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Imagine com Louis Tomlinson - Chasing Stars



Pedido por: Yasmin Stremel.


Minhas mãos estravam tremendo. Dizem que essa é a primeira reação do corpo humano que queima em ódio. Suspirei pelo que deveria ser a décima vez tentando chamar a atenção da mulher à minha frente, mas ela apenas ergueu os olhos do óculos gatinho e voltou a dar atenção para aquilo que parecia ser uma revista qualquer de fofocas.
Joguei o meu corpo contra a cadeira passando minhas mãos nos meus cabelos. Merda, o que ela estava fazendo ali?
- Algum problema, Tomlinson? – Perguntou-me sem tirar sua atenção de sua revista.
- Você é o meu problema.
- É uma honra.
Senti meu corpo tremer mais que o normal e decidi que sairia de perto dela antes que minha paciência acabasse completamente e eu agredisse ela ali mesmo. Andei pelos corredores vazios do aeroporto até o banheiro. Que, aparentemente, era a única coisa aberta por ali.
Joguei um pouco de água pelo meu rosto, me arrependendo instantaneamente assim que senti o quão fria estava. Olhei para o espelho sujo mordendo os lábios. Aquilo parecia mais como uma cena de terror, o espelho estava sujo e a luz estava piscando.
- Abstinência. – Sussurrou aquela voz odiável atrás de mim. Olhei-a pedindo uma resposta. – Duas semanas de carnaval no Brasil usando drogas lícitas e ilícitas. É esse o resultado, Tomlinson. O seu corpo está sentindo falta.
- Você é médica também?
- Só sou inteligente o bastante para saber que não devo usar.
- Por favor, me diga que você vai ficar com a boca calada durante o nosso voo. – Resmunguei apertando o mármore entre os meus dedos.
- Se for tornar sua viagem menos insuportável... Eu vou falar o tempo inteiro.
- Quem é que te mandou aqui mesmo? – Apertei meus olhos encarando seu reflexo pelo espelho. Ela usava uma saia lápis preta por cima de uma camisa social com os três primeiros botões abertos. O cabelo longo e liso estava amarrado em um topete. Os lábios vermelhos contrastando com o óculos preto.
- Sou a responsável pelo marketing da banda, senhor Tomlinson. Eu não vou deixar que todo o meu trabalho duro para chegar onde estou com a Modest por causa de um adolescente cheio de estrelismos. Acostume-se com a minha companhia.
- Isso é meio impossível.
- Uma pena. Agora ande, nosso voo sai parte daqui alguns minutos.
Era quase uma tortura estar ali com ela. O aeroporto estava fechado para voos comuns por conta de uma possível tempestade. O nosso voo para Londres só foi liberado porque ‘não estava em zona de risco’, então se saíssemos o mais cedo possível conseguiríamos chegar à tempo no nosso destino.
Nós estávamos naquele lugar há horas e eu estava profundamente irritado por ter sido retirado da minha cama às duas horas da manhã, e claro, pela insistência em não me deixar viver a minha vida.
Há duas semanas atrás eu vim para o Brasil passar o carnaval. Não há nada demais nisso, sem malícias. Mas quando eu cheguei e vi do que realmente se tratava o carnaval, notícias e mais notícias sobre mim estamparam as capas de revistas inúteis. A verdade é que quase 80% do que diziam era verdade: eu usei drogas, dormi com mulheres diferentes todos os dias, tive as mais loucas experiências sexuais, conheci pessoas e lugares incríveis, mas como tudo o que é bom dura pouco, esse sargento vestido de mulher veio me buscar.
Meia hora depois o piloto finalmente disse que estávamos liberados para partir. O céu ainda estava limpo, ventava um pouco, mas me disseram que esse é o normal do Brasil.
Eu só não sabia que aquele normal iria mudar de uma hora para outra.
(S-N) e eu embarcamos no jato sem trocarmos uma palavra sequer. Ela sentou-se em uma poltrona grande e confortável, à minha frente, separada da minha apenas por uma mesa de madeira em que nós poderíamos nos conectar em computadores e etc.
- Muito bem. – Ela começou me fazendo revirar os olhos. – Amanhã às cinco horas da manhã vocês começarão a gravação do novo álbum. Às dez vocês participaram da transmissão da BBC, e às duas da tarde vocês farão uma coletiva de imprensa para divulgar a nova turnê. E nessa coletiva você vai exibir uma nota pedindo desculpas às suas fãs pelo seu mau comportamento. Eu o tenho escrito bem aqui. – Me entregou um papel. – É melhor que esteja com as palavras decoradas assim que chegarmos em Londres.
- Acabou? – Perguntei com descaso.
- Por enquanto sim, e aproveite a nossa viagem para tentar descansar um pouco, você parece péssimo. – Mostrei-lhe um sorriso carregado de ironia enquanto a observava tirar os óculos e cobrir-se com um grande cobertor branco, se ajeitando para dormir.
Repeti seu ato sem realmente conseguir dormir, o céu estava escuro e a única coisa que iluminava o interior do jato era luz acima de nós já que (S-N) não dormia no escuro. Peguei-me observando suas feições enquanto dormia ela era estranhamente bonita dormindo. Mesmo que o cabelo estivesse todo bagunçado, o batom borrado e a borca semiaberta. Esse voo seria muito mais interessante se ela não fosse tão insuportável. Acabei adormecendo pouco depois.

