela ao perceber que estava começando a me animar. Eu sabia que precisava fazer
ou dizer alguma coisa para que ela não se arrependesse.
- Você é tão
linda. – Sussurrei ainda com os nossos narizes e bocas colados. – Não se prive
tanto da própria felicidade assim.
- Obrigada. –
Selou-me, me fazendo sorrir como um idiota, atraindo um sorriso sincero dela.
- Se esse
sorriso for a recompensa, eu posso esperar por mais um tempo.
Ficamos mais
algum tempo juntos, não da maneira que eu queria, é claro. Voltamos para onde
estava a fogueira anteriormente, algumas pessoas se preparavam para dormir em
suas barracas.
- Nós vamos
acampar? – Perguntou-me um pouco assustada.
- Bom, se
você não quiser eu posso te levar para casa, nós estamos um pouco longe da
cidade, mas podemos ir. – Respondi, sem realmente querer leva-la para casa
naquele momento.
- Não, tudo
bem.
- Ei. –
Chamou-nos Liam, antes entrar para sua própria barraca. – A azul é de vocês.
Olhei para
um barraca grande distante da de Liam, mordi meu lábio nervosamente, sabendo
que dormiria com (S-N) e que ele e Camila haviam planejado isso.
- Se você
não quiser... – Comecei.
- Eu quero.
Assenti,
direcionando ela até a barraca. Entramos vendo que Liam tivera a decência de
colocar dois colchões.
(S-N) se deitou confortavelmente enquanto eu
também deitava, tentando manter distância dela.
- Boa noite
Harry.
- Boa noite
(S-N).
Eu demorei
um pouco para dormir, ainda tentando realizar tudo o que havia acontecido em um
noite só. Deitei-me de barriga para cima, com os braços atrás da minha cabeça.
Eu mal podia ver o corpo enrolado no cobertor de (S-N) por conta da escuridão
que estava. Suspirei baixinho, tentando me controlar para não abraça-la ali
mesmo.
Algum tempo
depois, estava quase adormecendo quando senti os braços de (S-N) envolvendo
minha cintura. Sorri abertamente sabendo que ela estava perdendo um pouco da
timidez.
- Estou com
frio. – Ela sussurrou. Passei meus braços por baixo da sua cabeça, e o outro
por sua cintura, aconchegando-a em meu abraço.
- Melhor
assim? – Perguntei.
- Bem
melhor, bem melhor... – Murmurou sonolenta.
- Parece que
está havendo um progresso... – Sussurrei sabendo que ela já não me escutaria
mais.
Acordei com
a luz forte do sol irritando meus olhos. Tentei me espreguiçar e senti que
(S-N) ainda estava agarrada a mim. Beijei sua testa, levando minha mão para
dentro da sua camisa, em um carinho leve. Sua pele estava quente, deixando-me
ainda mais confortável.
- (S-N). – Chamei-a. – Temos que levantar.
Ela
resmungou alguma coisa, me apertando ainda mais, afundando seu rosto no meu
pescoço. Ri baixo, continuando com o carinho.
- Vamos,
temos que passar mais tempo com Liam, ele vai embora hoje.
- Ele pode
esperar, aqui está muito gostoso. – Gargalhei alto, acordando-a de vez.
- Eu sei que
eu sou uma delícia. – Ouvi-a murmurar um palavrão. – Mas nós temos mesmo que
levantar.
(S-N) pov.
Eu estava
completamente constrangida ao lado de Harry no carro. Eu jamais havia passado a
noite inteira abraçada ao meu marido. Quem iria dizer que passaria com ele?
O domingo
havia passado rápido, Liam estava no avião para a sua cidade enquanto Harry e
eu voltávamos para casa. Eu estava um tanto melancólica por saber que precisava
voltar a realidade.
Harry
estacionou em minha casa. Eu sentia que precisava deixar claro que tudo aquilo
que ele disse ou fez não havia sido em vão.
- Isso não
começou e terminou lá. – Eu disse olhando-o, esperando que ele entendesse. – Eu
preciso de tempo, mas não quero que se afaste de mim.
- Eu não
vou. – Pegou minha mão, beijando-a.
- Te vejo
depois, se cuida. – Me despedi, meio envergonhada.
- Até.
Desci do
carro, mas parei no meio do caminho até o meu jardim. Voltei em direção ao
carro de Harry, fazendo-o abrir a janela do motorista. Puxei seu rosto,
dando-lhe um selinho demorado, que foi muito mais que bem correspondido.
- Você vai
me deixar mal acostumado. – Ele disse de olhos fechados com um sorriso enorme
no rosto. Beijei-o mais uma vez, mais rapidamente.
- Tchau,
Harry.
Continua...
Leia a nota da autora.
(N/A): Volto a dizer que esse foi o melhor que eu consegui fazer com o bloqueio que eu estou passando. Queria agradecer uma pessoa aqui, que não sabe, mas me ajudou demais, e eu só consegui escrever ele porque ela se sacrificou a ficar conversando comigo no tumblr a noite toda, me mandando músicas que me ajudaram a me inspirar. Então, Louise, obrigada <3.
Ah, e mais uma coisa; Se alguém for no show em
São Paulo no dia 11 e na pista e quiser me encontrar, me conhecer, e assim não precisar passar o show sozinha. Me manda o facebook ou WhatsApp no tumblr ou twitter (eu não vou divulgar, claro). Porque eu acho que seria uma boa ideia, assim ninguém ficaria sozinho e perdido lá no meio.
Espero que gostem dessa continuação, eu não sei se vou conseguir escrever essa semana porque a segunda mal começou e eu já não estou raciocinando direito por causa da ansiedade. Bom, é isso. beijos.
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