Acordei com um estrondo e uma (S-N) me estapeando e me chamando com uma voz um tanto alta demais. Abri os meus olhos de uma vez, sentindo-me meio tonto. Pela janela ainda se via o céu escuro, mas havia algo diferente.
- Quanto tempo eu dormi?
- Nem uma hora.
- Por que me acordou? – Perguntei irritado.
- Tem alguma coisa acontecendo. – Revirei os olhos, sentindo o avião mexer com certa força.
- É só uma turbulência, se desesperar agora não adianta em nada.
- Está muito forte para ser uma turbulência.
- (S-N) deita e dorme, tá legal? Você viaja milhares de vezes por mês, já deveria saber como é.
- Eu estou com medo. – Sussurrou demonstrando pela primeira vez uma fraqueza. Olhei pela janela enquanto algumas nuvens, carregadas de energia, piscavam denunciando os raios. Engoli em seco.
- Eu não me importo. – Respondi, colocando os fones e voltando a dormir.

Eu estava realmente cansado naquela madrugada, era um total de quatorze horas até que pousássemos em Londres, eu dormi o mais profundamente possível, mas acordei pouco depois com uma queda de pressão. Abri os olhos no mesmo momento em que (S-N), senti-me um tanto sufocado e sem ar. A mulher à minha frente começou a respirar com dificuldade e segurar o pescoço como se algo a estivesse sufocando. Tive a mesma sensação. Mais um estrondo.
Duas máscaras de oxigênio caíram do teto e eu rapidamente coloquei a minha, mas vi que (S-N) teve dificuldades em fazer o mesmo. Tirei a minha por apenas alguns segundo já que estava completamente sem ar, e coloquei a dela em seu rosto. Ela estava apavorada, o jato tremia e fazia barulhos estranhos. Da cabine ouvimos gritos.
Tirei minha máscara mais uma vez mesmo com as recomendações internas para que não o fizessem, o avião estava todo escuro e assim que deixei (S-N) vi que ela ergueu os pés para a poltrona e começou a sussurrar orações.
Ao entrar na cabine do piloto, vi o que eu temia: Desespero. Sentei-me ao seu lado, pegando a máscara que ali estava, o piloto e o copiloto tentavam falar com a central sem sucesso. Fiz uma pergunta muda com os meus olhos para o copiloto, que respondeu com simplicidade:
- Não deveríamos ter saído de casa.
Nós voávamos baixo, muito mais baixo que o recomendável, lembrei-me que havia deixado minha assistente sozinha no escuro, e rapidamente voltei tentando inutilmente tatear tudo até a encontrar.
Não encontrei.
Me desesperei um pouco, meus olhos se seguiram direto para a porta de emergência que piscava. Ela não seria capaz, seria? Senti meu coração se desesperar por um segundo, e o meu estômago se revirar, quando finalmente outra porta piscou e se abriu. Ela estava no banheiro. O batom mais borrado que nunca, estava tateando o pouco que dava para enxergar com somente aquela luz que anunciava onde era a porta iluminando. Sentou-se onde estava e colocou a máscara. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e eu sabia que apesar de tentar seu máximo para parecer calma, por dentro ela estava em desespero.
A pressão do ar estava aos poucos nos deixando respirar sem a máscara, e eu realmente pensei que aquele fosse um bom sinal, até que um estrondo maior redirecionasse o bico do jato para baixo nos fazendo cair intensamente.
(S-N) arregalou os olhos e eu imediatamente sentei-me ao seu lado, a puxando para encostar em meu peito, respirei fundo sentindo a minha pressão abaixar e uma tontura tomar conta de mim. Fechei meus olhos e apertei (S-N) contra o meu corpo assim que senti o impacto que dividiu o avião em dois, separando a cabine do piloto com o local onde estávamos.
Eu deveria agir rápido assim que vi a água escura entrando onde estávamos. Desconectei (S-N) da máscara e a puxei comigo até a água. Ela entrou em desespero, começando a gritar ao sentir o quão fria estava.
O avião começou a se desfazer em pedaços e eu não conseguia enxergar os pilotos ou qualquer outra pessoa que estivesse com a gente.
- Temos que procurar por eles. – Ela disse assim que nós nos apoiamos em uma parte do avião.
- Não temos tempo. – Eu sentia meu corpo começar a esfriar, apertei meus olhos e vi uma estrutura que eu esperava que fosse uma montanha. – Você consegue nadar até lá? Ela nada disse, apenas começou a nadar, não estávamos longe, nadamos o mais rápido que nossos corpos gelados permitiam.
Em pouco tempo chegamos em terra, ambos os corpos tremendo e gelados, precisávamos nos aquecer de alguma forma. (S-N) ainda estava em choque e mal conseguia andar sozinha.
Estávamos em uma praia que poucos metros depois era coberta por uma mata fechada, e só então uma montanha. Esfreguei as mãos no meu corpo e me deitei na praia. Me cabeça estava girando, eu não tinha a mínima condição de ficar em pé. Entre o frio que me tocava e os grãos de areia que me acariciavam, tudo o que eu vi foi o escuro.

Abri os meus olhos com dificuldade somente para fecha-los imediatamente assim que a luz do sol me incomodou. Me sentia queimar. Depois de me acostumar com a luz forte me sentei na areia olhando tudo ao redor. Avistei (S-N) perto da água, as mãos cobriam os olhos em uma inútil tentativa de proteger seus olhos.
- Quanto tempo eu dormi?
- Um dia. – Ela disse sem me olhar.
- Você está bem?
- Estou.
- O que está fazendo?
- Tentando encontrar alguém que possa me salvar dessa idiotice que você nos meteu.
- Você faz alguma ideia de onde estamos? – Perguntei, só então parando para prestar atenção no que ela havia dito. – Espera aí. Você disse que eu meti nós dois nessa?
Me levantei e andei até ela, completamente irritado.
- Claro que meteu, se você não tivesse se enfiado naquela porcaria de país estaríamos tranquilos em Londres.
- Tenho que lembrar que quem quis me levar de volta foi você?
- Eu não precisaria te levar de volta se você não estivesse lá. – Virou-se para mim com as mãos na cintura. Respirei fundo tentando controlar a chama que fervia em meu corpo.
Com o máximo autocontrole que eu tinha dei minhas costas para ela. Ouvi-a gritar à plenos pulmões (o que me divertiu um bocado, confesso).
- Você é um idiota! – Seguiu-me. Eu odeio você Tomlinson, eu preferia estar trabalhando de qualquer coisa à ter que suportar você. Tudo o que eu fiz esse tempo todo era tentando proteger você e é assim que você me retribui...
Cansado de sua conversa e estressado o suficiente para agredi-la, virei me rapidamente e com a perna direito chutei um montante de areia em sua saia.
(S-N) ficou paralisada com a boca aberta enquanto eu ria e me divertia. Ela deu uma risada nervosa e irônica, voltando seu olhar pra mim. Eu apenas voltei ao caminho que fazia anteriormente.
Ouvi seus passos atrás de mim enquanto ela agarrava a minha cintura e com a perna atrás dos meus pés (S-N) me levou ao chão, sentando-se por cima de mim.
- Você vai tirar a gente daqui... – Começou.
- Sabe (S-N), é tentador te ver assim... Por cima. – Sussurrei, fazendo força contra ela e empurra meu corpo para que o seu rolasse no chão e me deixasse por cima. – Mas eu nunca fico por baixo.
- Sai de cima de mim. – Ela disse pausadamente.
- Me escuta. – Retruquei. – Ficar tentando achar um culpado não vai tirar a gente daqui.
- Me solta Tomlinson. – Disse entredentes.
- Presta atenção! – Aumentei a voz. – A gente precisa dar um jeito de sair daqui, e pra isso temos que maneirar nas nossas discussões.
- Olha só, essa é a coisa mais inteligente que você já disse.
Sorri de lado com a sua tentativa inútil de me irritar e me levantei, puxando-a pelas mãos para que fizesse o mesmo.
- Alguma ideia de onde estamos? – Perguntei.
- Devemos estar em alguma ilha no continente africano. Ou talvez perto da Península.
- Há uma hora dessa já devem ter percebido que há algo de errado.
- Provavelmente. – Respondi encarando o mar.
- E o que nós fazemos agora?
- Eu não sei. Você acha que há possibilidade de estarmos dentro da Península?
- Quase nenhuma. – Respondeu-me.
- Você quer entrar? – Apontei a mata fechada com um rosto.
- Eu não sei se é uma boa ideia.
- Não podemos ficar aqui parados, (S-N).
- Tudo bem Louis, se você quer ir e enfrentar o que você não conhece pode ir, eu vou ficar bem aqui esperando que um avião pouse e me salve. – Sentou-se prontamente em uma pedra grande.
- Um avião pouse? aqui? – Debochei.
Pela primeira vez eu não fazia ideia do que viria a seguir. Parte de mim ainda acreditava que eu acordaria em algumas horas e perceberia que tudo não passou de um pesadelo.
Eu estava preso em algum lugar entre dois continentes diferentes com uma das pessoas mais odiáveis do mundo, e eu simplesmente não sabia o que esperar. Há essa hora já notaram o nosso sumiço, talvez já até saibam que o jato caiu. Mas o que fariam para nos ajudar?
E se não tivessem esperanças sobre nós?
(S-N) discutiu várias vezes sobre como era totalmente possível que um avião pousasse na água, e nós decidimos que faríamos algo que chamasse a atenção na areia, quando visto do alto. Escrevemos um grande SOS na areia, enfeitado com algumas conchas que estavam na beira do mar, e algumas flores que ficavam no início da floresta.
- Sabe o que significa? – Ela me perguntou.
- O que?
- A sigla ‘sos’. – neguei com o rosto. – Save our souls. Significa ‘Salvem as nossas almas’. Foi criado por marinheiros, e usada especialmente nas grandes guerras. Existem lendas e mais lendas sobre isso.
- E por que utilizavam isso?
- Dizem que era um código Morse. Se algo estivesse acontecendo no seu navio você podia pedir ajuda sem precisar fazer muito barulho.
- Uau. – Disse simplesmente, um tanto impressionado com quanta coisa ela poderia saber, mesmo que não fosse extremamente necessário.

Eu estava morto de fome quando anoiteceu novamente. (S-N) não havia trocado uma palavra sequer comigo durante todo o dia, estava andando isolada pela praia, mesmo que ela não admitisse, eu sei que ela não queria sair de perto de mim, por isso andava por lugares que ficavam à minha vista.
Deitei meu corpo sobre a areia enquanto sentia meu estômago protestar contra a falta de alimento.
- Eu estou com frio. – Ela disse enquanto se sentava ao meu lado.
- Não vou te dar minha camisa.
- Idiota. – Resmungou.
Suspirei abrindo meus olhos, coloquei meus braços atrás da minha cabeça.
- Elas ficam mais bonitas daqui, não é? – Respondi depois de um tempo.
- Elas o que?
- As estrelas, oras.
- Elas são sempre lindas. Na cidade não podemos vê-las por conta do grande número de luzes desnecessárias e...
- Só aproveita a vista, tudo bem? – Eu disse, ignorando sua explicação cientifica para algo que eu realmente não me importava. Foi ai que ela me mostrou uma reação que eu não havia visto partir dela: vergonha. (S-N) abaixou o rosto com as bochechas coradas. – Temos sorte que a Lua esteja tão grande.
- É a Lua Cheia. – Respondeu. – Boa noite Tomlinson.
(S-N) deitou-se de costas para mim e eu pude ver claramente todo o seu corpo arrepiado e um tanto trêmulo.
- (S-N)?
- Sim?
- Vem aqui. – Ela se virou lentamente enquanto me encarava curiosa. Passei meus braços ao redor da sua cintura e atrás de sua cabeça.
- O que está fazendo? – Aumentou o seu tom de voz enquanto tentava me afastar.
- Estou aquecendo você.
- Isso só funciona quando um dos corpos tem calor, Tomlinson. – Revirou os olhos.
- É, talvez eu esteja me aproveitando.


Por mais reclamações e moralidades que eu tenha escutado depois da minha afirmação, assim que ela finalmente dormiu, (S-N) correspondeu ao meu abraço e encaixou suas pernas entre as minhas em uma falha tentativa de aquece-las.
Não preguei os olhos desde então, não só por nervosismo de tê-la tão perto depois de tantas brigas mas também porque, mesmo que eu não admitisse jamais, eu estava com medo.
Assim que amanheceu decidi que não dava mais para ficar sem nenhum alimento, e por mais difícil que tenha sido de convencer (S-N) ela acabou aceitando a ideia de entrarmos na mata a procura de qualquer coisa a qual pudéssemos comer.
Andamos por um tempo dentro da mata iluminada por poucos reflexos da luz do sol. A cada cinco minutos (S-N) gritava assim que via um animal rastejante. Achamos uma árvore com uma espécie de fruto já que (S-N) se recusava a comer qualquer tipo de animal. Também colhemos alguns pequenos pedaços de troncos de árvore para que fizéssemos uma fogueira. Não fomos muito à fundo na mata com medo de não saber voltar, então antes de anoitecer estávamos de volta à praia.
(S-N) abriu um dos frutos e o analisou por dentro, era parecido com uma uva e era bem aguada.
- Isso é o suficiente para aguentarmos a sede por mais alguns dias. – Ela disse. – Você acha que é venenoso?
Ela me olhou enquanto eu fazia a fogueira, eu estava com um cogumelo que havia encontrado e tinha a intenção de aquecê-lo com o fogo. (S-N) ao me ver com ele imediatamente arregalou os olhos e correu em minha direção, batendo no meu braço e jogando o cogumelo longe.
- Ficou louco?
- Eu é que pergunto! – Respondi nervoso. – Você acha que estamos nas condições de desperdiçar comida?
- Isso não é comida, idiota. É uma Amanita Muscaria.
- Hein?
- Esse cogumelo é altamente venenoso, provoca alucinações e nos piores do caso ele te leva a morte.
- Como é que você sabe tudo isso?
- Eu gosto de ler revistas científicas. – Ela disse enquanto eu ia até o mar lavar a minha mão. Assim que me virei em sua direção para dizer-lhe algo sobre inutilidade de revistas científicas e para perguntar se a curiosidade do ‘sos’ também havia saído de uma dessas revistas, a vi parada. – É isso!
- O que?
- Estamos na Península, em algum lugar perto de Portugal.
- E como você sabe disso? – Disse sem acreditar na sua afirmação.
- A Amanita muscaria é típica daqui, não é encontrada em quase nenhum outro lugar.
- Uau, e no que isso nos ajuda?
- Não sei, mas pelo menos eu não sou mais a inútil entre nós dois.
- O que? Você está dizendo que o inútil sou eu? Como você iria se virar com o frio sem mim? – Apontei para a fogueira.
Passamos a noite toda discutindo sobre qual dos dois nos salvaria dali até que um silêncio desconfortável se instalou sobre nós com a possibilidade de que simplesmente poderíamos não sair.
(S-N) insinuou que, pelo clima úmido da mata, poderia haver água doce em algum lugar entre ela. Eu ponderei sua ideia de voltar à mata em busca de água, mas percebi que seria quase impossível.
Estávamos há três dias naquele lugar sem nenhum sinal de que alguém estava nos procurando. (S-N) e eu voltamos a mata em busca de água, dessa vez com um tocha de fogo improvisada, que poderia nos salvar de qualquer animal. (S-N) deixou todo o nojo que sentia e terra e animais rastejantes e se ajoelhou entre a terra um tanto quanto molhada. Seus dedos arrancavam pedaços da terra e os esfarelavam. Eu não sabia o que ela estava fazendo, mas se continuássemos naquele ritmo não sairíamos antes do anoitecer nunca.
- Nenhum sinal de água aqui.
- Não vamos encontrar nunca se você continuar nessa velocidade.
- Tomlinson você poderia me respeitar pelo menos quando eu estou fazendo algo por nós.
- Só estou dizendo (S-N), é totalmente inútil ficar aqui nesse seu ritmo, até uma lesma foi mais rápida que você.
Ela se levantou irritada apontando o dedo para mim e gritando qualquer coisa que eu não prestava a mínima atenção porque estava entretido com as suas feições bravas e o seu cabelo bagunçado.
Me aproximei dela a fazendo se distanciar imediatamente. Foi como um flash, (S-N) pisou em um pedaço de terra vulnerável que cedeu e a fez rolar por um barranco. Me desesperei ao não vê-la mais em minha frente e rapidamente eu desci o barrando em busca dela. Meu desespero ficou um pouco maior quando não a encontrei. Chamei por seu nome algumas vezes e ela correspondeu somente na última.
- Droga, eu estou toda machucada. – Ela dizia enquanto eu tentava seguir a sua voz. – Está doendo muito. – Choramingou.
- Ah meu Deus. – eu disse assim que a olhei, mas não era exatamente para ela que eu estava dizendo. Dentre toda aquela mata havia uma grande abertura em que a luz do sol era presente, e um grande cachoeira caia sobre um lago.
Ela se virou com os olhos arregalados e suspirou aliviada. Só então deixei que meus olhos passassem por ela: sua blusa estava rasgada, deixando parte do sutiã à mostra, a saia levantada expondo sua calcinha preta e pequena, e os seus braços e rosto arranhados.
Nos aproximamos da nascente do lado esperando que a água fosse boa o suficiente para saciar a nossa sede, por sorte, era doce. Nos sentamos perto do lago enquanto eu insistia para que (S-N) me deixasse limpar seus arranhões. Com um pedaço da sua blusa eu molhei o tecido na água, passando cuidadosamente por cada corte.
- É mais fácil eu entrar e tomar um banho. – Ela disse fazendo o meu estômago revirar em excitação ao pensa-la tomando um banho.
- Tudo bem, se você prefere.
- Vire o rosto.  – Ela disse e eu revirei os olhos, mas obedeci.
Logo vi suas roupas sendo deixadas ao meu lado, e confesso: a olhei antes que ela estivesse totalmente submersa. Seu corpo, ao que vi, era maravilhoso e fez todos os meus poros se arrepiarem. Eu sabia que ela era bonita, só não sabia o seu grau de beleza.
- Cuidado onde pisa. – Disse alto enquanto ela molhava o cabelo.
- A água é clara, eu posso ver tudo aqui.
- Ah... – murmurei sem jeito.
- Você não vem? – Ela parou de se mover e ficou me olhando. Pensei várias vezes em como dizer ‘eu não quero ter uma ereção na sua frente’.
- A hm, alguém tem que ficar de olho nas nossas roupas.
- E quem as roubaria, Tomlinson?
(S-N) estava com uma sobrancelha arqueada, como se me desafiasse a entrar na água com ela, e eu por um momento ponderei se aquilo significasse alguma coisa. Sorri de lado e prontamente fiquei de pé enquanto tirava minha camisa e (S-N) fingia não estar me olhando.
Entrei na água aos poucos, ouvindo-a rir baixinho e morder o lábio. Nunca havia sentindo vergonha em ficar nu em frente à uma mulher. Mas (S-N) era assim, me fazia sentir coisas que eu mesmo duvidava que era capaz. Ás vezes eu tinha vontade de bater nela, e ao mesmo tempo uma vontade imensa de beijar seu rosto lindo.
Mergulhei até ela, que manteve uma distância de mim.
- Dá pra ver tudo mesmo. – Eu disse com malícia.
- Não me enche, Tomlinson. – Disse rindo.
- Como eu sentia falta dessa sensação.
- Eu também. – Confessou passando água nos cabelos.
- Os cortes estão ardendo?
- Um pouquinho.
- Deixe-me ver. – tomei cuidadosamente seus braços em minhas mãos. Conforme eu o ergui para fora da água, percebi um movimento em seu peito, que também saiu da água por alguns segundos. Respirei fundo tentando manter meu plano de não ter uma ereção ali, mas ela estava tão desinibida ao meu lado. Passei água nos arranhões, deixando-os limpos.
- Está doendo um pouco. – Ela disse.
Olhei-a dentro de seus olhos grandes, agora sem os óculos. Pela primeira vez eu não estava sentindo uma imensa raiva dela. E assim poderia admitir o quão bonita, até sem a maquiagem, ela era. Na verdade, eu gostava bem mais sem a maquiagem.
Olhei para os seus arranhões, levando cada um aos meus lábios. (S-N) estranhou a minha ação, pois sua reação foi puxar o braço, mas eu o mantive ao alcanço dos meus lábios gelados. Beijando cada arranhão que estampava sua pele. Demorei-me mais em seu ombro um pouco mais ferido que o resto, subindo pelo pescoço e sentindo-a suspirar contra o meu rosto. Levei meus lábios para a sua bochecha, tocando com a ponta da minha língua o que a fez segurar em meu ombro.
Por algum motivo eu sabia que ela estava gostando daquilo, e eu também estava começando a me animar. Arrastei meus lábios para o cantinho da sua boca passando minha língua por ali com um pouco mais de força. Os olhos dela estavam fechados, e as mãos firmes em meu pescoço. Levei minhas mãos até a sua cintura, puxando seu corpo com certa brutalidade contra o meu. (S-N) soltou um gemido tão baixo que se eu não estivesse plenamente envolvido no nosso momento jamais teria percebido.
Abri um sorriso pequeno quando aquele som extremamente excitante e confortável entrou pelos meus ouvidos. Senti minha ereção crescendo contra a cintura dela. Continuei meus carinhos por seu rosto até que sentisse a pressão de sua mão na minha nuca, puxando o meu rosto contra ela. Era um pedido mudo para que eu a beijasse. Sem qualquer tipo de resistência eu grudei meus lábios no dela, e a senti suspirar pelo que deveria ser a décima vez em questão de segundos. Suas mãos desceram da minha nuca para o meu ombro, depois para o meu peito, e com as pontas dos dedos, pela minha barriga. A água batendo em nosso corpo deixava tudo mais interessante.
Sua boca contra a minha era extremamente macia, e me deixava pateticamente hipnotizado, me forçando a continuar com aquilo. Sem que eu esperasse a ponta dos seus dedos tocou a minha glande, fazendo com que eu me sobressaltasse e gemesse contra os seus lábios. Os dedos permaneceram ali acariciando com delicadeza a minha glande enquanto tudo o que eu conseguia fazer era beijar ferozmente sua boca, deixando que nossas línguas dançassem, ou no nosso caso, lutassem.
Infelizmente a iminente falta de luz me chamou a atenção para o pôr do sol que ocorreria em breve, e nós deveríamos estar na praia antes dele. Com cuidado retirei a mão de (S-N) do meu membro, por mais difícil que tenha sido, e ao abrir os olhos e sair do seu estado envolvente ela percebeu que deveríamos ir.
Colocamos nossas roupas e voltamos, com dificuldade para onde chegamos. Ao chegarmos eu repassei em minha mente o discurso que havia criado durante a nossa volta, para explica-la que o que aconteceu no lago não era nada demais, e não havia motivos pra achar que, por causa daquilo, nós nos odiávamos menos. O problema era que assim que refizemos nossa fogueira (S-N) estava carinhosa comigo, mesmo que tentasse disfarçar, e isso era algo assustador para mim.
Ela estava um tanto envergonhada, e sempre me olhava a espera de que eu dissesse algo, ou me aproximasse novamente. Mas, contra todos os meus instintos, eu não o fiz.
Naquela noite, pela primeira vez desde os nossos dias perdidos, ela dormiu longe. E eu? Bem, eu não dormi.
No dia seguinte, ela estava afastada. Não falou comigo ou se aproximou durante todo o dia. Eu também não a procurei, mesmo sabendo que era isso o que ela queria.
Fui até a mata buscar mais frutos para nós e quando voltei ela estava andando nervosamente pela maré, resmungando e xingando até a minha quarta geração. Sobre o quão idiota eu era, e ela deveria saber que não vale a pena sequer ficar próxima à mim.
Limpei minha garganta a fim de mostrar que eu ainda estava ali e quando me viu, (S-N) simplesmente me deu às costas indo na direção contrária.
- Ei, espera ai. – Me aproximei, deixando as frutas onde geralmente dormíamos. – Que droga foi essa? O que eu fiz agora?
- Você é ridículo, Tomlinson. Não vale a pena trocar uma palavra com você. Eu estou com nojo e quero que se mantenha afastado.
- E por que você acha que eu iria querer me aproximar de uma pessoa como você? – Suspirei irritado, passando a mão no meu cabelo. – Não é à toa que o Ethan tenha deixado você.
Ela abriu a boca em surpresa e eu imediatamente soube que tinha falado mais que deveria. Repentinamente seus olhos se encheram de lágrimas e ela simplesmente me deu as costas indo para longe.
Era uma história antiga, mas que eu havia acompanhado de perto. Ethan e (S-N) estavam noivos, mas a relação foi interrompida assim que ela perdeu o bebê que esperava dele. Ela não havia superado ainda por isso eu soube que peguei pesado. Chamei-a algumas vezes, mas ela me ignorou.
O vento da quinta noite estava apagando o “sos” que havíamos feito na areia e eu confesso que o meu feixe de esperança estava começando a se desfazer.
(S-N) sumiu durante todo o dia, reaparecendo a noite, montando sua própria fogueira à alguns metros de mim. Eu queria pedir desculpas e dizer à ela que não era necessário fazer aquilo mas sabia que ela não me daria ouvidos.
Voltei a observar a estrelas, que era o meu passatempo favorito desde que havíamos nos metido naquela situação. Mas, por minutos, me pegava observando outra estrela. Um pouco diferente, mas tão brilhante quando as outras. Ela parecia tão perto e tão distante, mesmo que eu soubesse que estivesse apenas a alguns metros de mim. A estrela mais teimosa e irritante que eu conheci em toda a minha vida.

Acordei sobressaltado com uma gritaria e vi (S-N) pulando e acenando para algo além do mar. Só então percebi um navio ao longe. Ele estava parado, talvez tivesse visto a gritaria que ela fazia. Com ele estava um avião pequeno, que sobrevoava a área em que o nosso jato se despedaçou. Imediatamente parei ao seu lado, começando a gritar também.
Uma euforia imensa tomou conta de mim quando vi que do Navio saia um bote que navegava em nossa direção. (S-N) estava com os olhos cheios de lágrimas.

Assim que chegamos ao navio vimos toda a equipe e a banda lá, nos deram toalhas e cobertores e nós contamos como foi. Liam me contou como descobriram que nosso avião havia caído, e como houve uma corrente mundial de orações por nós.
A viagem de navio foi um tanto quanto longa, até que ancorássemos em Portugal e pegássemos um voo para Londres de lá. (S-N) estava meio relutante em ir de avião mas Niall a convenceu.

Há três dias nós finalmente estávamos em casa respirando aliviados. Tivemos que passar por uma bateria de exames para confirmar que tudo estava bem, fiz uma coletiva de imprensa contando os detalhes sobre o que havia acontecido. Fizemos vídeos e mais vídeos agradecendo às fãs pelas orações.
Durante esse tempo eu não havia trocado uma palavra com (S-N) mesmo sabendo que havia muito a ser dito, pelo menos da minha parte. Por isso fui até o seu escritório no prédio da Modest.
Ela me recebeu depois de muita relutância, e parado em frente à ela eu quase podia me lembrar das boas horas que passamos isolados de tudo e todos. Podia também ver uma grande mágoa.
- Eu só queria dizer que o que eu disse na Ilha... Bem eu não acho que você seja ruim. – Cocei meus cabelos da nuca. – Eu até estou lendo revistas científicas agora. – Sorri. – E eu também acho que o Ethan foi um grande idiota por deixar uma mulher maravilhosa como você.
Ela suspirou sem saber muito bem o que dizer. Olhou para os lados com o lábio inferior preso ao seu dente e disse:
- Eu não te acho nojento. Só um pouquinho. Principalmente quando faz coisas que não são boas. Mas eu tenho que agradecer por ter estado comigo.
- Que bom saber que eu sou uma pessoa só um pouquinho nojenta pra você. – Respondi com a voz carregada de ironia.
- Bem, você parece já ter acabado. Se me der licença eu preciso trabalhar. – Levantou-se da cadeira de couro e foi até a porta, abrindo-a para mim. Repeti seu movimento porém fechei a porta, o que deixou claramente confusa.
- Eu não acabei.
Puxei-a para um beijo mesmo sabendo que talvez ela resistisse e quisesse me matar. E foi exatamente o que ela fez no começo, até que a minha língua tocasse suavemente a sua e ela resistisse. Suas mãos foram para a minha nuca, puxando meus cabelos. Nos separamos assim que o ar faltou, ela estava estranhamente adorável com os lábios e nariz vermelhos, e uma expressão totalmente confusa e deliciada. Ouvimos um pigarreio ao lado da porta e Simon bateu no vidro da janela chamando a minha atenção. Eu ri sabendo que ele me daria a maior bronca por estar ficando com uma funcionária no horário de trabalho. Olhei novamente para ela e disse:
- Eu ainda não acabei.


 N/A: Não tem continuação, o final é por sua conta. Espero que gostem. xX





10 comentários

  1. Maravilhosamente (essa palavra existe?) maravilhoso. Você é uma das unicas que salvam os imagines do fandom. Realmente eu me emocionei muito com essa "historia". Muito obrigada por isso.
    /Raquel

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  2. Oie, aqui é Geisiele do Tumblr chermylittlebrat, eu não tenho nenhuma dessas contas que pedem, por isso vou postar como anonimo kkkk
    Adoreeeeeeeeeeeeei esse imagine, esta muito legal, queria eu ficar presa numa ilha com o Louis kkkk

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  3. OMG!!!
    Que imagine perfeito cara!Tipo, nunca tinha lido um imagine parecido, e escrever algo assim não é muito facil, e vc conseguiu escrever perfeitamente!
    A historia ficou muito boa, o jeito que vc escreveu ficou muito bom, e eu simplesmente amei!
    Best Imagine Ever! kkkkkk

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  4. Eu gosto de one shots até prefiro! Não me leve a mal eu amo o seu talento mas esperar por um capítulo de um imagine me deixa chateada.. but anyway eu amei! Não teve hot mas tbm nem precisou disso pra me fazer suspirar aqui hahah espero que vc poste mais one shots bjss
    Isa xx

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  5. Lindo, perfeito, maravilhoso e o melhor imagine do Louis.
    Parabéns VC é perfeita.
    De: Gisele M.

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  6. Louis seu lindo!!!!!
    Perfeito

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  7. Nossa *o* eu amei esse imagine, queria que tivesse continuação, mas fazer o que né. Ta muito perfeito!!!!!!!

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  8. Oi tudo bem? Vc poderia continuar o imagine do harry especial que ela é cantora, nunca foi continuado, ah , e outra coisa. Vc tem tumblr. ?

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